Segunda-feira, 23 de junho de 2008 - 07h25
Amazônia Peruana atrai turistas
que poderiam ir ao Acre e Rondônia
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
PUERTO MALDONADO, Amazônia Peruana – O privilégio de receber duzentos mil turistas anuais inclui a quente e úmida Puerto Maldonado, a mais antiga cidade dos Andes Peruanos, entre as mais cobiçadas rotas turísticas da América do Sul. Eles desembarcam ali para conhecer a Amazônia Peruana. Gastam US$ 150 por pessoa a cada dia de permanência – geralmente dois ou três dias –, cumprem uma vasta programação na região de Madre de Dios e nem sabem o que há de bom no lado brasileiro.
Acre e Rondônia, estados mais próximos ao Departamento (ou Província) de Madre de Dios, ainda não "venderam" seus pacotes no exterior e com isso vem perdendo a chance de levar toda essa gente para conhecer aves, insetos, animais, plantas medicinais e índios. Puerto Maldonado, 140 mil habitantes, a capital de Madre de Dios, fica apenas a meia hora de vôo de Cusco e por estrada a viagem dura 18 horas. Prevê-se que a conquista deverá ocorrer após a inaguração da Rodovia Interoceânica, dentro de dois anos.
Estrangeiros são recordistas nas visitas à selva peruana; há quatro vôos diários /M.CRUZ |
Quatro vôos diários de Boeing 737-700 da LAN trazem os turistas à capital desta província. "La región de Madre de Dios, denominada Capital de la Biodiversidade del Perú y Patrimonio Ecológico de la humanidad, en razón de sua grande riqueza natural y cultural, es actualmente el destino mas solicitado por la demanda internacional como destino ecoturistico de primer orden" – alardeiam as autoridades locais aos deputados da Comissão da Amazônia da Câmara, auditores da Secretaria da Receita Federal e empresários acreanos que chegam num avião EMB 145 da FAB para encerrar o Seminário Internacional "Saída para o Pacífico e Áreas de Livre Comércio", sobre oportunidades de integração e desenvolvimento. Ao todo, 60 pessoas.
Os turistas são aguardados por guias das empresas locais. Saem do aeroporto direto para o hotel, embarcando em jardineiras ou no motocar, que não é coqueluche, mas o meio de transporte mais usado na cidade. Puerto Maldonado tem poucos automóveis, a maioria de suas casas são coloniais e ainda se vê poeira nas ruas, apesar de grande parte ser asfaltada.
Táxi popular circula o dia todo: corrida entre o aeroporto e a cidade custa seis sólis /M.CRUZ |
Motocar substitui o automóvel
Os poucos automóveis existentes circulam entre centenas de motocar, um pequeno triciclo motorizado, coberto de lona, que serve de mototáxi e no qual o passageiro paga entre sete e oito sólis (US$ 3) pela corrida do aeroporto a qualquer ponto da cidade. "As cidades da selva só usam motocar", explica o versátil gerente regional de Desenvolvimento Social, Alfredo Herrera Flores, 43 anos. Versátil, entusiasta, paciente e perseverante, ele distribui as 24 horas do dia em atividades que também contemplam os setores de habitação, saúde e comunidades nativas.
Via rodoviária, chega-se na cidade depois da travessia do caudaloso rio Madre de Dios, o mesmo que penetra no Estado de Rondônia com o nome de rio Madeira, o maior afluente da margem direita do rio Amazonas. O rio Madre de Dios corre por 655 quilômetros e ao longo de suas margens são apreciadas árvores médias e camalotes. Nelas vivem lagartos, aves e peixes: saltón, zúngaro, doncella, sábalo, puma zúngaro, carachama, boquichico, corvina e el shirsuy. Um dos seus principais afluentes é o rio Tambopata, de 402 Km, com nascente em Puno (ao norte do Lago Titicaca), onde se denomina Chicayllane.
