Sexta-feira, 27 de agosto de 2021 - 19h27
Tá frio; tá quente. Quando a gente acha que a coisa está indo, ela está
é voltando, e em cima da gente. Até o tempo está igual: você não sabe mais nem
se está quente ou frio. Se põe ou se tira. Não é brincadeira, não.
Confesso: todo dia ao acordar, assim que dá, que lavo a cara, abro os
olhos, me entendo no mundo, aciono o celular para verificar se algo mudou.
Virou mania. Se o cara caiu. Se já foi interditado ou preso. Se avançamos, e se
a situação – essa situação geral que vivemos, e digo geral, porque geral é
mesmo, uma vez que, sinceramente, nada está bom, correto, nos trilhos – teve
uma conclusão. Tenho bom humor, porque senão a decepção paralisaria. O que
acontece todos os dias é que surgem mais pontos, mais fatos, e a confusão geral
continua essa loucura, que eu até diria: está coletiva.
Porque só pode ser uma loucura coletiva, altamente transmissível. Aqui,
pelo presidente que não governa, mas não para de demonstrar seu total
despreparo para o cargo, que deixa o país como uma nau sem rumo. Ele governa de
um barquinho, onde faz subir para acompanhá-lo o que de pior há em nossa praia,
e que não cansa de chamar para o naufrágio que avistamos no horizonte.
Loucura no mundo, para uma geopolítica desconcertante, principalmente
depois da pandemia ter bagunçado mais ainda o coreto. A impressão é de que,
neste retorno, os países mais fortes sairão pisando a cabeça dos mais fracos,
galgando uma montanha de corpos. Nada tem sintonia. Primeiro fazem; depois vão
ver no que deu, lamentam, dão entrevistas e soltam farpas uns contra os outros.
Estamos todos com os olhos vendados e apalpando a História. Está quente?
Logo o balde de água fria faz com que comecemos tudo de novo, e esse tudo de
novo que digo nos leva ao século passado, com suas guerras (frias e quentes,
aliás), religiões mortais, ideologias sanguinárias, padrão “já vimos esses
filmes”.
Nem sei mais se as crianças ainda brincam disso, ou do que é que elas
brincam quando não estão – até sem ter ainda noção – sendo vítimas das
atrocidades e desse desenrolar do futuro que encontrarão.
Muitos artigos têm sido escritos dando conta que o presidente Bolsonaro
não está (embora nunca tenha sido muito) normal das ideias. Cada vez que ele
abre a boca, e o faz todos os dias, emite claros sinais disso. Cercou-se ainda
de pessoas que pegaram a mesma tendência e que surgem dos gabinetes e dos
ralos. Todos, que a gente nem sabe bem quem são – impossível listá-los de
cabeça. O da Economia, o serzinho Paulo Guedes; o da Educação que você deve
ouvido por aí; o cordato da Saúde, enfim, até os militares que abaixam a cabeça
e batem continência para todos dançarem diante das graves e visíveis ameaças à
estabilidade. A qualquer estabilidade. Inclusive a nossa, emocional.
As notícias são claras, cada vez mais mostram os fatos no momento exato
que acontecem, com imagens e sons estridentes. E se repetem, como se não
tivessem tempo nem de respirar. Ainda aparecem os querem brigar com elas, não
acreditando, negando, seguindo líderes corruptos, que mancham os caminhos por
onde passam.
Nós estamos confusos, sem conseguir achar a luz. Está frio. Está quente?
O “agora, vai” fica pelo caminho. Continuamos agindo como os robôs que
diariamente são ativados na vida digital, como se tudo isso fosse normal. Não
é.
Minha proposta é que troquemos essa “brincadeira”. Lembram daquela –
cor, flor, fruta – que alguém ficava lá pensando na letra até que falássemos
STOP?
STOP!
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do
Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para
homens também, pela Editora Contexto. Nas livrarias e online, pela Editora e
pela Amazon.
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n