Ruínas de pedras em Abunã até hoje estão indecifradas. Mas não há como ignorá-las. Pesquisadores defendem preservação das áreas com esses fenômenos em Rondônia e no Acre.
PORTO VELHO – Para o Instituto do Patrimônio Histórico Brasileiro (Iphan) seriam apenas escombros de uma construção colonial as ruínas de pedra empilhada situadas a 35 quilômetros da vila de Abunã, próxima à Bolívia. Conhecidas por Serra Murada (ou Serra da Muralha), elas estão 140 metros acima do nível do mar, notou a equipe Zigurats Brasil durante a segunda expedição para a região em 2005. Seriam mais vestígios da civilização Inca em outro trecho da Amazônia Ocidental Brasileira.
Abunã fica a 250 quilômetros de Porto Velho, no “retão” para Rio Branco (AC) e na faixa de fronteira com a Bolívia. A murada situa-se a quatro quilômetros do curso médio do Igarapé Simãozinho, em terras do antigo Seringal Vista Alegre. “Como ignorar uma serra diferente das outras, um afloramento rochoso com 230 m de altura, encimada por um platô e contornada por um muro de 300 m de perímetro e um metro de altura?” – questionou ele na época.
Seis anos antes, o funcionário público aposentado Marcos Borges Tinoco já havia percorrido a área, alertado por histórias da ocorrência de ouro, contadas por garimpeiros. Não havia. Mas os 28 dias de permanência na região lhe causaram a forte impressão de que Abunã abriga um grande sítio arqueológico.
Em cima desta elevação a Equipe Zigurats Brasil Segunda Expedição pôde finalmente, ver a muralha que a 140 metros acima do nível do mar, está edificada com lajotas circulares em uma aérea de 11,3 mil metros quadrados, localizada na região onde já existiu uma avançada civilização pré-colombiana ou mesmo pré-diluviana. Inscrições rupestres
A equipe Zigurats não viajou para a região com os olhos fixos na murada de pedra que já era conhecida por moradores antigos, entre os quais, seringueiros e indígenas Kaxarari. Seus integrantes queriam, sim, localizar a Caverna dos Toths, conforme descreve o site Pegasus Portal, que relata as experiências do grupo do Projeto Portal desde 2004.
Sem transporte apropriado para chegar ao local previsto, os participantes da expedição ficaram em Abunã. E nas incursões pela floresta da região localizaram pinturas rupestres, com símbolos ainda não conhecidos dos estudiosos da arqueologia mundial e que, segundo os estudos do grupo, provavelmente são encontrados apenas nesses sítios arqueológicos da selva amazônica.
Incerteza geral
Não se trata de ceticismo, mas geólogos do Departamento Nacional da Produção Mineral também contemplam com a mesma curiosidade de moradores da região e de pesquisadores a existência de muros de pedra no Abunã. Aos arqueólogos cabe a indagação: os muros provariam a conquista de Paucarmayo? As terras do Acre e Rondônia fariam parte do Antisuyu, a Terra do Leste do grande Império Inca também conhecido como Tawantisuyu?
São poucas as fontes históricas para se concluir com certeza a respeito da presença dos Incas também na Amazônia Brasileira. No Brasil, as respostas para essas questões poderiam ser buscadas por meio de pesquisas interdisciplinares envolvendo arqueólogos, geógrafos, historiadores e outros especialistas no tema. Seriam esses muros evidências de fortalezas Incas?
Teorias que comentam a origem de geoglifos e pedreiras em território brasileiro são analisadas há pelo menos dez anos por arqueólogos e estudiosos do Iphan e também do Instituto Smithsonian e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Uma arqueologia nascente
Segundo uma dessas teorias, as ruínas de pedras seriam um posto avançado do Império Inca, por causa da sua vista privilegiada e estratégica dos rios da região: Mamoré, Madeira e Abunã. Há seis anos o paleontólogo Alceu Ranzi, professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), reconheceu a importância dessas ruínas, mas apontou entraves técnicos e burocráticos para estudá-las. Ranzi vem estudando há uma década os geoglifos encontrados no Acre.
Com ele concorda a arqueóloga Denise Schaan, para quem, a arqueologia amazônica está sendo reescrita. Lembrando que data de 1970 a instalação de um programa nacional de identificação de sítios arqueológicos, graças a um convênio entre a Smithsonian Institution, de Washington (EUA) e o CNPq, ela comenta: “Esse programa teve também sua vertente amazônica e foi responsável pela identificação de milhares de sítios arqueológicos no País todo, impulsionando de maneira decisiva a nascente arqueologia brasileira”.
