Sábado, 2 de setembro de 2023 - 08h35
Setembro é lindo. Setembro é quente. Florido e
colorido, que lá vem a primavera. E previsível por aqui, como há muito andam as
coisas, sem sossego, para o país sempre obrigado a perder tempo. Bem, sempre
tem espaço para alguma novidade que o Brasil não é mesmo para principiantes
Já devo ter contado que durante um tempo – e há décadas –
fui também Yazodarah, um dos pseudônimos que mais gostei entre tantos outros que
utilizei para escrever em uma publicação que, digamos, não tinha muitos
colaboradores, embora parecesse, tantas eram as páginas, os assuntos cobertos.
Não recordo exatamente como cheguei nesse nome, mas certamente o foi com a
colaboração e aprovação do genial Antonio Bivar, com quem dividia à época o
trabalho de edição.
Você deve saber que pseudônimo é um nome inventado, atrás
do qual a gente “se esconde” ou quando não podemos ou quando não queremos
assinar com o verdadeiro o que escrevemos; ou mesmo para, como no caso, dar
asas à imaginação em outros temas, assumindo como que uma personalidade
inteiramente diferente. Yazodarah era mesmo quase um heterônimo, como os tantos
consagrados por Fernando Pessoa. A diferença entre pseudônimo e heterônimo é
relativamente simples: quando o assumimos, formamos toda uma outra
personalidade. Yazodarah, na minha criação, buscava e detinha conhecimentos
esotéricos, astrológicos e de previsões. Me sentia com um turbante na cabeça,
visão aguçada e preparada que podia até ler uma bola de cristal ou as cartas de
um tarot.
Nyoka, Princesinha da Selva, que hoje uso para o nome de
minha gata, era uma personagem punk mal humorada, crítica, pegava pesado,
aparecia quando falávamos mal de algo que não gostávamos, mas não podíamos perder
os anúncios, nem a amizade dos alvos retratados. Melissa Manchester era uma
boazinha, que via tudo cor de rosa, e que aparecia especialmente quando era
praticamente obrigada – sim, acontece - a falar muito bem de algo. Tinha
outras. Quando sentávamos para escrever com estes nomes éramos mesmo outras
pessoas. O gênero não fazia diferença, como transformistas. Podíamos
praticamente nos ver diferentes nos espelhos, como atores e atrizes, creio,
fazem em seus espetáculos teatrais, área na qual Bivar, inesquecível como
Aurore Jordan, mais um ser maravilhoso entre os que perdemos na maldita
pandemia, se consagrou, premiado. Um marco em minha vida esse conhecimento
usado muitas vezes nem só para escrever, mas para lidar melhor diante de
algumas situações.
Mas falávamos de setembro. Chegou, e a gente já sabe – não
precisa nem ter desenvolvido qualquer tipo de mediunidade - que vamos
diariamente ver cintilar o desenrolar do caso das joias com seus diamantes,
rubis e muitas outras histórias mal contadas que poderão, enfim, com mais essa,
e como se precisasse, provar o quanto passamos por poucas e boas com o ex-grupo
do poder, que tanto pensou em nele se perpetuar até pela força com a qual se
entranhou na população, encharcada em negacionismos, patriotismos e outros
ismos.
Aliás, não vai ser pouca coisa também o que deve chegar
vindo do atual grupo que voltou lá do início do século, mas não atualizou o
modelo; só trocou um farol aqui, outro ali. Com comunicação impressionantemente
problemática, ouviremos mais falas descontroladas, explicações absurdas,
negociações esquisitas como moedas. Da área da Suprema Corte que hoje decide,
impõe, restringe ou assegura mínimos detalhes ficaremos pasmos com os votos
monocráticos. E com as opiniões do pálido, o mais novo e conservador agora
ministro, agraciado com questionáveis louvores pelo grupo do presidente. O que
não dá para entender é porque é que agora eles estão tão surpresos e indignados
com os votos onde já se mostra. Exatamente o que era, sempre foi e será.
Aqui em São Paulo, o governador “Penélope” continuará a
fazer de dia e desfazer à noite, ou vice-versa, anúncios, promessas, planos e
garantias, tentando lidar com a corda bamba de ser ou não ser ligado que já foi
a tudo quanto é lado. Seus secretários também marcam pontos de ruindade,
prontos a ir para a prancha da demissão, vide o tal da Educação que já está na
hora extra, socorro!
Ainda bem que esse mês tem também celebração da
Independência, Dia do Irmão, Dia do Sexo, do Frevo, do Cerrado, tantos outros.
E de Cosme e Damião quando todos podemos virar crianças e recordar a época que
nos lixávamos para o que o futuro traria.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n