Quinta-feira, 20 de outubro de 2016 - 17h34
Montezuma Cruz (*)
Em 1978, o saudoso comerciante amazonense Carlos Alberto dos Santos Melhoral convidou-me para participar do Encontro Anual da Federação Espírita Umbandista de Rondônia, numa chácara na saída para Candeias do Jamari.
Fui, fotografei e tenho lembrança da maneira alegre e cativante das pessoas dessa crença que expressa em sua ideologia o nacionalismo e o mito das três matrizes culturais formadoras da identidade cultural brasileira.
A umbanda resulta da reelaboração de elementos simbólicos de várias religiões que em determinada conjuntura histórica adquirem novos significados – explica a professora do Departamento de História da Universidade Federal de Rondônia, Marta Valéria de Lima, que também é doutora pela Universidad Pablo de Olavide (Sevilla-Espanha).
“Assim, dos candomblés e dos cultos bantos reorganiza-se o culto aos orixás; das religiões indígenas são incorporados os elementos de sua religiosidade e constrói-se uma imagem do índio expressa pela entidade do caboclo; do catolicismo popular, o ritmo dos cânticos, as rezas, a veneração aos santos católicos; do kardecismo, o discurso científico, a crença na reencarnação e a evolução espiritual”, ela assinala.
Durante a década de 1970, eventos semelhantes denominados Encontros dos Orixás e Festa dos Orixás possibilitaram ao povo daquele terreiro o ensaio geral dos cantos entoados em celebrações.
Além de Carlos Melhoral, 40 anos atrás, quando aqui cheguei conheci outro amazonense, Enjolras de Araújo Veloso, também frequentador da Umbanda. Ele era dirigente do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), andava de bicicleta e trabalhava na Câmara Municipal.
Enjolras e outros líderes religiosos e sociais daquele período criaram o Terreiro de São Sebastião, base da Federação.
(*) Chegou a Rondônia em 1976. Repórter na Secom-RO. Trabalhou para os extintos A Tribuna e O Guaporé e na sucursal da EBN em Porto Velho. Foi correspondentes do Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e O Globo.
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