Terça-feira, 6 de fevereiro de 2018 - 18h01
Dolichothele camargorum macho – Foto Rogério Bertani via Tarantupedia
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
Ainda não repercutiu no mundo a descoberta da Dolichothele camargorum, nova espécie de aranha caranguejeira pesquisada em Rondônia, mas ela já consagrou cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB5) da Universidade de São Paulo (USP) em Monte Negro, a 220 quilômetros de Porto Velho. Para o professor doutor e pesquisador Luís Marcelo Aranha Camargo, nem essa nem outro artrópode qualquer “interessam muito às revistas ou pesquisadores internacionais, nem aos nacionais; não da ibope”.
Marcelo Aranha, coordenador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP em Monte Negro /Foto Jornal da USP |
O ICB5 é um posto permanente de ensino, pesquisa e extensão que a USP mantêm no município de Monte Negro. Luís Camargo mora lá desde 1997.
A nova aranha homenageia os professores Erney Felício Plessmann de Camargo e Luís Marcelo, e foi descoberta pelos pesquisadores Rogério Bertani e Pedro Ismael da Silva Júnior, do Instituto Butantan [centro de pesquisa biológica, em São Paulo], e Irene Soliz Revollo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Segundo noticia o Jornal da USP, os cientistas também descobriram outra espécie, a Dolichothele mottai, que presta homenagem ao pesquisador Paulo César Motta, da Universidade de Brasília (UnB). O artigo Two new Dolichothele Mello-Leitão, 1923 species from Brazil and Bolivia (Araneae, Theraphosidae) descreve as espécies e foi publicado na revista científica ZooKeys em dezembro do ano passado.
Rogério Bertani em trabalho de Campo – Candeias do Jamari, Rondônia, 2008 /Foto Jornal da USS |
Depois de revisar suas pesquisas, Camargo e seu colega cientista Erney Felício Plessmann de Camargo se sentem “consolados” por essa oferta à ciência e também pelo incentivo recebido de outros cientistas do Instituto Butantan.
Em entrevista do Jornal da USP, Bertani explicou que a Dolichothele é também chamada de tarântula. “Trabalhos anteriores indicavam que havia uma única espécie distribuída por toda a área de cerrado desde o Distrito Federal (DF) em direção ao oeste do Brasil e Bolívia”.
No mais recente trabalho de revisão, concluiu-se que essa única espécie na verdade são três. “Descrevemos uma nova espécie no Distrito Federal e no Estado de Goiás que homenageia o professor Paulo Motta, da UnB. A segunda espécie descrita em Rondônia homenageia os professores Erney de Camargo e Luís Marcelo”, conta o pesquisador.
Quando diretor do Instituto Butantan, Erney organizou um curso de pós-graduação no ICB5, da qual participou, junto com o coautor do trabalho, o pesquisador Pedro Ismael da Silva Júnior, ministrando aulas sobre aracnídeos de interesse médico, o professor Bertani conheceu o professor Luís Marcelo e, após esse contato, decidiu trabalhar na região.
“Generosidade”
Ao Jornal da USP, o professor Luís Marcelo Camargo, disse que a homenagem é uma grande honra que demostra a generosidade dos pesquisadores. “Foi meu melhor presente de Natal. “Finalmente representa o reconhecimento, por um renomado grupo de pesquisadores, do modesto trabalho que realizamos neste sertão amazônico”, relata o professor.
Desde 1997 Luís Camargo mora em Monte Negro, onde coordena o ICB5.
“Este achado também reforça a importância do ICB e da USP manterem um Núcleo de Apoio à Pesquisa na Amazônia”, destaca o docente, em uma referência a um dos NAPs da USP. Segundo o professor, o apoio logístico dos pesquisadores, como alojamento, transporte e uso de laboratórios, foi feito via ICB5, em uma cooperação entre o Instituto Butantan e a USP.
Pedro Ismael, em trabalho de campo em Rondônia [coleta de aranhas e escorpiões] em 2007 – Jornal da USP
Barbeiros e carrapatos
O professor recorda que anteriormente já havia sido feita outra homenagem ao ICB5 quando um novo barbeiro descrito na Amazônia foi denominado de Rhodnius montenegrensis por colegas da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).
“Muitas vezes nosso trabalho é depreciado, pois é um trabalho simples, porém, gera muita informação e novas perguntas. Estamos desbravando parte da Amazônia. Nos últimos quatro ano, em conjunto com pesquisadores de outras instituições, descrevemos três novas espécies de carrapatos, dois flebotomíneos novos [mosquitos transmissores da leishmaniose tegumentar] e um barbeiro novo [transmissor da doença de Chagas]. Tudo está por fazer. Por aqui há pouco dinheiro e não há experiência em pesquisa.”
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