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Montezuma Cruz

Com 10 mil toneladas por mês, açaí do Pará ganha o 'selo verde'


 
 

Cooperação técnica deve contemplar produtores de uma cidade “ecologicamente correta”, onde existem até “bicitáxis” 

AGÊNCIA AMAZÔNIA (*)

BELÉM, PA – O Governo do Pará está entregando licenças ambientais para exploração de açaizais e assina um termo de cooperação técnica para o setor. "Se eu puder vender meu açaí lá fora, com preço melhor do que aqui, vai ser muito bom", disse o agricultor familiar Clodovis Pureza, 60 anos, ao aguardar ansioso a chegada da governadora Ana Júlia Carepa ao município de Afuá, no Arquipélago do Marajó, distante 254 quilômetros de Belém por via aérea. Ana Julia visita o município nesta quinta-feira, para entregar 1.978 licenças. 

Com isso, estará garantida a atividade agrícola ambientalmente correta. "A licença ambiental dá garantias ao produtor e funciona como uma espécie de selo verde, exigido pelos mercados compradores da Europa, os quais comercializam produtos que não trazem danos ao meio ambiente", disse acoordenadora de Gestão e Regionalização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Andrea Mota. 

Afuá fica no Arquipélago do Marajó, na divisa paraense com o Estado do Amapá. É conhecida por "Veneza Marajoara" (numa alusão à cidade italiana). Possui muitas palafitas e ruas em concreto. A bicicleta é o único meio de transporte, já que uma lei municipal proíbe a circulação de veículos automotores. A circulação dos moradores é feita por meio dos chamados "bicitáxis". 

10 mil toneladas por mês 

O açaí representa aproximadamente 70% da fonte de renda da população ribeirinha. Afuá é o segundo produtor de açaí do Pará, chegando a comercializar 10 mil toneladas por mês, segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater). O município de Igarapé-Miri, na região do Tocantins, lidera a produção. 

"Nós temos 600 associados, e a maioria é produtora de açaí. Este ano já foram liberados R$ 300 mil pelo Programa Nacional de Agricultura Familiar, administrado pela Emater, aqui em Afuá", informou o coordenador do escritório local da Emater, Alfredo Rosa. 

O prato principal da culinária local é o camarão. De 23 a 26 de julho é promovido o Festival do Camarão, que este ano chega a sua 20ª edição. O município tem cerca de 40 mil habitantes e recebe, durante o Festival, mais de 30 mil pessoas, conforme dados da Secretaria Municipal de Lazer e Turismo. 

Quem foi ao Pará, parou. Bebeu açaí, ficou. 

Com 10 mil toneladas por mês, açaí do Pará ganha o 'selo verde' - Gente de Opinião

Área de produção de açaí do agricultor familiar Clodivis, ao norte do Arquipélago do Marajó, na Microrregião dos Furos de Breves /DAVID ALVES

BELÉM – O açaí, todos são unânimes em afirmar, tem a cara do Pará e um ditado resume bem o que ele significa para o Estado: "Quem foi ao Pará parou. Tomou açaí, ficou". E só em Belém estima-se que haja cerca de três mil pontos de venda de açaí já processado e um consumo diário em torno de 440 mil quilos. E a cada dia cresce o interesse de outros Estados brasileiros por essa fruteira nativa da Amazônia. 

O Rio de Janeiro, por exemplo, consome cerca de 500 toneladas por mês e São Paulo 150. Para outros países seguem aproximadamente mil toneladas mensalmente, principalmente para o Japão, Holanda, Estados Unidos e Itália. Neste caso o açaí segue em forma de mix, um composto que mistura o suco do açaí a outros produtos como guaraná e acerola, dando-lhe uma roupagem de produto natural e saudável. 

Embora a predominância dessa produção seja oriunda de açaizais nativos, estima-se que o Pará tenha hoje 3.500 hectares de açaizeiros cultivados em condições de terra firme, só que originários de sementes que não passam por nenhum critério de seleção e trazem consigo variações em produtividade e em rendimento de polpa. 

É neste momento, segundo o pesquisador João Tomé Farias Neto, coordenador do projeto que culminou com a cultivar Pará, que a presença da pesquisa se faz necessária ofertando material genético adaptado às condições ideais para o êxito da cultura. 

Mas chegar ao que todos almejavam não foi tão fácil, relembra o pesquisador. As limitações orçamentárias que têm marcado os projetos de pesquisa foi, para João Tomé, um dos pontos restritivos mais importantes, felizmente amenizados com o convênio que a Embrapa Amazônia Oriental manteve durante cinco anos com a Jica (Agência de Cooperação Técnica do Japão) e um projeto financiado pelo Funtec (Fundo de Apoio à Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Pará). 

O crescimento em termos de produção e de demanda aumenta ainda mais a responsabilidade da pesquisa. Atualmente a produção nacional do açaí está em torno de 123 mil toneladas/fruto/mês, sendo o Pará responsável por mais de 92% do total, movimentando anualmente cerca de R$ 63 milhões.
 
Um cenário que vem aumentando em média 10% ao ano, nos últimos seis anos, principalmente devido ao aumento da área plantada, da ampliação da colheita em áreas nativas e aumento também da produção. A retração da extração de palmito de açaí, que no final da década de 80 era intensa e desordenada, também tem contribuído para o crescimento da produção de frutos. Hoje é mais rentável investir na polpa do que no palmito. (Ruth Rendeiro) 

(*) Com informações de Edir Gillet, da Agência Pará

Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e do OpiniãoTV.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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