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Gaseificador, de tecnologia indiana, queima o caroço de açaí, que gera gasogênio. Canalizado ao motor diesel do grupo gerador, ele provoca a economia de 85% do óleo diesel /CARBONO SOCIAL |
MONTEZUMA CRUZ (*)
Amazônias
ABAETETUBA, PA e BRASÍLIA, DF – Caroços de açaí estão sobrando na região de Abaetetuba, quando poderiam produzir mais biomassa com baixo custo. Eles constituem o maior lixo urbano desta cidade do Baixo Tocantins. O desperdício vem sendo questionado por técnicos da Emater e pesquisadores da Embrapa. Eles consideram inaceitável a situação e cobram programas de governo nessa área.
Para tornar a produção sustentável, cerâmicas da região começam a se valer da oferta de biomassa. Sazonal, o caroço está disponível durante seis meses do ano.
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Cerâmica em São Miguel do Guamá utiliza mil toneladas de caroços por mês na produção de 900 mil peças em fornos paulistas /CARBONO SOCIAL
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– O poder calorífico do caroço de açaí é vantajoso – comenta o proprietário da Cerâmica Menegalli, de São Miguel do Guamá, Edson Menegalli. Desde julho de 2007 ele usa mil toneladas por mês na produção de aproximadamente 900 mil peças em fornos paulistas.
Segundo Menegalli, o desempenho varia conforme o tipo de forno e peça a ser produzida. O analista técnico da Carbono Social, Thales Carra, lembra que o uso do caroço de açaí como combustível exige a instalação de injetores de biomassa, bem como a construção de galpões para secar e mantê-la seca.
Flávio Ikeda, técnico da Emater em Abaetetuba, acredita que o governo e o sistema bancário possibilitariam isso. Além do mais, a logística de transporte do caroço é simples, porque implica documentação, a exemplo do que ocorre com resíduos de origem florestal (serragem e cavaco, entre outros), para os quais se requer uma guia florestal.
Um entrave: sobra cinza, que forma blocos cristalizados e exige limpeza dos fornos com mais freqüência para não entupir ou atrapalhar a entrada de oxigênio. Thales Carra lembra que existe a sazonalidade e que a biomassa não pode ficar estocada por muito tempo para não contaminar o solo e a água subterrânea, caso não haja compactação do solo no local de armazenamento.
(*) Com informações do www.carbonosocial.wordpress.com
Madeireiros querem tudo de mão beijada
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
ABAETETUBA, Pará – “Fiquei conhecendo ano passado, um trabalho que está sendo executado em Jenipaúba, aqui próximo. É uma obra iniciada durante a gestão anterior no Pará, mas até agora, apesar de praticamente concluída, não sei por que razão, ainda não foi inaugurada”.
Assim o técnico Flávio Ikeda começa o seu relato ao senador José Nery (PSOL-PA), na expectativa de uma reviravolta no estudo e na aplicação de fontes alternativas energéticas na Amazônia.
Segue-se o restante: “Trata-se de uma pequena agroindústria de açaí, aliada a um complexo de geração e distribuição de energia elétrica, que vai fornecer energia à pequena agroindústria, ao centro comunitário, à escola, e a 57 residências de agricultores ribeirinhos. E o combustível do grupo gerador será quase que totalmente caroço de açaí que a agroindústria vai gerar e que, na cidade de Abaetetuba, é o principal lixo urbano.
“Uma máquina chamada de gaseificador, de tecnologia indiana, queimando o caroço de açaí, vai gerar gasogênio. Canalizado ao motor diesel do grupo gerador, ele provoca a economia de 85% do óleo diesel.
“O trabalho é de responsabilidade técnica da professora Brígida Ramati, do curso de engenharia elétrica do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Pará. Tomei conhecimento do projeto através do ex-vereador Aladim de Alfaia Gomes. Encantei-me e fui conversar com professora.
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Ikeda, sonhador de bons sonhos na floresta do Baixo Tocantins: "Pequena agroindústria de açaí pode fornecer energia à pequena agroindústria, ao centro comunitário, à escola e a 57 residências de agricultores ribeirinhos" /M.CRUZ
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Exemplo de Rondônia
Quis saber se o processo não funcionaria usando resíduos de madeira em vez de caroço de açaí. É que, nos tempos em que trabalhei em Rondônia, cerca de 20 anos atrás, tomara conhecimento de uma serraria que, movimentando uma caldeira com resíduos, gerava energia elétrica para o próprio consumo, além de vender o excedente para as Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron). Ou seja, ganhava dinheiro fazendo um tratamento ambientalmente correto e adequado do lixo!
“Eu me perguntava se era burrice ou incompetência dos políticos/comunidade científica e administrativa estadual, de a idéia não ser copiada e aplicada em um estado abarrotado de serrarias, onde se queima pó-de-serra e se produz carvão em plena área urbana.
“A professora Brígida me surpreendeu, ao afirmar que, utilizando resíduos da madeira, o processo era muito melhor, pois gerava como subprodutos o bio-óleo (que misturado ao álcool anidro, se transformava no tão propalado biodiesel) e uma água suja de alcatrão que pode ser usada para pulverizar residências e repelir o mosquito.
Gaseificadores
“É outro tratamento ambientalmente correto a um grande problema de saúde pública. A professora disse-me que os madeireiros esperavam que o governo fizesse isso para eles. Perguntei-me por que a Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam) não obrigava os madeireiros a adotarem essa tecnologia. Deu-me a entender que não houve boa vontade do órgão.
“Resolvi lhe sugerir uma lei federal! Que tal punir os criminosos ambientais com uma penalidade tão agradável: ganhar mais dinheiro! Lancei a sugestão à governadora Ana Júlia, para instalar gaseificadores nos municípios onde houvesse acúmulo de lixo orgânico, e com isso reduzir os gastos do governo com energia elétrica. E que surpresa! Obtive resposta dela!
“Faça algo, pois este eleitor, além de megalomaníaco e pretensioso, é insistente. Só não sei se devo me considerar eleitor ou amigo, já que amizade não é algo que se impõe, mas que se conquista. Por hoje fico por aqui. Um grande abraço!”.
(*) O autor é técnico da Emater em Abaetetuba (PA) e tem importantes idéias para impulsionar projetos de desenvolvimento sustentável em sua região.
Interessados em ouvir a professora e pesquisadora Brígida, façam contato:
brigida@ufpa.br/
rocha.brigida@gmail.com
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COMENTÁRIO DO ENGENHEIRO RODOLFO DIAS DE LIMA - Data do Envio: 03/04/2010 - 21:08:16
Boa noite a todos, sou engenheiro mecânico, formado pela Universidade Federal do Pará, por coincidencia entrei em seu site, a procura de informações de noticias sobre a nossa Amazônia e acabei me deparando com esta proposta tão benefica à todos, a qual propõe o Srº Ikeda, é algo extraordinario, já tive oportunidades de conhecer projetos deste calibre e posso afirmar que é excelente, seria muito interessante que fossem feitas mais materias deste tema.rnDesde já, muito obrigado.Ass.:Rodolfo Limar
roldylima@yahoo.com.br Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)