A mobilização dos carteiros começou há meses, mas o momento agora exige o esforço maior
MONTEZUMA CRUZ
BRASÍLIA – Carteiros da Amazônia e de outros estados acamparam nesta segunda-feira, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, para pedir aos parlamentares a rejeição do veto ao Projeto de Lei da Câmara dos Deputados nº 6/2002. Eles defendem o voto contrário ao item 11 da cédula única de apreciação de vetos, por entender que a medida representa “uma aposentadoria digna e justa, com a qual ganham os Correios e o Brasil”. A votação da matéria está prevista para a sessão co Congresso Nacional nesta terça-feira, às 19h, informa a secretaria-geral da mesa da Câmara.
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Aposentadoria em jogo: carteiros esperam sensibilizar parlamentares / O DIARIO |
Segundo os carteiros, a aposentadoria de 12.258 trabalhadores proporcionará aos Correios, em valores de 2006, uma economia de R$ 1,26 bilhão por ano, com a qual seus lucros serão aumentados para R$ 1,8 bilhão/ano, ou, se o governo federal preferir, a contratação de 34.035 novos empregados.
“É uma providência que se impõe não somente como medida de isonomia e de justiça, mas, principalmente, como medida de inteligência administrativa”, apela a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). O técnico postal Bertones Marques de Souza, da Diretoria Regional do Acre, disse que essa economia proporcionaria um acréscimo de 11.461 empregos na cadeia produtiva e operacional da empresa. Para a Federação dos Aposentados e Aposentáveis dos Correios (Faaco), se forem atendidos, os carteiros terão assegurado um tratamento igualitário com os 8.450 trabalhadores que foram contemplados com o benefício da Lei 8.529 de 14 de dezembro de 1992.
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Bertones lembra que economia soma R$ 1,26 bilhão / M.CRUZ |
De gabinete em gabinete,
a última mobilização
BRASÍLIA – A mobilização dos carteiros começou há meses, mas o momento agora exige o esforço maior. Por isso, o xapuriense Bertones de Souza passou a segunda-feira de gabinete em gabinete, na Câmara e no Senado, a fim de pedir o apoio dos parlamentares ao pleito da categoria. Carrega documentos dos trabalhadores na ativa e de aposentados.
Souza ingressou nos Correios em 1983, aos 19 anos, na função de manipulista. Fazia triagem da correspondência na agência central, em Porto Velho. Casado, tem uma filha de 19 anos e adotou um filho há dois anos. Na capital de Rondônia, trabalhou entre 1983 e 1987. Fez curso em Belo Horizonte (MG) e gerenciou a agência de Guajará-Mirim, na fronteira brasileira com a Bolívia, em Rondônia, ali permanecendo até 1989. Reclassificado naquele ano, ele passou a ser supervisor e técnico postal pleno, função que até hoje exerce na agência de Rio Branco.
Funcionários e aposentados dos Correios no Estado de São Paulo também foram à Câmara nesta segunda-feira, com o mesmo propósito de Souza.
“Correios vivem um grave momento”
BRASÍLIA – O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos de Sergipe (Sintect), Orlando Sérgio Santos, denunciou na semana passada que um grupo dentro dos Correios está sabotando a estatal para que a população brasileira veja que o Governo tem motivos para privatizá-la. Sistemas que caem constantemente, lugares sem receber cartas e Sedex com até 15 dias para chegar aos destinatários são alguns dos problemas revelados.
"Estamos vivendo um momento gravíssimo nos Correios. O sistema de pagamento do INSS, por exemplo, quase que não funciona no interior, pois ele cai constantemente, e fica assim por mais de 4h. Não é algo comum o que está acontecendo agora, pois estão querendo privatizar", disse Santos. "Se o cliente postar um Sedex via sistema de Correios Web, o destinatário só irá receber com mais de 15 dias. Pode-se dizer que as correspondências estão vindo de carroça", acrescentou.
Segundo ele, a demora para a entrega se deve, principalmente, ao número defasado de funcionários.
"Lançaram o PDV (Plano de Demissão Voluntária) para diminuir o número de funcionários, cortaram o pagamento de horas extras. Eles estão diminuindo a quantidade de empregados, enquanto o número de serviços aumenta. Antigamente o carteiro tinha tempo para dar explicações sobre dúvidas dos clientes, em relação à Bolsa Família, pagamentos e até títulos de capitalização. Hoje o número de carteiros está tão diminuto que temos que fazer tudo às pressas", contou. Ele seguiu dizendo que o número de carteiros é tão pouco, que um só funcionário entrega cartas em vários municípios.
"O carteiro vai um dia para uma cidade e outro dia para outra, e as cartas vão se acumulando na central. Para a população, em geral, é o carteiro que não quer ir trabalhar, pois ele só vai uma vez por semana na cidade", ressaltou o secretário geral do Sintect. Ele revelou ainda que em Sergipe, 20 carteiros já aderiram ao PDV e no Brasil o número já chegou a quatro mil.
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopiniao e do OpiniãoTV
Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)