Terça-feira, 31 de janeiro de 2012 - 17h42
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
"Soldados da borracha" da Amazônia Ocidental querem tirar do baú do esquecimento o desvio de US$ 140 mil enviados pelo então presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy (morto em 1963) em reconhecimento aos serviços prestados por essa classe durante a 2ª Guerra Mundial. "Até hoje é ignorado o destino desse dinheiro", lembrou no fim de semana o pracinha Antonio Barbosa da Silva, 87 anos, durante reunião do Sindsbor na Câmara Municipal de Jaru, a 300 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia.
Câmara de Vereadores lotada em Jaru: "soldados da borracha" e descendentes manifestam a esperança não apenas no reconhecimento governamental, mas em saber onde foi parar o dinheiro enviado pelo governo dos Estados Unidos /DIVULGAÇÃO |
O processo 2010.41.00.000084-5 em tramitação no Tribunal Regional Federal – 1ª Região reconhece os "soldados da borracha" como combatentes na 2ª Guerra. O Sindicato dos Soldados da Borracha considera pequeno o atual salário deles, de R$ 1.090,00 mensais, e pleiteia um teto de R$ 4.500,00 para os antigos pracinhas, reivindicação apoiada pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), por meio da proposta de emenda constitucional nº 556/2002, e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS).
O Sindsbor conta atualmente com 4,8 mil associados e herdeiros daqueles que têm direito ao benefício salarial. Em Jaru também há pedidos de reconhecimento de direitos. "São cem pessoas", afirma o representante sindical nesse município, Júlio Alves Machado. Ele junta documentos dos interessados.
Segundo o líder José Romão Grande, a situação caminhava "em banho maria", porém melhorou a partir do momento em que a categoria "começou a fechar o cerco sobre o governo", exigindo-lhe reparos ao sofrimento causado à classe pelos governos brasileiro e norte-americano. Muitos "soldados da borracha" morreram em consequência da malária, do beriberi e de outras doenças tropicais, ou foram atacados por onças e outros animais ferozes na Floresta Amazônica.
Para o vice-presidente do Sindsbor, George Teles Menezes, as negociações avançam. "A ação judicial que trata da violação dos direitos humanos imputadas aos soldados da borracha tramita na 2ª Vara Federal", ele disse. “A presidente Dilma já reconheceu que o País tem uma dívida com os "soldados da borracha", e da mesma forma o senador Paulo Paim (PT-RS), que marcou audiência com a Comissão dos Direitos Humanos no Ministério da Defesa", acrescenta.
Em 19 de novembro do ano passado, Elisa Smaneoto, do Gabinete Adjunto de Gestão e Atendimento, do Gabinete Pessoal da Presidência, encaminhou documento ao Sindsbor acusando o recebimento do ofício pedindo o apoio governamental à classe.
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