Quinta-feira, 11 de junho de 2009 - 09h33
MONTEZUMA CRUZ (*)
Agência Amazônia
RIO BRANCO, AC - O Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW) iniciou a busca de possíveis contribuições para atender às convenções internacionais de mudanças climáticas e políticas públicas do setor. "Não se atua de forma solta na Amazônia. A cooperação governamental bilateral é o nosso objetivo", afirmou esta semana o diretor de Programas de Manejo de Recursos Naturais da instituição, Jens Ochtrop, durante visita de jornalistas brasileiros ao Acre. KfW é a sigla do KfW Entwicklungsbank.
Avaliando a cooperação alemã, o secretário estadual de Meio Ambiente, Eufran Amaral, e o coordenador do Programa para a Proteção e Gestão Sustentável das florestas Tropicais do GTZ (Agência de Cooperação Técnica alemã), Paul-Gregor Fischenich, reafirmaram a valorização do ativo ambiental no Acre, estado que ocupa 4% de toda Amazônia Brasileira. Estão garantidos serviços básicos e o fortalecimento do setor privado para atividades sustentáveis. Assessoramento, capacitação e financiamento de consultorias continuam em pauta.
Desde 1963, o governo alemão investiu 1,49 milhão de euros em cooperação técnica e financeira. O conselheiro da Embaixada da República Federal da Alemanha, Michael Grewe, destacou os 45 anos de cooperação, afirmando que o Brasil é parceiro estratégico no combate à pobreza, educação, saúde e meio ambiente. "Os benefícios são para os dois lados e o Brasil passou de um país em desenvolvimento para uma das grandes economias mundiais", assinalou.
Amazônia e Mata Atlântica receberam da Alemanha, recursos de 360 milhões de euros desde 1992. O governo alemão também apoiou o programa brasileiro de combate à Aids. Só fechou o ciclo do combate à pobreza no nordeste, lembrou Grewe.
Em dez anos, ativo florestal vale duas vezes mais
BRANCO - O rendimento do produto florestal acreano subiu de 7,4% em 1998 para 16,85% em 2008. Mas o KfW está num quebra-cabeça, reconheceu o secretário de Florestas, Carlos Ovídio: precisará criar um fundo privado para contemplar florestas plantadas, com a participação direta de castanheiros e seringueiros. "Com a cooperação alemã e o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o hectare de floresta que valia apenas R$ 35 alcançou R$ 600".
Cada hectare de floresta possui em média 200 árvores maduras e mil jovens. São retiradas por ano quatro a seis árvores a cada 30 anos. Conforme frisou Ovídio, isso cria uma barreira de contenção ao desmatamento: atualmente, 46% do estado são áreas protegidas; 90% da madeira vendida são oriundos do plano de manejo sustentável e dos produtos exportados.
"Dos 50 milhões de hectares de unidades de conservação criados na Amazônia, 23 milhões resultaram de políticas de cooperação", lembrou a coordenadora do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), Nazaré Soares. Foram demarcados 10 milhões de ha de áreas indígenas e cancelados de 70 mil cadastros irregulares de terras. Tudo isso custou 44 milhões de euros. (M.C.)
Escuridão surpreende parte da comitiva
RESEX CAZUMBÁ-IRACEMA - Uma escuridão de breu e dois quilômetros a percorrer, a pé. De que jeito, se os principais guias não estavam ali, por volta das 20h, horário de Brasília? Sem lanternas, ninguém sabia por onde seguir na floresta. Dois estreitos varadouros estão lá. Mas era noite sem luar. Subimos uns 30 metros e atolamos no barro.
O diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Antônio Carlos Hummel; o coordenador do Programa para a Proteção e Gestão Sustentável das florestas Tropicais do GTZ (Agência de Cooperação Técnica alemã), Paul-Gregor Fischenich; o primeiro secretário da Embaixada da República Federal da Alemanha, Holger Klitzing; o diretor de Programas de Manejo de Recursos Naturais do KFW (banco alemão), Jens Ochtrop, e este repórter viram-se literalmente sem lenço e sem documento, no barranco do rio Caeté, no ponto de entrada da Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema, a cerca de 40 quilômetros da sede do município de Sena Madureira, no Acre.
O piloto Francisco Souza sabia qual o caminho a seguir, no entanto, permaneceu na lancha, aguardando os demais. Ele nos gritava que a entrada era mesmo ali. E só. Evitamos entrar nos varadouros, porque um deles nos levaria para o meio da floresta. Sentamos em tocos de árvores e percebemos logo depois formigas e aranhas.
Passada meia hora, aportaram no barranco outros três pilotos de lancha e bombeiros, trazendo o conselheiro da embaixada, Michael Grewe, o secretário de meio Ambiente do Acre, Eufran Amaral, assessores e jornalistas - umas 20 pessoas. Exímias cozinheiras prepararam a janta, enquanto ouvimos causos e conquistas dos moradores da Resex até meia-noite. No dia dois de junho, logo cedo, percorremos a área. (M.C.)
(*) A Agência Amazônia e o Gente de Opinião iniciam, na próxima semana, a publicação de uma série de matérias mostrando a cooperação alemã em projetos de conservação florestal na Amazônia. A convite da Embaixada da República Federal da Alemanha, o repórter viajou para Rio Branco, Bujari, Brasiléia, Sena Madureira e Xapuri.
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