Segunda-feira, 22 de janeiro de 2018 - 14h47
Em 119 escolas espalhadas por 14 municípios de Rondônia, 3,6 mil alunos de 54 povos indígenas se identificam melhor, mantêm a língua materna e, ao mesmo tempo, adquirem os saberes do terceiro milênio via satélite.
“Todas as escolas com energia elétrica ganharão internet, facilitando a formação online e o ingresso no Diário Eletrônico da Seduc; em mediação tecnológica, Guajará-Mirim iniciou com o 1º ano e prepara a expansão”, adiantou o coordenador do Ensino Indígena Antônio Puruborá.
Vinte novas escolas serão construídas em 2018. Também serão editados livros e cartilhas em língua materna/Português.
No primeiro mês de 2018, Puruborá e a gerente de modalidades temáticas especiais (*) Ana Lúcia da Silva Silvino Pacini alinham as conquistas do ano passado e preveem como será este ano. Atualmente, há 195 professores níveis A (participantes do Projeto Açaí) e B (Açaí mais curso intercultural na Unir).
“Rondônia foi o primeiro estado a contratar por concurso público professores com nível superior; antes, a Bahia contratou apenas os de nível A”, destacou Puruborá. Até agora são duzentos contratados.
Na terceira versão, o Projeto Açaí deverá formar mais cem até o final de 2018. Dos dez módulos, sete foram concluídos. “A formação continuada de indígenas e não indígenas permitirá o crescimento do projeto e melhor qualidade”, afirmou Ana Lúcia Pacini.
Segundo ela, a medida possibilita que o professor antes aprenda a respeito da história, cultura e tradições de cada povo, e não apenas quando chega à aldeia.
Atualmente, a gerência de modalidades projeta com a Seduc a criação de uma equipe gestora em coordenadorias regionais de educação, visando ao apoio pedagógico aos professores. A equipe será formada por diretor, supervisor e secretário. Guajará-Mirim, por exemplo, tem 30 escolas em funcionamento. A Procuradoria Geral do Estado definirá a devida gratificação parta supervisores.
Vinte novas escolas serão contempladas com investimentos do convênio entre a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e a Usina Jirau, abrangendo áreas do povo uru-eu-au-au ao kaxarari e aldeias de Guajará-Mirim e Nova Mamoré.
O estímulo impulsiona a equipe. Vencedora do Prêmio Educador Nota 10, a professora Elizângela Dell-Armelina Suruí, da aldeia Nabekod Abadakiba, mesclou o estudo da língua portuguesa e da língua de seu povo. O professor Alexandre Suruí produziu o trabalho “Respostas para o amanhã”, resgatando plantas medicinais; e os alunos Oikolalap Sulivan Suruí e Charles Oywewamê Suruí, apresentaram na Feira de Rondônia de Científica de Inovação e Tecnologia (Ferocit) o alisante natural para cabelos, que criaram após o estudo da planta Pãrha sihn.
“O desenvolvimento da educação indígena com políticas públicas é fato notório na gestão compartilhada unindo professores e lideranças, uma vitória do governo estadual” – Antônio Puruborá
Pouco depois desse resgate aconteceu em dezembro a posse de 22 sabedores e 14 técnicos indígenas dedicados a conhecimentos tradicionais, cujos resultados beneficiarão exclusivamente aldeias em todo o estado. Havendo apoio oficial, poderão ser compartilhados com outras regiões do País.
“Este é o diferencial que o governo proporciona, incluindo ainda a escrita e a história que são passadas para novas gerações”, comentou Puruborá.
Seis camionetes atendem as aldeias e mais oito serão adquiridas este ano, junto com barcos para o transporte fluvial de pessoas e equipamentos. Os carros facilitarão o acesso às aldeias para entrega de alimentos, materiais diversos e a assessoramento pedagógico aos professores em Cacoal, Extrema, Jaru, Ji-Paraná, Nova Mamoré, Ouro Preto do Oeste e São Francisco do Guaporé.
E o comprometimento maior com as etnias rondonienses subirá mais um degrau em fevereiro próximo, quando será instalado o Conselho Estadual Indígena com 15 membros indicados para deliberar sobre políticas públicas no setor.
“O desenvolvimento da educação indígena com políticas públicas é fato notório na gestão compartilhada unindo professores e lideranças, uma vitória do governo estadual”, disse o coordenador.
Por haver instituído o concurso público no setor, Rondônia tornou-se referência nacional. Puruborá participará da mesa especial que debaterá o tema na conferência nacional no próximo dia 22 de março, em Brasília. Anteriormente, ele participou de outras em Pesqueira (PE) e Florianópolis (SC).
Quinze aldeias escolheram delegados e dos aproximadamente 300 que representaram suas comunidades na Conferência Estadual Indígena, 30 irão a Brasília.
(*) Modalidades Temáticas Especiais abrangem quilombolas, indígenas, especiais, prisionais. educação de jovens e adultos e temas transversais [ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual, trabalho e consumo e pluralidade cultural]
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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Jeferson Mota e Seduc
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