Terça-feira, 19 de maio de 2009 - 13h22
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
BELÉM, PA – O maltrapilho alcoólico sentado na calçada recebe de presente uma flor e olha fixamente para o grupo. À sua frente, o colorido das vestes dos participantes da marcha e o estandarte erguido com mãos firmes por alguns militantes do Movimento Nacional de Luta Antimanicomial significam algo que lhe toca o coração. Ele e tantos outros acometidos de problemas mentais um dia foram levados à força para tratamento de choque em hospitais. O locutor apela pela participação popular, o carro de som estaciona, e a multidão se aglomera.
Boi Tam-tam desfila em Belém / M.CRUZ |
Nesta segunda-feira é lembrado em todo o País o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. Às 10h30 da manhã de domingo, a Agência Amazônia presenciou no centro de Belém, capital paraense, o arrastão liderado pelo Boi Tam-tam (Grupo Musical Boi da Terra) para animar as pessoas a aderir às reivindicações da entidade.
As principais são o fechamento de hospícios e manicômios do País e a promoção de uma cultura de tratamento baseado na convivência e tolerância, para pessoas com sofrimento emocional de qualquer tipo. Em algumas capitais brasileiras esse trabalho avançou e vem recebendo apoio dos poderes públicos.
Duas décadas de luta
A parada cívica começou na frente da Estação das Docas, embalada pelas cantigas do Boi de Axixá (Maranhão), e durou até o meio-dia, no ritmo alegre que caracteriza essa manifestação popular. Passageiros descem do ônibus e logo seguem a marcha. Nesse ritmo de adesão, ela segue. São pouco mais de duzentas pessoas acompanhando o boi e ouvindo as mensagens, mas tudo isso é significativo.
O Movimento Nacional de Luta Antimanicomial e a data nacional foram criados há 22 anos por profissionais, familiares e usuários dos serviços de atendimento às pessoas que sofrem de transtornos psíquicos, para lutar contra o antigo sistema de tratamento praticado em manicômios.A luta cresceu e atualmente há representações em todos os Estados.
Passeata saiu das Docas para a Praça da República / M.CRUZ |
"O momento serve para aproximar a pessoa que sofre de saúde mental do restante da sociedade, e mostrar à população que saúde mental também é arte, criatividade e acolhimento”, descreveu o coordenador de Saúde Mental do Estado, Rodolfo Valentin.
Segundo as coordenadorias de saúde mental das Secretarias de Saúde do Estado e do Município de Belém, o Conselho Regional de Psicologia e outras entidades pretendem promover na primeira semana de junho cursos, exposição, mostra de cinema e inauguração de um novo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III), no bairro do Jurunas.
Feira do CAPS
A comemoração especial anunciada com música no asfalto e o espocar de fogos fez os moradores do centro de Belém abrirem as janelas. Nas calçadas, pais e mães de mãos dadas com as crianças assistiram ao espetáculo do qual também participaram, obviamente, usuários do serviço de saúde mental do Estado e dos municípios de Belém, Ananindeua e Marituba.
O público viu uma amostra do trabalho de cada grupo de familiares e profissionais ligados à saúde mental nos CAPS. Entre os participantes que militamn na causa, uma voz unânime: além
O menino ouve explicações, se conscientiza e participa da marcha /M.CRUZ |
dos problemas gerais comuns a toda a população, ainda se dá conta do sofrimento psíquico das pessoas, na grande maioria das vezes sem ter sequer as mínimas condições de trabalho.
Congresso de 1987 em São Paulo
foi um marco expressivo
BELÉM – Outubro de 1987: o 2º Congresso Estadual dos Trabalhadores de Saúde Mental do Estado de São Paulo representou um marco expressivo nas discussões na área, não apenas pelo seu conteúdo programático, onde pode ser verificado como andavam as nossas práticas e as nossas idéias, a partir das nossas experiências cotidianas de trabalho, mas também pelo caráter como foi promovido o evento, numa total independência em relação ao Estado.
Permitiu-se que toda essa discussão fundamental pudesse rolar solta, sem as amarras impostas pelos programas e pelas administrações públicas, sendo uma ação feita e dirigida pelos próprios trabalhadores do setor. Contudo, esse Congresso abriu um leque imenso de preocupações e de necessidades teóricas e conceituais que precisavam ser discutidas com constância, obrigando os trabalhadores e as entidades do setor a se organizarem num instrumento capaz de dar continuidade a esse processo, tendo surgido como desdobramento do Congresso a Plenária dos Trabalhadores de Saúde Mental.
Loucura": o protesto está nas ruas /RUA BRASIL |
As discussões, levantadas em 86, eram para uns a mais completa novidade e, para outros, como um campo a ser devastado e conhecido. O 2º Congresso Nacional, em 87, buscou delimitar melhor essa discussão, avançando através da compreensão de que a doença mental tem como um de seus determinantes maiores a estrutura social e suas influências diretas sobre os indivíduos.
Assim, discutiu-se a 'loucura' tendo como pano de fundo a nossa organização social, geradora de condições extremadas de insalubridade psíquica, seja através das jornadas excessivas de trabalho, seja das condições gerais de vida, da ausência de prazer, de lazer etc, que não permitem condições de equilíbrio saudável para os indivíduos.
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e do Opinião TV.
montezumacruz@gmail.com
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