Quarta-feira, 26 de maio de 2010 - 06h51
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
PORTO VELHO, RO – Não só Dana Merril fotografou a epopéia da construção da ferrovia mais famosa e isolada do Planeta, ligando Porto Velho a Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia. Pelo menos é o que informa o jornalista e escritor Gary Neeleman aos organizadores da 2ª Conferência Internacional de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico Brasil-Bolívia-Estados Unidos-Inglaterra.
O evento promovido pela Associação de Preservação do Patrimônio Histórico do Estado de Rondônia e Amigos da Madeira-Mamoré (AMMA), irá de 31 de maio a 2 de junho, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil.
Neeleman, que é também cônsul honorário do Brasil em Utah (EUA), vem pesquisando a história da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), e assim constatou que Oscar Pyler também registrou o início da obra.
Latas de negativos
Neeleman encontrou também latas com negativos de filmes mostrando a EFMM. Estavam em Americana (SP) e pertenciam à senhora Judith Jones, viúva de um dos confederados da Guerra da Secessão, nos Estados Unidos, informou hoje o arquiteto Luiz Leite de Oliveira, um dos organizadores do evento.
Jones entregou-lhe os negativos e morreu nos anos 1980. Neeleman levou esse acervo para pesquisa em seu País e trouxe-os de volta para provocar um debate no Brasil. Daí, Oliveira reuniu-se com os colegas da AMMA e se propuseram a organizar a conferência, agora ampliada para a questão amazônica e a destruição do patrimônio ferroviário.
O começo de Porto Velho, na lente de Dana Merril ; agora, escritor norte-americano anuncia mais descobertas |
Acervo na USP
– Até então, a população de Rondônia e os brasileiros em geral conheceram apenas o valoroso trabalho do fotógrafo Dana Merril, que também foi norte-americano – lembrou nesta terça-feira o arquiteto Luiz Leite de Oliveira, membro da comissão organizadora do evento promovido pela
Em governos anteriores, o escritor Manoel Rodrigues Ferreira, autor de “A Ferrovia do Diabo”, ofereceu a preços módicos o seu acervo ao Estado, sem êxito. Ele escreveu nos anos 1960 uma série de reportagens no extinto jornal “A Gazeta”, de São Paulo.
Desde o ano 2000, há mais fotos da EFMM no Museu Paulista da Universidade de São Paulo (o Museu do Ipiranga) do que em Porto Velho. A conferência deverá propor mais esse resgate.
Divulgar e propor o cruzamento de diferentes versões da memória pública em torno da EFMM e avaliar os seus atuais desdobramentos estão entre os principais objetivos do evento.
– Queremos estimular debates a respeito do uso dessa memória construída sobre acontecimentos históricos e, quem sabe, conseguiremos associar a relação entre conhecimento histórico e cidadania – propõe o arquiteto, que também é membro do Conselho Diretor da AMMA.
A programação da conferência também inclui problemas ambientais, notadamente o aquecimento global e as agressões à floresta amazônica, cujos reflexos são mundiais. Visa um público formado por ambientalistas, historiadores, juristas, estudantes universitários, alunos de escolas públicas e privadas dos ensinos médio e fundamental.
Está dividida em três painéis: um discutirá o patrimônio histórico material e imaterial; outro, o patrimônio socioeconômico-cultural-ambiental; e a terceira mesa, o patrimônio cultural e aspectos jurídicos. Será elaborado um documento final do evento.
SERVIÇO
Abertura – 31 de maio de 2010, às 20h
Conferências –1º e 2 de junho de 2010, das 14h às 17h e das 19 às 22h
Local: Auditório da Seção de Rondônia da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), na Rua Paulo Leal nº 1300 – Bairro Nossa Senhora das
Graças – Porto Velho (Rondônia), Brasil
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