“Em linhas gerais, esse modelo preconizava que o ambiente natural impunha limites ao desenvolvimento cultural. Com relação à Amazônia, o modelo dizia que aqui não poder-se-iam desenvolver sociedades complexas, como as que os espanhóis encontraram no Caribe (os “cacicados”) ou nos Andes (o estado expansionista Inca)”, ela registrou em setembro de 2006. É preciso preservar Na prática arqueológica, ela apontou, esse modelo teórico trouxe problemas quando os pesquisadores se deparavam com indícios de sociedades mais populosas ou mais desenvolvidas socioculturalmente do que as chamadas “tribos da floresta tropical”. Então, começaram a esconder os indícios de complexidade ou mascará-los. “Essa prática está fartamente documentada em vários artigos e livros que saíram a partir dos anos 1990 (ver, por exemplo, “Os Índios antes do Brasil”, de Carlos Fausto). Isso explica o porquê de os geoglifos não terem sido divulgados ou sua importância ter sido minimizada. Também explica o porquê de nunca termos ouvido falar na Serra da Muralha (Rondônia) ou em outros tantos sítios arqueológicos amazônicos que contrariavam o modelo padrão. Como a Smithsonian pagava a pesquisa, essa tinha de ser feita de acordo com suas expectativas e não gerar controvérsias ou críticas”.
Por temerem a destruição, Alceu Ranzi e Denise Schann defendem a preservação dos geoglifos e outros achados amazônicos. De acordo com a arqueóloga, geralmente os proprietários rurais não se preocupam em fazer o levantamento arqueológico. “Os órgãos públicos não pedem e eles trabalham com a lógica do lucro. Está no papel dele”, ela comenta.
Para Denise, são os órgãos que trabalham com o licenciamento que devem exigir isso. “Se eles trabalharem dentro das normas, podem utilizar essas estruturas inclusive como atração turística”, propõe. Ranzi sugeriu aos donos de uma destilaria de álcool no município de Capixaba (próximo à BR-364) que colocassem na propaganda da empresa que são uma empresa responsável, porque tem preocupação com a natureza. “Se fizerem isso, será algo positivo para eles, para qualquer empresa. Vamos poder dizer: nós temos responsabilidade com o patrimônio nacional; onde tem geoglifo a gente não planta cana-de-açúcar, não passa o trator”, disse. “Um dos maiores sítios
arqueológicos do mundo”
PORTO VELHO – A primeira expedição do Projeto Portal à região foi feita entre março e abril de 2004. Objetivo: desenvolver novos conceitos sobre a origem do homem, mostrando que a pré-história brasileira antecedeu às antigas civilizações do Egito e da China.
A equipe da Zigurats Brasil acredita que as inscrições encontradas pertencem ao período pré-colombiano e foram deixadas por civilizações muito avançadas, na forma de mensagens bastante inteligentes. Algumas dessas inscrições, entre outras, são do alfabeto dos extraterrestres conhecido em toda a galáxia, simbolizando a divindade e outras estão relacionadas às entradas intra-terrenas e à reprodução humana.
Documento do grupo divulgado na internet comenta: “As mensagens dessas inscrições são tão avançadas, que não poderiam ter originado dos povos que já habitaram aquela região que atualmente constitui parte do Estado de Rondônia e que poderá transformar em um dos maiores e mais importantes sítios arqueológicos do mundo”.
A segunda expedição do Projeto Portal, iniciada em março de 2004, saiu de Campo Grande (MS), percorreu mais de três mil quilômetros, passando por várias cidades, entre as quais, Presidente Médici, cuja zona rural é riquíssima em inscrições rupestres. A jornada terminou em abril no município de Ji-Paraná. Com ela colaborou o 1º Pelotão de Fuzileiros de Selva da 17ª Brigada de Infantaria de Selva (sediada em Porto Velho), jurisdicionada ao Comando Militar da Amazônia. (M.C.) Uma expedição de três mil quilômetros
PORTO VELHO – Do monitoramento da floresta participaram integrantes da expedição e também, das prefeituras de Alvorada do Oeste, Costa Marques, Presidente Médici, Pimenta Bueno, e da Secretaria estadual de Meio Ambiente. A exemplo dos sitiantes que vêm colaborando com o pesquisador Joaquim Cunha, de Rolim de Moura, pessoas simples desses municípios receberam carinhosamente a equipe e a ela relataram histórias e fatos vividos por elas e por seus ancestrais. Deram, enfim, pistas seguras para as próximas pesquisas.
