Sexta-feira, 12 de abril de 2019 - 10h19
Cinco alunos de uma
turma de 16 do Projeto Asas do Saber, na Escola Estadual de Lydia Johnson de
Macedo, concluíram o 3º ano, passaram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
e chegaram à Faculdade. Oitocentas horas de aula em 115 dias letivos lhes
proporcionaram a oportunidade de seguir em frente, após abandonarem os estudos,
alguns por desistência/evasão, outros por distorção de idade.
Quando a diretora Débora Macedo Oliveira assumiu o cargo nessa escola do bairro Costa e Silva (zona norte de Porto Velho), em 12 de abril do ano passado, havia 60% de evasão. Agora, a escola só tem vagas disponíveis para o 3º ano.
“Pela pedagogia diferenciada que apresenta, o Asas comporta até duzentos alunos; atualmente temos 187, alguns deles moradores em bairros da zona leste, a 20 quilômetros da escola”, ela diz.
A disciplina e o querer caminham lado a lado na escola que recolhe às suas salas aqueles que por algum motivo haviam desistido de estudar. Se algum professor faltar ou, por algum motivo, não tiver aula, eles reclamam, conta a diretora.
“Lavam os pratos todos
os dias, o que resultou em perguntas das mães: o que aconteceu com ele, que não
fazia isso aqui em casa? Eu respondi que eles se conscientizaram”, orgulha-se
Débora.
Depoimentos que subsidiaram relatórios revelam: a maioria dos alunos que ingressaram no projeto não tinha apoio familiar, ou seja, o mínimo diálogo para buscar horizontes num mundo de eliminação de empregos e do surgimento de outros. “Às vezes, em casa, eles só querem ser ouvidos, simplesmente isso”.
DARLAN, DA CIDADE DO LOBO À UNIR
Darlan Marques de Almeida, 18 anos, morador no bairro Cidade Alta (zona sul), aprovado para cursar Ciências Econômicas na Universidade Federal de Rondônia (Unir), recebeu todo apoio da escola. Chegou ao projeto em meados de 2017, quando ainda cursava o 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Capitão Cláudio Manoel da Costa, no bairro Cidade do Lobo.
“Ele é carente, a mãe diarista estava desempregada, e aí nos cotizamos com os professores para que ele preparasse documentos”, contou a vice-diretora Sâmia Valéria Oliveira.
Nesta quinta-feira (11), Darlan disse que a mãe, Maria Cristina, felizmente encontrou trabalho fixo. “Eu vim pra cá e vi que ia estudar muita coisa de novo, hesitei um pouco, telefonei pra ela, aí o vacilo acabou, e logo me matriculei”.
O que você pretende fazer, quando se formar? “Quando eu terminar, vou prestar concurso público, espero passar e usar o meu salário para pagar o curso de Direito”, responde Darlan.
“Esta escola aqui não trata a gente apenas como aluno, não julga; eu me senti bem motivado num ambiente alegre e bem seguro”, Jadson Felipe França Silva, 19, outro formando.
Da mesma forma, Michael Meireles de Oliveira, 20, morador no bairro Nacional, elogia professores, direção e colegas. “A convivência é muito boa, o ensino também, gostei muito das aulas do professor Marcos (química) e da professora Érica (português), aprendi técnicas teatrais, me desenvolvi bem”, diz.
Michael é da mesma turma que concluiu o Ensino Médio em 2018 e agora se prepara para o Enem de novembro deste ano. Ainda não sabe que área escolherá.
O projeto começou em
agosto de 2017, ganhando apoio de diversos parceiros. A Secretaria Estadual de
Educação está liberando mais recursos à escola, para o fornecimento de quatro
refeições diárias aos alunos.
APROVADOS
Andressa Santos Souza,
19 (História e Pedagogia, na Fimca);
Darlan Marques de
Almeida, 18, (Ciências Econômicas na Unir)
Isaías de Jesus Barros,
20 (Direito na Fimca, quer se inscrever com bolsa integral);
Jadson Felipe França
Silva, 19 (Administração na Fimca, aguardando ser chamado também na Unir, para
Educação Física);
Luiz Felipe Gomes da Silva,
21 (Educação Física, Unir).
A 2ª turma do 3º ano vai se formar em julho deste ano. O ato será na própria escola, informa a diretora Débora Oliveira.
Pelo Facebook, Hosana Nogueira, mãe de um aluno de União Bandeirantes (a 160 quilômetros de Porto Velho) cumprimentou a escola, manifestando o desejo de ver o projeto funcionando noutros estabelecimentos.
Hosana, supervisora escolar, quer visitar a Escola Lydia Johnson. “Meu filho tem 17 anos nunca gostou de escola, agora está aí, ele mudou completamente; nem parece o menino de mal com a vida, que não se adaptava a escolas tradicionais, agora faz o Enem”.
Jadson foi para a Fimca e quer vaga na Unir
A mãe sentiu que no projeto Asas do Saber o aluno se sente parte da escola.
“Eu comprei uma bomboniere e ofereço bombons para eles. Um dos alunos veio conversar comigo e quando deixava a sala eu o chamei. Ele me disse: nossa! Eu pensei que a senhora fosse me dar um carão e recebi o bombom”.
Quando é preciso ser enérgica, Débora age dessa maneira. Sobe no palco e roda a baiana, como diz. Um aluno desrespeitou o professor durante os jogos internos, e ela cancelou a competição. Questionada pelos demais, explicou: “Jogo é equipe, o erro de um prejudica a todos”.
Chamada de mãezona, ela
difunde a amizade e o companheirismo, em busca do padrão disciplinar.
Recentemente, conversou na sala com um aluno que usou corretivo para pichar uma
carteira, e ele limpou-a, sem reclamar. E ainda limpou outras salas onde havia
pichação.
A melhor lembrança até
agora, em 2019: “Eles criaram um grupo chamado Vamos limpar nossa casa, e em
fevereiro chegaram aqui na sexta-feira, limparam e lavaram tudo; as aulas só
começariam na segunda-feira”.
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