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Montezuma Cruz

Casa do Ancião resgata laços familiares perdidos e dá dignidade a idosos em Porto Velho


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No momento, a Casa necessita de cuidador físico e voluntários na área de enfermagem

Não basta a presença diária de técnicos de enfermagem, enfermeiras, cuidadores, da fonoaudiologia, médicos, motoristas, pessoal da cozinha e da equipe da lavanderia. Idosos em Rondônia e no País são totalmente dependentes do resgate dos próprios laços familiares perdidos ao longo do tempo.

O sorridente João Batista viveu situação de abandono. E só virou cidadão por decisão judicial obtida pela Casa do Ancião São Vicente de Paulo, mantida pela Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seas). Chegou à Casa do Ancião (região central de Porto Velho) sem qualquer referência familiar ou de procedência. Dizia simplesmente ter esse nome, mas não apresentava um só documento comprovando.

A direção da Casa decidiu fazer busca nos cartórios. Em vão. Há muitos Joãos com sobrenome Batista, homônimos de Norte a Sul. E Batista de quê? Dessa maneira, ele foi legalmente internado,  graças ao exame de idade óssea feito no Instituto Médico-Legal e à certidão de nascimento autorizada por um juiz de direito.

Colecionador de chapéus e bonés, João Batista, uma das mais agradáveis fisionomias desse abrigo, recebeu certidão dando-o como nascido em 1º de janeiro de 1942, o que lhe atesta 75 anos de idade. Agora tem cédula de identidade e cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2005, o Ministério Público Estadual enviou para o abrigo, Ana Maria Oliveira, hoje com 60 anos, e com problema mental. Ela chegou com a mãe, que também fora internada. Moraram juntas até pouco tempo, completamente ignoradas por familiares.

Em situações assim, a direção da Casa tem obtido apoio do Serviço de Atendimento Multidisciplinar Domiciliar (Samd), embora o artigo 16 da seção I do Regimento Interno determine que o acolhimento seja feito a pacientes sem problemas mentais, distúrbios de convívio social, uso de bebidas alcoólicas ou drogas farmacêuticas.
 

BAILE, SORVETE, PASSEIOS

Oficialmente, a Semana do Idoso irá até o próximo domingo (27), entretanto, a partir de segunda-feira (28), moradores da Casa do Ancião almoçarão no Restaurante Prato Cheio, farão pique-nique no Espaço Alternativo, visitarão a Colônia Viçosa e dançarão à vontade no festival de sorvetes que a Seas promoverá em sua homenagem.

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João Batista ganhou nome graças à Casa do Ancião

O restaurante popular fica no bairro Mariana (zona Leste da Capital) e a colônia, na antiga Estrada dos Japoneses. Antes de ir para a Casa do Ancião, Antonio Silva Santos, apelidado de “Filho de Deus”, morou na colônia, onde tem um casal de compadres.

A partir da próxima segunda-feira (28), as equipes de voluntários da Casa darão sequência às comemorações da Semana do Idoso, promovendo, além dos passeios, show musical, baile de máscaras e lanches.

“Todo voluntariado é bem-vindo e manifestamos gratidão a todos que até então contribuíram com esse trabalho”, disse a secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Valdenice Domingos.

Para o Batalhão de Polícia Militar Ambiental, esse chamamento já foi compreendido. “Outro dia, o comandante nos comunicou a doação de 100 quilos de tambaqui”, comentou a diretora da Casa, assistente social, Dejanira Maria Silva.

Cadastrada no programa Mesa Brasil, do Sistema S (Sesc-Senac e outros órgãos), e na Companhia Nacional de Abastecimento, a Seas vem recebendo grãos, frutas e hortaliças de excelente qualidade e obtendo redução de custos nesse setor.

“Temos duas turmas de fonoaudiologia, o estoque de medicamentos está em dia, mas carecemos e aceitamos o trabalho de um educador físico e mais técnicos de enfermagem”, avisou Dejanira Silva.

Anteriormente, a  Casa recebeu cadeira de rodas, bengalas, andadores, peças de roupas, analgésicos e diversos medicamentos.

Fisioterapia no leito já é possível, graças ao apoio de universitários designados pela Faculdade São Lucas. Eles cuidam de pacientes vítimas de agressões sofridas na própria família – há situações de maus-tratos –, debilidades motora e psíquica, diabetes e problemas cardíacos.

Religiosos e sócios de clubes de serviço marcam presença. Visitas podem ser feitas diariamente, entre 15h e 17h. Nesse período, os idosos têm lanche e, quando se dispõem, podem participar de atividades de recreação.

No momento, o quadro de colaboradores diretos é formado por seis funcionários da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), quatro da Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas (Vepema) e um grupo de técnicos de enfermagem, apoio psicológico e recreação. Ao todo, umas 30 pessoas.

Dejanira e a técnica administrativa, Miriam Mesquita, organizaram o recebimento de doações, que podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h.

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Nos anos 1970, Casa recebia migrantes; reformas foram feitas pelo Lions Club e Rotary Club


40 ANOS

Em janeiro de 2011, a Seas recebeu a Casa com escassez de recursos humanos qualificados nas áreas de saúde e de assistência e um reduzido quadro reduzido de cuidadores.

A estrutura de atendimento para oito mulheres e 21 homens – é boa: 33 servidores próprios e nove cedidos pela Sejus. Estes atendem à cozinha e executam serviços gerais.

A vulnerabilidade social de idosos é uma das chagas brasileiras também na Capital de Rondônia. Para atenuá-la, existem institutos de longa permanência, a exemplo da Casa do Ancião. Outras casas semelhantes funcionam em Ariquemes, Guajará-Mirim, Ji-Paraná e Vilhena.

Construída há 40 anos pelo Lions Club Rio Madeira, a Casa do Ancião foi reformada algumas vezes. A primeira reforma data de 27 de setembro de 1978, coincidentemente, Dia do Ancião. O Rotary Clube construiu a capela, onde é celebrada missa às quintas-feiras.

No final dos anos 1970 regularmente recebia migrantes. Hoje, batem à porta pessoas carentes levadas pela assistência social do município e do estado.

Se você quiser ser voluntário na Casa do Ancião, telefone para (69) 3216 5105 ou 8482 9947.


Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Maicon Lemes
Secom - Governo de Rondônia

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