Quinta-feira, 30 de junho de 2016 - 05h04
Em dois dias de reunião com 120 técnicos da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Anvisa), o técnico Marcelo Cavalcante de Oliveira debateu o funcionamento do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde (PGRSS), imprescindível para evitar riscos químicos, físicos e biológicos em Rondônia.
“Usem o Manual da Anvisa”, apelou nesta quarta (29) o palestrante, membro da Gerência-Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Segundo Marcelo Oliveira, o manual segue válido, por ele se aprende e evita que o técnico recorra a ferramentas de busca na internet.
Diversos subsídios recebidos pelos profissionais da área constam nesse documento que reúne aspectos técnicos, saúde urbana, “passo a passo como fazer”, explicou Marcelo Oliveira.
A Anvisa lotou três salas do Hotel Rondon Palace para debater atividades, legislação, fiscalização e gerenciamento de resíduos, conforme a Lei RDC 306/2004 [manuseio e ação de gerenciamento de resíduos em aspectos internos e externos de estabelecimentos] e a Resolução 358/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente [Conama].
O palestrante mostrou diversos slides com práticas condenáveis, mas ainda comuns em todo o País. Num deles, o trabalhador com máscara está no meio de sacos plásticos esparramados no piso do depósito. “Isso é exemplo de como não fazer”, alertou.
Sacos fora do lugar, desprotegidos, objetos perfurocortantes escapando da embalagem aparecem noutras fotos. “Igual ao meu depósito”, disse alto na sala um dos participantes. Pela reação da plateia, nota-se a realidade rondoniense. Mais fotos, e mais reações, ao serem mostrados contêineres abertos com moscas e lixo transbordando.
Marcelo Oliveira comparou a uma churrasqueira um antigo incinerador com a inscrição “perigo: lixo hospitalar” e alertou para o combate à insalubridade e ao vazamento de gases.
“O tratamento do lixo hospitalar sempre dependente do bom gerenciamento dos resíduos sólidos de saúde que se constitui num conjunto de procedimentos”, lembrou a engenheira química Ana Rosa dos Santos Vieira Fernandes.
O debate que visou minimizar a produção de resíduos possibilitou mais conhecimentos de bases científicas, técnicas, normativas e legais. “O assunto é amplo, aqui se discutem métodos de coleta, transporte e tratamento”, disse Ana Rosa Fernandes.
Segundo ela, Ariquemes, Cacoal, Ji-Paraná, Porto Velho e Vilhena têm melhor desempenho nessa lida. “Em regra geral, a maioria das unidades de saúde no Estado se obrigam a ter o PGRSS e o GTVISA [Grupo Temático de Vigilância Sanitária], que tem papel importante, porque oferece visão ampla, tanto a empresários quanto a servidores da saúde pública e catadores de lixo. “Estes, requerem proteção, preservação da saúde e podem contribuir para a conservação de recursos naturais e do meio ambiente, desde que orientados de maneira segura”, comentou Ana Rosa.
Na análise de riscos, Marcelo Oliveira explicou que luvas antissépticas, por exemplo, se enquadram no grupo D. “Não são infectantes”. Informou que o avental também se enquadra nesse grupo.
O agente administrativo da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) Maicon Harlien Salas Soares informou que, em Rondônia, a cobrança do PGRSS é feita antes mesmo da instalação do consultório ou do posto médico.
Para Marcelo Oliveira, o papel da vigilância em saúde “não é multar, mas orientar”. “A multa deve ser aplicada somente em casos extremos, quando existe reincidência no descumprimento da norma legal”, assinalou.
GÁS METANO
Renivaldo Carlos Campos, agente de saúde pública em Guajará-Mirim, quis saber se o gás metano liberado no aterro sanitário de Vilhena tem serventia.
Responderam-lhe que a empresa que gerencia o aterro é particular, ela própria faz a triagem, tem catadores cadastrados e ainda não investiu no aproveitamento desse gás.
Metano é um gás incolor, de pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar se transforma em mistura de alto teor inflamável. Causa explosões.
O técnico Alexandre Alves Batista, de Governador Jorge Teixeira [região de Ji-Paraná], lembrou que uma Feira da Emater faz captação de metano em bolsas nos suínos à venda.
Marcelo Oliveira lembrou que a medida correta é a recuperação desse gás, embora se constate que em diversas situações ocorre a queima. “Num shopping em São Paulo a Cetesb encontrou o gás no subsolo, tornando-se área de risco; há casos de explosões”, comentou.
ARANHAS
Noutro painel dirigido a médicos e enfermeiras, o biólogo da Faculdade São Lucas, Flávio Terassini, falou a respeito de verdades e mentiras de ataques de aracnídeos [aranhas e escorpiões], mencionando casos de desespero de pessoas desinformadas.
Também com fotos gigantes de peçonhentos, ele mencionou o caso de uma mulher, que ao notar uma aranha armadeira [Phoneutria] num bananal, chutou-a sem dó, mas levou a picada no dedão direito.
Armadeira é um gênero de aranha conhecida pelos nomes comuns de aranha-macaco ou aranha-de-bananeira.
Em outra situação, ele descreveu, outra mulher socorrida no Centro de Medicina Tropical chorou convulsivamente ao ser picada por uma aranha marrom, que mesmo inofensiva, foi tocada por uma vassoura. “Vou morrer! – ela gritava, e levou mais mulheres ao desespero, ao ouvirem dizer que sentia a perna apodrecendo”, contou o biólogo.
Lucas Flávio socorreu-a primeiramente com água. Aranha marrom vive em clima quente e úmido, é uma das menores do mundo, mede 12 milímetros a três centímetros de tamanho, se reproduz rapidamente e chega a colocar até 130 ovos por vez. Tem seis olhos. Fêmeas alcançam a maturidade sexual com um ano de vida e os machos com um ano e três meses.
Pura ilusão e angústia da mulher: essa aranha não causa danos e só ataca como sistema de defesa. Foi o caso da segunda “vítima” citada pelo biólogo.
Sugeriu que, se possível, as pessoas capturem aranhas, de quaisquer tipos, coloquem em vidrões e levem às universidades.
Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Ademilson Knightz
Secom - Governo de Rondônia
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