Segunda-feira, 10 de setembro de 2018 - 13h59
MONTEZUMA CRUZ
Ando a pé em Porto Velho e me arrepio ao ver grades sacudirem com cães raivosos. Se o cão estiver encarnado em algum humano, tenho razão maior para me arrepiar.
Há cães raivosos na Avenida Calama, trancados no cadeado para proteger casas luxuosas. Passo em frente a eles toda a semana, nos bairros Igarapé e Flodoaldo Pontes Pinto.
A ninguém importa, possivelmente, até a mim mesmo, em quem votaria para presidente da República. Sou um dos milhões de brasileiros angustiados com a crise apocalíptica vivida pelo País, porém, procuro não entrar em ciladas ou ilusões animalescas.
Quem saiba possa afirmar em quem não votaria: tenho três abomináveis, dispensáveis e visivelmente atacados por espíritos obsessores. Alguns, fardados ou não, ousam falar em nome de Deus.
Não aceito amedrontar-me depois de tantos anos de contemplação do cenário político nacional, entretanto, preocupa-me a possibilidade do terror de Talião (*) voltar, séculos depois sob qualquer governo – o “meu”, o “seu”, “o dele”, estimado leitor.
Feita a lista, menciono apenas o mais inconsequente do trio: o capitão.
Há 49 anos trabalhando aqui e a acolá, do lado de cá a maioria deles, e de outro do balcão, por um período, aprendi lições de diferentes mestres e de multifacetados aspectos.
Por princípios, e ainda conservo os melhores, desde que os aprendi com meu pai e minha mãe na pobreza das barrancas do rio Paranapanema, tanto no lado paranaense quanto no Pontal paulista.
Não voto na pessoa que nem pisca os olhos ao vociferar frases assim:
“Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso”.
“Eu sou favorável à tortura”.
“O erro da ditadura foi torturar e não matar”.
“Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater”.
Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas, não fazem nada, nem para procriador serve mais”.
“Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque ela não merece”.
“Foram quatro homens, a quinta, eu dei uma fraquejada, e veio mulher”.
“Meninos têm de aprender a atirar desde cedo, ou, então, os pais correm o risco de vê-los brincando de boneca”.
Nem no hospital, após ser agredido na semana passada, sossegou o facho. Em vez de pedir paz, dá sinal de empunhar o revólver. Talvez, pedir paz seja humilhante para um soldado que não aprendeu todas as lições cristãs.
Nem de longe o capitão candidato imitou o Papa João Paulo II, ao perdoar Mehmet Ali Agca, o turco que no dia 13 de maio de 1981 tentou assassiná-lo, a facada.
É muita pequenez para uma pessoa só, acredito e lamento. Pessoa que pelo ato de zombar como tem zombado em suas andanças; diminuir e desrespeitar preconceituosamente os outros, ele tem seus dias políticos contados porque não conseguiria colher tantos espinhos em quatro anos de mandato.
(*) Lex talionis (lex: lei e talio, de talis: tal, idêntico), também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Esta lei é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente.
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