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Montezuma Cruz

Brasil ainda está na rabeira da fama dos pesquisadores mundiais



Talvez se explique: levantamento do Ipea para avaliar os fundos setoriais de ciência, tecnologia e inovação, revela que o Brasil ocupa a 116ª posição entre os 300 maiores gastos privados mundiais no setor. 



MONTEZUMA CRUZ
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BRASÍLIA – Uma vez mais o Brasil fica na rabeira, ou seja, não aparece na lista de classificação dos 20 textos científicos mais citados no mundo. A empresa Thomson Reuters, que indexa revistas científicas, aponta entre os autores contemplados os americanos, alemães e ingleses.

O levantamento de plantas medicinais usadas na região nordeste do Brasil (Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil) por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba chegou à frente no rol de experiências.

Em outra frente, plantas amazônicas demonstram boa utilização no controle de doenças, entre as quais o Mal de Alzheimer e o câncer. Breuzinho, por exemplo, é estudado há quase dez anos por químicos da Universidade Federal de Rondônia, que também pediram a participação dos colegas da Universidade Federal do Ceará.

Essa árvore possui uma resina com propriedades analgésicas, antiinflamatórias e gastoprotetoras. Esse potencial abrangente com certeza será um dia motivo de comemoração. 

Brasil ainda está na rabeira da fama dos pesquisadores mundiais  - Gente de Opinião

Testado pela Embrapa Mandioca, no Recôncavo Baiano, o beiju de qualidade demonstra novamente, em Xapuri (AC), que a mandioca é a raiz brasileira e comporta mais estudos /MONTEZUMA CRUZ



O texto de pesquisadores da Paraíba foi o mais citado nas áreas de taxonomia e farmacolognosia. A primeira é a ciência que classifica organismos vivos; a segunda, o ramo mais antigo das ciências farmacêuticas, cujo objetivo são os princípios ativos naturais, sejam eles animais ou vegetais.

Investimentos a menos

Pesquisadores brasileiros merecem solidariedade: eles descobrem medicamentos, fazem testes, comprovam suas teses, mesmo assim permanecem anônimos à espera do reconhecimento do seu talento a serviço da humanidade.

Não bastasse esse esforço, eles amargam a biopirataria de produtos naturais e não exercem o papel de polícia para impedir que isso aconteça.

Com US$ 13 bilhões, em 2007 o Brasil ocupava o 15º lugar na tabela dos investimentos em pesquisas, atrás da Índia. Ficaram no topo: Estados Unidos (US$ 369 bi), Japão (US$ 148 bi) e China (US$ 102 bi).

Conforme levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, para avaliar os fundos setoriais de ciência, tecnologia e inovação, o Brasil ocupa a 116ª posição entre os 300 maiores gastos privados mundiais em pesquisa.

Esse estudo demonstrou que o desembolso dos fundos nacionais em 2007, totalizando US$ 654 milhões, equivale a pouco mais da metade do dispêndio médio de 2003 das 300 maiores investidoras em P&D do mundo, que ficou em torno de US$ 1 bilhão. 


Mais bolsistas
 

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Robô "Chico Mendes", do Centro de Estudos da Petrobras, atravessa manguezais e enfrenta correntezas com facilidade. Teste foi feito em duas comunidades do interior do Estado do Amazonas /MÁRCIO MELO

Há, contudo, um alento: o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) contará com 14 mil bolsistas de pós-graduação em sua folha de pagamento. Dobrou, já que em 2003 eram 7,7 mil. Até o ano passado o orçamento cresceu de R$ 500 milhões para 2,5 bilhões. Significa o cadastramento de 42 mil orientadores na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como formadores de recursos humanos.

Segundo o CNPq, o censo de 2008 revelou um crescimento de 45% entre os artigos publicados, quando o País ocupou o 13º lugar no ranking de produtividade, 2% das publicações mundiais e também o equivalente ao Produto Interno Bruto, que também representa 2% do mundial, segundo a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Em resumo, Capes, CNPq e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) investem. No entanto, reclamam que a iniciativa privada precisa aproveitar melhor esses doutores, especialmente nas áreas petroquímica, aeronáutica e agrícola. A Embrapa, por exemplo, faz pesquisas aplicadas às necessidades do campo. Lamentavelmente, muitas empresas desconhecem a dinâmica da produção da universidade.

O programa de bolsas de estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) contempla mensalmente mais de dez mil pessoas. Elas recebem auxílio para se dedicar plenamente às suas pesquisas. A maioria dos bolsistas se torna pesquisador e 18% tomam o rumo de outras instituições acadêmicas em diversas regiões brasileiras.

Assim, acredita-se que os pesquisadores brasileiros vão se situar entre os mais citados do mundo. É preciso insistir nessa meta. A imensidão de descobertas na Amazônia serve de indicativo para essa conquista. 


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