Segunda-feira, 17 de outubro de 2016 - 05h12
Deve ser legal lá. Onde a alma manda, e os atos são voláteis. No infinito de sua extensão, por terra, água, nuvem, ar, todos os estados físicos, todas as formas. Como nos sonhos, talvez; e até nos pesadelos, porque se acreditou que eu falava de algo celeste, ao som das harpas, lembre-se de não esquecê-los, porque costumam se misturar com os seus atabaques.
Se pode haver algo mais fascinante no desenvolvimento digital certamente será a capacidade de criar realidades surreais. Surrealidades, mas só se as aceitamos como sonhos, além do que se possa ver ou sentir racionalmente – se desistirmos de entender e querer explicar tudo. Chatice humana.
André Breton, em seu Manifesto Surrealista de 1924, nos descortina o que ainda tantos anos depois buscamos ter ao menos uma leve compreensão: “O homem põe e dispõe. Depende dele só pertencer-se por inteiro, isto é, manter em estado anárquico o bando cada vez mais medonho de seus desejos. A poesia ensina-lhe isso. Traz nela a perfeita compensação das misérias que padecemos”. Manter em estado anárquico o bando cada vez mais medonho de seus desejos. Frise-se: a poesia ensina isso.
Pois não é? Bob Dylan reconhecido com o Nobel de Literatura deu o que falar, mas é preciso ir mais fundo para entender a revolução dessa decisão premiando a poesia, e, mais: a poesia aliada à música. E um pouco também homenagem à interpretação de seu criador, quem as junta, que a propósito a mim parece estar sempre mal humorado.
Poesia, poucas palavras.
Faz parte desse mundo real cada vez mais rápido e resumido aonde chegou a hora de ser mesmo verdade o dia precisar de mais de 24 horas, alguém tem de ver isso aí, devolver a que tiram nesse horário de verão, e ainda acrescentar algumas. Sei lá: aí o mês também poderia ser maior e nos dar a possibilidade de honrá-lo – contas malditas. Os anos também seriam reduzidos e, Yuppi! – todo mundo seria mais jovem e se veria com mais tempo e disposição para enfrentar suas surrealidades.
Teve poesia essa semana. E teve um alerta que passou meio batido em meio aos imbróglios nacionais e internacionais: Stephen Hawking, o gênio da astrofísica, disse que a humanidade deveria direcionar mais seu foco para a possibilidade de contatos com civilizações extraterrestres, além de começar a desenvolver sistemas de defesa para a Terra e seus habitantes antes de pensar em responder se eles mandarem tipo alguma carta. Se ocorrer este contato, ele comparou, poderia ser “similar ao encontro de Colombo com os índios das Américas”. E, claro, nós, os terráqueos, seríamos os índios, com tanga e tudo.
Temos ficado sabendo de coisas tão surreais acontecendo nos últimos tempos que começa a ficar fascinante pensar nesse mundo louco, invisível, do desconhecido, do inconsciente, dos sonhos. Procurar nele o conforto para saltarmos como leões algumas decisões bizarras dos homens.
Depois, é claro, de contarmos os carneirinhos que as apoiam.
Marli Gonçalves, jornalista – Sonhos e pesadelos que não consegue anotar quando acorda. Mas fica uma leve sensação do que significam.
Terra Brasil, 2016
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