Segunda-feira, 31 de outubro de 2016 - 22h01
Motoristas do HB são protagonistas de muitas histórias na Capital e no Interior /Fotos Daiane Mendonça
Montezuma Cruz
Em Porto Velho
Dezoito motoristas se revezam em turnos de 12 x 24 horas no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, informa o porto-velhense José Carlos Souza, 64, chefe da divisão de transporte.
Ele compõe, canta e toca teclado. “Lancei meu CD e faço shows para aumentar o dinheiro da feira”, brincou.
A equipe viajou muito em ambulâncias modelos Veraneio (Manduquinha) e Caravan, consideradas “carros de barão” três décadas atrás. Estrada de chão nunca foi problema para Ovinésio Alves da Silva, 65, o Gato, seis filhos e 13 netos, nascido em Mossoró (RN) e atualmente morador do bairro Tancredo Neves.
“Sou motorista, mas tive momentos de técnico e socorrista; a gente precisava fazer massagem no doente e ajudamos a salvar bebês nascidos de partos complicados”, relatou.
Ovinésio veio menino para Rondônia, onde o pai, Julio Alves da Silva, foi soldado da borracha. Conhece os 52 municípios do estado. Antes, trabalhou cinco anos de motorista na Empresa de Transportes Andorinha, fazendo linhas entre Cuiabá (MT), Porto Velho e Boa Vista (RR).
“Já levei defunto para o Cabixi, a 850 quilômetros da capital”, conta Francisco Brandão Ribeiro, 57, nascido em Guajará-Mirim, hoje morador da avenida Rio Madeira, em Porto Velho.
Antes de ingressar nas jornadas que totalizam 34 anos de HB, ele também foi motorista da Andorinha no trecho Porto Velho-Manaus, pela BR-319.
“Conheci Itacoatiara e outros lugares muito lindos, o Lago da Democracia, em Manicoré foi um deles”, citou entusiasmado.
Filho da falecida enfermeira Elaíde Ferreira Brandão e do motorista Lauro Sena Ribeiro, outro motorista do HB, Francisco rende graças ao casal: “Me apoiaram muito em toda a vida; meu pai morreu aos 54 anos em 7 de outubro de 1979, dia do meu aniversário”.
Francisco conta que por um período ele e outros sofreram muito da coluna, pelo esforço de colocar e retirar padiolas com doentes nas ambulâncias. Mais tarde vieram as macas mais confortáveis.
João Raulino, 58, disse que antes do HB foi taxista em Porto Velho. Lembra das corridas aos garimpos do rio Madeira e das histórias do trem da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Dona Raimunda faz o café dos motoristas e zela pela divisão de transporte
Sentada ao lado, observando e ouvindo a conversa, a copeira Maria Raimunda, 69, viúva, três filhos, cinco netos, também compartilha causos e relatos da equipe.
Simples, essa moradora do bairro Caladinho diz que “só faz cafezinho e serviços gerais”. Na verdade, ela é uma das “coringas” do HB, pois anteriormente trabalhou até na segurança.
Lavadeiras madrugadoras
A amazonense de Manaus, Jacira da Silva Marques, 64, sete filhos, 11 netos, moradora do bairro Castanheira (zona Sul porto-velhense), entrou no HB em 1983. Antes, trabalhava na Empog, empresa de limpeza e asseio que prestava serviços ao governo do extinto território federal.
“Eu vim de lá com 28 anos de idade. Gosto muito do trabalho, das companheiras, da direção do hospital, e pretendo me aposentar aqui mesmo”, disse.
Outra amazonense, também nascida naquela capital, Maria Laíde Gomes, 60, tem um filho e dois netos, e também chegou jovem a Porto Velho, aos 24 anos. Sua folha de serviços é exemplar: antes desse emprego, trabalhava na empresa Estacon.
“Fui pedreira, carreguei muito tijolo na construção deste hospital. Depois arrumei a vaga. Lavamos roupas de todo lado, às vezes até do Cemetron”, ela relata.
