Sábado, 6 de outubro de 2012 - 18h42
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
“Patrocine um Imigrante” é o nome da campanha idealizada pelo jornalista rondoniense e cidadão estadunidense Samuel Sales Saraiva, para estimular o patrocínio de imigrantes na forma permitida pela legislação vigente, resgatando-os da clandestinidade. Ele anunciou esta semana o breve lançamento da página oficial desse movimento, na internet, incluindo sites governamentais das agências de imigração, profissionais de assistência legal e entidades defensoras dos direitos humanos e de imigrantes. O site está em fase de produção.
Projetada para se autossustentar com recursos e contribuições advindas de organismos internacionais, governos, organizações não-governamentais, movimentos sociais e cidadãos, a campanha global de natureza permanente visa orientar e conscientizar as populações dos países que recebem grande número de imigrantes da possibilidade de resolver parte importante do problema, por meio do exercício da solidariedade. "O requisito fundamental é apenas a boa vontade dos envolvidos", diz Saraiva, após consultar a Diplomacia os EUA a respeito do assunto.
Nos EUA, país que recebe o maior fluxo de imigrantes do mundo, o Serviço de Cidadania e Imigração oferece informações sobre leis de trabalho relacionadas ao Departamento de Segurança Interna e divulga as formas de patrocinar um imigrante.
O "patrocinador", no contexto de imigração, é o cidadão que apresenta uma petição oficial em favor de um imigrante dentro ou fora do território americano –um membro da família, um empregado ou até mesmo um órfão – mediante a oferta de emprego. "Tão benévola, a lei assegura, inclusive, o direito de um refugiado ou asilado a também patrocinar um parente", informa Saraiva.
"A chave para a solução dos problemas enfrentados pelos indocumentados – miséria, opressão, injustiça, fome e violência – passa, necessariamente, pela transformação de mentalidades", ele assinala. "Tudo deve ser feito para que os 'ilegais' deixem de ser vistos como ameaça aos nativos e sejam respeitados como população capaz de trazer benefícios e somar força de trabalho nos países que os recebem".
Estimulam a produtividade
Para tanto, conforme constata, há necessidade imperativa de organização e mobilização da sociedade e de segmentos religiosos. Documento do PNUD, amplamente divulgado, enfatiza a necessidade de os governos perceberem as vantagens dos trabalhadores vindos de fora, especialmente em momento de crise econômica e desemprego. "Ao contrário do que normalmente se acredita, os imigrantes estimulam a produtividade e dão mais do que recebem", afirma a principal autora do estudo, Jeni Klugman. "Muitos imigrantes encontram-se duplamente em risco. Sofrem com desemprego, insegurança e marginalização social, e ainda assim são apontados como o cerne do problema”.
Segundo o relatório, a controvérsia provocada pela entrada de trabalhadores imigrantes com poucas qualificações é "desmesurada". Para aqueles que acreditam que os estrangeiros são responsáveis pela criminalidade e redução dos níveis salariais e que eles "roubam" o emprego de nativos e sobrecarregam os serviços públicos, o PNUD ressalta que as investigações mostram que "estes efeitos são geralmente pouco significativos e podem, em alguns contextos, ser totalmente inexistentes".
O informe aponta ainda as remessas de dinheiro feitas pelos imigrantes aos familiares nos países de origem, como causadoras de impactos positivos nas nações em desenvolvimento. Se a renda sobe, o consumo se mantém aquecido, esse reflexo positivo pode ser notado não só na educação e na saúde, mas também no aumento da estrutura social e cultural dos indivíduos.
Esse movimento na economia leva ainda à criação de mais empregos. O Brasil, por exemplo, recebe mais de US$ 5 bilhões anuais em forma de remessas de seus cidadãos residentes nos EUA, dos quais quase um milhão são indocumentados. O apoio governamental a respeito da relevância do patrocínio dessas pessoas é imprescindível para aqueles que não contam com nenhuma ação político-diplomática de amparo das autoridades estrangeiras. Ou seja, vivem à sombra da lei.
