Seis anos atrás, Rondônia perdeu a chance de instalar um frigorífico de suínos em Colorado do Oeste, a 761 quilômetros de Porto Velho. Mesmo contando com a aprovação de recursos financeiros oriundos do Fundo de Desenvolvimento Industrial (Fider), a Secretaria da Agricultura “dormiu de touca”, deixando de colocá-lo entre suas prioridades.
Em 2020 o rebanho de suínos do município era de 5.363 cabeças, segundo levantamento do IBGE. Já a vizinha Cerejeiras totalizava 2.748 no mesmo período, enquanto Cabixi acumulava 4.379 cabeças. Somando-se às compras de porcos de Mato Grosso e até mesmo da Bolívia, o plantel para o abate seria significativo, avalia a Associação dos Criadores de Colorado do Oeste.
Segundo o presidente da entidade, Ênio Milane, já naquela ocasião um frigorífico de suínos daria maior competitividade aos municípios da região conhecida por Cone Sul. Tanto que a direção do Fider até solicitava da Secretaria de Finanças o aumento de R$ 2 na pauta do suíno vivo vindo de outros estados.
Inconformado com “a propaganda política dos que hoje se apresentam como candidatos do agronegócio” e questionando o próprio desempenho público do ex-secretário da agricultura Evandro Padovani, o dirigente da Associação dos Criadores lembra que seis anos atrás o Conselho Econômico do Estado de Rondônia (Conder) tratou do assunto com a presença de representantes de outras secretarias, da Federação das Indústrias, e de representantes do setor privado.
Até então, 70% da carne suína aqui consumida veio de outros estados, queixa-se Milane. E indaga: “O que aconteceu de bom neste governo? – Nada. As agroindústrias? – Nada avançaram. Até a piscicultura diminuiu o potencial.”
SAIU NO DIÁRIO
Milane mostrou um exemplar do Diário Oficial do Governo de Rondônia, edição de 29 de agosto de 2016, onde fora publicada a autorização para abertura de chamamento público limitado ao valor de R$ 4 milhões para a compra de equipamentos destinados ao processamento da carne suína no estado, incluindo o abate.
Naquele período, o Acre obtinha recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e facilitava à iniciativa privada a construção de um frigorífico que passaria a industrializar a carne suína por lá.
Em Porto Velho, o então vice-presidente da Emater, Francisco Mendes de Sá Barreto Coutinho, apontava possíveis ganhos do estado caso Colorado do Oeste instalasse loco a sua planta: “O maior aproveitamento das cadeias produtivas do milho e da soja; a oferta de empregos e renda; e o incentivo à agricultura familiar.”
Naquela ocasião, executivos do Fider relatavam que tal projeto atendia à mobilização da Associação dos Criadores de Colorado do Oeste. Eles sugeriam à Seagri o aporte de investimentos de R$ 8 milhões, o suficiente para atender à construção civil, aquisição de máquinas e equipamentos para a industrialização.
A Procuradoria Geral do Estado orientava a abertura do chamamento público “para qualquer associação que se propusesse a investir R$ 4 milhões (a metade) em instalações físicas”, enquanto o governo estadual investiria os R$ 4 milhões garantidos pelo Fider. Não haveria repasses, mas sim, a cedência dos bens patrimoniais a título de comodato. Após o prazo de dez anos, com o cumprimento do cronograma físico-financeiro, esses bens passariam a integrar o patrimônio da entidade.
Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)