Para coordenador do movimento, Acilino Ribeiro, manobra “envergonha o País”. Ele lamenta a “chantagem no Congresso”. Eleições de 2010 são desconhecidas pela maioria do eleitorado consultado.
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
BRASÍLIA – Além de enfrentar manobras dentro do próprio Congresso Nacional Brasileiro, as eleições diretas no Parlamento do Sul (Parlasul) agora estão ameaçadas por indícios da presença no País de agentes de espionagem do Mossad (Serviço Secreto israelense) e da CIA (Central de Inteligência Americana). A denúncia foi feita esta semana em Brasília pelo coordenador do Movimento Democracia Direta, advogado Acilino Ribeiro. “Eles estão agindo a todo vapor em Brasília. A situação envergonha o País”, comentou, durante visita à Câmara dos Deputados.
Há pelo menos 15 anos, jornais paraguaios já denunciavam a presença de agentes do Mossad em Ciudad del Este (ex-Puerto Stroessner), no Departamento de Alto Paraná, na fronteira paraguaia com o Brasil. Quando ocorreram as denúncias, a própria Polícia Federal em Foz do Iguaçu admitiu a presença de agentes estrangeiros na região. A região fronteiriça tem pelo menos 20 mil árabes, constituindo-se na segunda maior colônia da América do Sul, depois de São Paulo.
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O coordenador do Movimento Democracia Direta, Acilino Ribeiro, adverte para boicote entre congressistas e possível influência de organismos de espionagem "a serviços dos EUA" /DIVULGAÇÃO
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O MDD diz que o Departamento de Estado Americano (Pentágono) controla três canais de TV a Cabo que transmitem diariamente para toda América do Sul e mais 150 países “apenas reportagens de interesse do imperalismo”.
O prazo para regulamentação das eleições de 2010 está se esgotando, daí, conforme as denúncias do MDD, os serviços secretos “agirem para impedir a votação nos respectivos Congressos Nacionais de cada país – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. “Eles oferecem vantagens ou fazem chantagem com parlamentares, para evitar a regularização do pleito que escolherá os respectivos parlamentares nesses países signatários do Mercosul”, disse. “Vamos ter que revelar tudo o que apuramos estes dias”, ameaçou.
O representante do Comitê Uruguaio pelas Eleições Diretas no Parlasul, Hernandez Jarrim, disse que, a exemplo de parlamentares brasileiros, os do Uruguai também “tentam adiar a votação do projeto de regularização”. Em bate-papo on-line na Câmara, o deputado Florisvaldo Fier, Dr. Rosinha (PT-PR) lamentou que a mídia brasileira não tem dado destaque ao tema como se esperava que ocorresse.
Eleição desconhecida
Projeto de lei de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) em tramitação no Congresso propõe uma ampla campanha de divulgação do assunto, uma vez que mais de 90% das pessoas consultadas em pesquisas feitas em pontos estratégicos, entre os quais a estação Rodoviária de Brasília, “nunca ouviu falar que essas eleições acontecerão”.
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Zarattini apresentou projeto de lei para uma campanha pública de divulgação das eleições, que são ignoradas por mais de 90% das pessoas consultadas /AGÊNCIA CÂMARA
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“O povo brasileiro desconhece o direito de votar para membros do Parlasul. Essas eleições devem ter o caráter direto, secreto e universal, em obediência ao Protocolo de Constituição do Mercosul e com participação popular no processo”, defende Acilino Ribeiro.
Assuntos tabu
Ribeiro lembrou que esses agentes estão presentes nas discussões políticas dos movimentos sociais latino-americanos, como ocorreu recentemente em Curitiba. O diretor de Assuntos Internacionais do Fórum Argentino pelas Eleições no Parlasul, Juan Gonzalez Echeverria, também comentou as articulações e foi enérgico: “Junto com o Governo de Israel, a CIA e o Pentágono instalaram mesmo um escritório para prejudicar essas eleições. Por quê? Porque os EUA temem que elas politizem o povo brasileiro e sul-americano, com debates inteligentes, entre os quais, a instalação de bases militares na Colômbia objetivando invadir o Brasil e a Venezuela; a 4ª Frota que hoje cerca esses países; e a presença de agentes na Amazônia, infiltrados em diversos segmentos da sociedade.
No Paraguai, as eleições para o Parlasul foram feitas sob forte pressão dos movimentos sociais. Está prevista uma mobilização em Brasília, para pressionar o Congresso a apoiar o pleito. O movimento chama-se Fórum Brasileiro de Defesa das Eleições Diretas no Parlasul, representado por organizações populares de diversos estados brasileiros, informou Ribeiro à Agência Amazônia.
A advogada e professora Adriana Rebello defendeu uma investigação sobre “relações promíscuas” de parlamentares brasileiros que não desejam as eleições. “É preciso investigar essas relações deles com os serviços secretos dos EUA e de Israel São uns vende-pátrias e entreguistas” acusou, sem mencionar nomes. Possivelmente, o Fórum torne público esta semana os nomes de deputados e senadores que, segundo denunciam, “boicotam as eleições”.
Brasil pode ficar em posição vulnerável
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O representante parlamentar brasileiro, Dr. Rosinha, concorda: "O tema não vem sendo destacado como deveria" /AGÊNCIA CÂMARA
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BRASÍLIA – O número de parlamentares que cabe a cada país na composição do Parlasul é preocupante. Em bate-papo com internautas, na Câmara, o deputado representante brasileiro no Parlasul, Dr. Rosinha esclareceu que o último acordo aprovado no plenário do Parlasul estabelece que Paraguai e Uruguai mantêm-se com 18 membros cada um, e o Brasil com 37 entre janeiro de 2011 e dezembro de 2014. A partir daí serão 75.
Quanto à Argentina, informou que os membros são 26 na primeira etapa e 37 a partir de 2014. Mas ainda falta a aprovação deste acordo pelo Conselho do Mercado Comum. Ele teme que o Brasil fique numa posição vulnerável, porque a soma dos demais países participantes será maior do que a da nossa representação.
Os internautas fustigaram o deputado. Um deles opina: “O Brasil vai perder todas: são 37 contra 62 dos hermanos: 18 do Paraguai, 18 do Uruguai, 26 da Argentina. Todos vão querer tirar alguma coisa dos "imperialistas brasileiros". Dr. Rosinha explicou que o Parlasul adota a proporcionalidade atenuada, assim como o Parlamento Europeu. “Caso contrário, o Brasil iria se sobrepor em todas as decisões. Além disso, a formação de grupos políticos no âmbito do Parlamento do Mercosul pode se sobrepor ao enfoque meramente nacional, a exemplo do que acontece no Parlamento Europeu. Lá, os parlamentares se juntam não por nacionalidade, mas por afinidades ideológicas”, comentou. (M.C.)
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Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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