A segunda expedição, em 2005, viajou até a fronteira com a Bolívia. Entre outros problemas, seus integrantes tiveram que parar em Cuiabá (MT) para trocar o pára-brisa do ônibus. Dois dias depois de pernoitar em Ji-Paraná, a equipe seguiu para Porto Velho, já com a conclusão de parte dos estudos. Segundo o relatório, grandes pedras na beira de rios foram provavelmente deixadas por indígenas, após nelas atritarem as suas ferramentas.
A equipe observou marcas feitas em forma de cortes perfeitos e dispostos de maneiras diferentes, um ao lado do outro. Analisaram ainda no interior de Rondônia algumas machadinhas feitas de pedras, muito comuns ali. Nada levaram dos artefatos encontrados. Apenas filmaram o material para comprovação física, preservando-os onde estão. Pesquisadores alcançam
Cachuela Esperanza, na Bolívia PORTO VELHO – A oito quilômetros de Abunã, próximo à divisa com o Acre funciona, há décadas, a balsa do rio Madeira. A equipe hospedou-se num pequeno hotel e dali partiu para a principal excursão. Já no dia seguinte, enquanto a maior parte dos membros da expedição se preparava para adentrar à floresta, dois de seus participantes foram de barco pelo Rio Madeira a um local relativamente perto dali de acesso perigoso, conhecido por Cachoeira dos 3S. Foi nesse local que constataram algumas inscrições/marcas talhadas de maneira precisa em algumas pedras ao longo do Rio Madeira. Eles ficaram na dúvida se teriam sido feitas por lemurianos (Homo atlanticus da subespécie ingens ou lemuriana, que foram maiores, mais robustos e tiveram poderes paranormais), ou mesmo, por extraterrestres.
Em pequenos barcos, depois de uma semana na região, a equipe seguiu pelo leito do Rio Madeira em busca da serra. Dos militares da equipe, um era especialista em primeiros socorros e outro em sobrevivência na selva. Percorreram um trecho da floresta, pararam e acamparam ao lado de um igarapé. Abriram uma clareira e armaram barracas e redes em volta de uma fogueira. Ali alimentaram, descansaram para programar as próximas ações.
No dia seguinte, parte da equipe permaneceu no acampamento e outra, com cerca de 20 pessoas, prosseguiu por uma trilha até a muralha. Ao todo, dois dias de selva. Dois militares do Exército se desligaram do grupo e voltaram a Porto Velho. Depois de conhecê-la, a equipe viajou para Guajará-Mirim e atravessou o rio Mamoré, rumo a Guayaramerín (Beni, Bolívia).
Ali se encontrou semelhantes desafios: o território boliviano é muito pouco explorado em pesquisas arqueológicas por falta de recursos financeiros. Em resumo, uma situação idêntica à brasileira. “Muitos segredos ainda estão para serem descobertos e retirados de suas densas florestas e de seu solo”, consta no relatório da Zigurats Brasil.
A Marinha Boliviana cedeu um ônibus para levar os pesquisadores até Cachuela Esperanzaa, que no século passado fora um próspero entreposto para a exportação de borracha e hoje não passa de uma pequena e quieta vila com 1,5 mil habitantes à beira do Rio Beni. (M.C.).
Mensagem enviada por Amilcar Adamy
Caro Montezuma,
Sou geólogo e trabalho em Rondônia desde o ano de 1972, com incursões pela mata em praticamente todos os quadrante do estado. Temos um amigo comum, o Joaquim, que conheço há muitos anos e que tem fornecido os artigos relacionados às últimas descobertas de civilizações antigas.
Ultimamente, tem sido bastante referida a Serra da Muralha, no quadrante noroeste do município de Porto Velho, com citações diversas, e algumas descrições. Gostaria de saber se realmente algumas dessas pessoas estiveram no local.
Esta pergunta leva em consideração o fato de que em 1988 provavelmente (estou consultando as cadernetas de campo do projeto), em desenvolvimento dos trabalhos de campo do Projeto Porto Velho-Abunã, estive na Serra da Muralha, acompanhado por dois braçais e pudemos percorrer o local, observando o muro de pedra circundando o topo da "piroca", como chamavamos as elevações desprovidas de vegetação. Portanto, há pelo menos vinte anos, a CPRM através de minha pessoa, já esteve neste local.
Amilcar AdamyAmilcar Adamy / Geologo / CPRM
Domingo, 22 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)