Com 34 anos de casa, Maria Elza de Souza, 62, mãe de um casal de filhos, sai de ônibus do bairro da Balsa para se incorporar ao time das lavadeiras.
No turno corrido das 7h às 18h, às vezes elas movimentam até meia tonelada de roupa. Antigamente, o modelo era manual, atualmente a lavanderia industrial consome sete mil litros de água por hora.
“O senhor sabe, aqui nós atendemos a todos os hospitais e somos 17 em cada plantão”, contou Maria Elza.
Acriana, de Rio Branco, Maria Neusa de Farias, 68, veio para Porto Velho aos 19. É a recordista entre as mães: tem 11 filhos, apenas um falecido.
“Antes daqui, trabalhei no Hospital Santa Marcelina (no Km 17 da BR-364) e depois entrei na saúde do estado, onde estou há 30 anos”, informou a lavadeira moradora de Candeias do Jamari, a 24 quilômetros de Porto Velho.
“Pra chegar no horário, me levanto todo dia às 4h30”, disse.
Elenir Batista dos Santos, 54, quatro filhos e dois netos, também madruga no bairro Cohab Floresta “para não atrasar nem 15 minutos”. Antes da lavanderia, trabalhou dez anos em serviços gerais na Seduc, quando a sede ficava na Esplanada das Secretarias, no bairro Pedrinhas. “Depois, fui para o João Paulo e só saí quando fecharam a lavanderia de lá (entre 2014 e 2015)”, relatou.
Segundo Elenir, a equipe conhece peça por peça, e sabe de qual hospital veio.
José Alves e Ari. marceneiros, mecânicos e algo mais
Oficina geral
O cenário se repete. No período da manhã, integrantes da Divisão de Reparos (ou Manutenção) descarregam tubos de gás, medem e reparam peças de alumínio, cadeiras, ferro e outras. Consertam janelas, portas e portões.
Unem conhecimentos de carpintaria, marcenaria e mecânica. Usam alicates, chaves de fenda, martelos, maçanetas, solda elétrica, parafusos, perfuradoras, pregos e algo mais.
Logo cedo, estão em ação nos “fundos do HB”. Fazem serviços de carpintaria, marcenaria e mecânica.
Ari Rodrigues de Matos, 59, sete filhos e sete netos (seis mulheres e um homem), também nascido em Guajará-Mirim, lembra até a data de sua admissão: 1º de abril de 1981.
Tempos depois, foi transferido para o Banco de Sangue, onde lhe encarregaram de chefiar serviços gerais. “Fui até garoto-propaganda das doações”, ri.
Na sexta-feira (14) ele foi ajeitar as portas da Ortopedia. Entrou às 13h30 e saiu só às 19h30.
Acriano de Brasileia (fronteira brasileira com a Bolívia), José Alves da Silva, 69, tem um filho e dois netos. Atraído pelo surgimento do novo estado, mudou-se em 1982 para Rondônia, lá deixando a maior parte da família, incluindo-se quatro irmãos.
“Eu instalei os primeiros móveis do hospital e ajudei a colocar o equipamento de raio X”, conta orgulhoso Ari de Matos.
Bem humorado, José Alves lembra da ocasião em que Teixeirão visitou o Hospital Tropical e o flagrou jogando damas com os companheiros. “Ele me disse assim: não se preocupe, quem ganhar aí joga comigo; eu ganhei, mas fiquei nervoso e perdi rapidinho para o coronel”, conta.
Outro causo: “O Dr. Maués tocava as obras, e um colega nosso, o Ceará, impediu o governador de passar no meio, obrigando ele a dar a volta por fora do prédio. Teixeirão falou com o doutor, perguntou quem era a pessoa e disse que precisaria dele no palácio, porque sabia cumprir ordens iguais àquela que recebeu. O Ceará ganhou um emprego lá, mas não se adaptou porque teria que trabalhar ajeitado, bem vestido, de gravata. Ele não quis, porque se vestia com simplicidade”.
“Trabalhei dez anos no Cemetron com transporte e manutenção. De lá, um engenheiro me trouxe aqui para o HB”, disse Alves.
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