Mendes, Petecão e o diretor do DNIT, Miguel de Souza vêem a chegada de estrangeiros |
As boas-vindas são apresentadas em números de danças por meninos e jovens do Clube de Arte Nativo Espiritus de la selva. Ao som de flauta e tambor, eles se movimentam para todos os lados e ganham aplausos. O calor não lhes afeta. As crianças dançaram na frente do local da reunião, o Embardero Turístico Madre de Dios, na margem direita do rio com o mesmo nome; os jovens dançam em seguida, no pátio interno.
"Sabia dessa invasão de estrangeiros desde a primeira vez que vim aqui, no início desta década", comenta o diretor de Planejamento do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, o ex-deputado Miguel de Souza. Ao lado dele, os deputados Moreira Mendes (PPS-RO) e Sérgio Petecão (PMN-AC) acompanham o movimento no aeroporto e se surpreende com tanta gente.
"A estatística mostra que 60% dos que vêm a Maldonado visitam Cusco, e muitos até ouvem falar da Amazônia Brasileira, mas não encontram meios e atrativos para visitar o Acre e Rondônia", observa ainda Souza. Segundo Pasko Nadramia, os grupos norte-americanos, britânicos, russos, alemães e ucranianos constituem a maioria dos visitantes, junto com os próprios peruanos. Seguem-se os espanhóis e europeus em geral. Depois vêm os orientais, principalmente coreanos e japoneses.
Brasileiros e peruanos: laços mais fortalecidos com a Rodovia Transoceânica /M.CRUZ |
PUERTO MALDONADO – Estamos num lugar onde se fala a língua quéchua e mais quatro: hakmbut, takana, pano e arawak. Cerca de 10 mil indígenas povoam 29 comunidades nativas da região e com isso alimentam uma enorme riqueza cultural. No começo da tarde a comitiva de autoridades brasileiras é recebida com discursos, apresentação cultural e almoço no Embardero Turístico.
Komori, um governador entusiasta /M.CRUZ |
A IIRSA vislumbrava inicialmente dois conjuntos de iniciativas isolados, embora relacionados. Em um deles, o conceito de eixos de desenvolvimento seria empregado para identificar regiões da América do Sul nas quais grupos de projetos inter-relacionados contribuiriam para o desenvolvimento sustentável. O outro focalizaria processos que envolvem projetos para a remoção dos gargalos reguladores, operacionais e institucionais que impedem a integração física. A resposta veio com a construção da Rodovia Interoceânica, a "Rodovia do Pacífico", nas Cordilheiras, um verdadeiro desafio à geografia.
Pasko, administrador do aeroporto /M.CRUZ |
Parques nacionais
No centro do Embardero Turístico, o centro de reuniões e negócios, a comitiva ouve relatos e assistem a audiovisuais que revelam as riquezas da Amazônia Peruana. A diretora regional de Comércio Exterior e Turismo, Yenine María Ponce Jara, dá uma aula de turismo e biodiversidade, mostrando essas atividades como alternativas de desenvolvimento. Ela destaca os parques nacionais – del Manu, Bahuaja Sonene e Tambopata – e das reservas Amarakaeri e Alto Purus –, situadas no interior dos 85,1 mil quilômetros quadrados da floresta do sudeste peruano, na fronteira com o Brasil.
Cerca de 30 hotéis e hospedarias e diversas empresas de turismo receptivo aguardam os visitantes. De Maldonado a Salvación (Província de Manu) a viagem dura uma hora via terrestre até Puerto Laberinto e dali. O percurso de 250 quilômetros entre Iberia-Iñapari (Província de Tahuamanu) e Assis Brasil (Acre) é feito em cinco horas pela Rodovia Interoceânica. Os 531 Km entre Cusco e Maldonado são vencidos em 16 horas de ônibus e os 2,1 mil Km, de Lima a Arequipa, Cusco e Maldonado, em 38 horas.
Universidade Andina, um dos pilares do Ensino Universitário peruano /M.CRUZ |
Jorge (d): saudades de outra fronteira /M.CRUZ |
Voltem sempre! – diz o sorridente governador, que caminha até a beira da pista para novamente saudar seus antigos e novos conhecidos.
Mais informações sobre roteiros e costumes:
madrededios@mincetur.gov.pe
info@mysteryperu.com
mysteryperu@hotmail.com
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Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.
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