Religiosos convocados para mobilização
Estudo elaborado pelo teólogo Daniel Carroll R. aponta razões para a fuga desesperada de imigrantes de seus países, entre as quais, guerras,perseguições políticas, desastres naturais, dificuldades econômicas e pressões provocadas pela instabilidade econômica mundial. “O imenso fenômeno demográfico de multidões em movimento tem sido verificado em todos os níveis e em todos os países. Precisamos saber a maneira como os cristãos, por exemplo, enfrentarão essa realidade cruel e desconfortante; onde e com quem poderão contar os confessos seguidores de Jesus, Buda e Maomé, entre outros, para enfrentar o dilema vivido por indocumentados”. Cita ainda: "É dever das comunidades de fé oferecer a esses irmãos, por suas obras, o testemunho para sociedade. Jesus começou sua vida como refugiado, quando sua família foi forçada a fugir do Egito para escapar do massacre decretado por Herodes. (Mateus 2)”.
Segundo Saraiva, nações de comunidades tradicionalmente religiosas devem "não apenas propalar a fé e suas doutrinas, mas praticá-las como exercício de solidariedade e compaixão, disseminando justiça social". "São esses os princípios fundamentais, filosóficos e doutrinários aos quais devem convergir todas as religiões".
Tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos quase metade dos imigrantes são cristãos. De acordo com pesquisa feita pelo Fórum Pew para Religião e Vida Pública, os cristãos representam quase metade dos imigrantes do mundo. Das 214 milhões de pessoas que vivem fora do seu país, cerca de 106 milhões são cristãs. Dentro da União Europeia o número de imigrantes cristãos também é alto: 47 milhões de migrantes, dos quais, 26 milhões se declaram cristãos e 13 milhões muçulmanos. O estudo mostra também que a maioria dos cristãos escolhe como destino os EUA, onde 74% dos imigrantes (43 milhões de estrangeiros) são cristãos, a maioria vinda da América Latina.
Alcançar a legalização significa a realização do sonho que milhares de indocumentados têm de livrar-se da clandestinidade e poder sair nas ruas sem medo, participar de reuniões nas escolas de seus filhos sem o receio da discriminação a sua situação de “ilegalidade” e poder buscar assistência médica em hospitais públicos quando estão doentes, sem o temor de serem descobertos.
EXIGÊNCIAS LEGAIS
Para que a pessoa assuma a postura de "patrocinador", basta ser cidadão dos EUA e desejar ajudar completando o formulário de imigração I-864 e uma declaração juramentada de apoio a um imigrante sob a seção da Lei 213A, conforme esclarece a agência de imigração. O termo solidariedade pode ser definido como a adesão circunstancial à causa de outros. Essa cooperação deve ser sentida nas relações socioeconômicas de forma a diminuir diferenças abismais existentes entre as nações desenvolvidas e as que ainda se encontram em desenvolvimento.
Ser solidário não é só prestar ajuda. Essa contribuição também implica um compromisso com aquele a quem se oferece solidariedade, pois a proposta da ação é que ela seja feita indiscriminadamente de religião, nacionalidade, sexo, raça ou afiliação política.
1º passo
Certificação trabalhista e determinação de salário mínimo obtido numa agência do Departamento do Trabalho, precedido de anúncios para recrutamento de mão-de-obra em jornais ou revistas.
2º passo
Solicitação de visto de imigrante ao patrocinador dirigida ao Departamento de Imigração. O empregador deve demonstrar capacidade econômica de provar que pode pagar o salário oferecido. Caberá ao empregado estrangeiro provar que tem formação ou experiência para desempenhar o trabalho a ser exercido.
3º passo
Apresentar petição para residência permanente ao Departamento de Imigração para mudança de status imigratório onde devera incluir o cônjuge e filhos solteiros menores de 21 anos
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