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Montezuma Cruz

Escola Barão sobe ao palco sexta-feira para comemorar 90 anos


 Escola Barão sobe ao palco sexta-feira para comemorar 90 anos - Gente de Opinião
Bira Lourenço, Jussara Assmann, Simone Piltz, Marcelo Lima, organizadores do musical

Montezuma Cruz
Em Porto Velho

Público porto-velhense, prepare seu coração.  Na próxima sexta-feira, dia 18, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Barão do Solimões lembrará seus personagens e contará um pouco da sua história, num show musical programado para o palco do Teatro Palácio das Artes, às 19h15.

Sessenta alunos e servidores escolares serão as estrelas da noite. O espetáculo com entrada franca mostrará composições de autores regionais, incluindo-se carimbó, baião, rap e reggae.

 “Direção e alunos promovem esse resgate que também mostrará ao público aspectos da criação do Território Federal do Guaporé anteriores ao território e ao Estado de Rondônia”, lembrou hoje (14) o diretor escolar Marcelo Lima de Araújo.

O projeto musical “Barão do Solimões – 90 anos. Faço parte desta história” foi elaborado com a equipe dos programas Mais Educação e Mais Cultura, com repertório de autores regionais, coral, percussão, violino e violões.

“Na verdade, são milhares de histórias convergentes neste marco da educação de Rondônia”, explicou a coordenadora do projeto “, professora Jussara Assmann.

O governador Confúcio Moura, a secretária de educação, Fátima Gavioli, diretores escolares e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançarão selo e carimbo alusivos ao nonagésimo aniversário.

Quem por ventura não for lembrado nessa noite, também fará parte do futuro memorial que será construído ao lado do estabelecimento, na Rua José Bonifácio, ao lado da Catedral do Sagrado Coração de Jesus. Pesquisa em andamento revelará capítulos interessantes  de diferentes épocas. Os 90 anos são lembrados desde o ano passado por diversos alunos, em jogos artísticos, robótica, jogos internos e oficinas, entre as quais, a de imagem “Inventar com a diferença”.

Os 90 anos são lembrados desde o ano passado por diversos alunos, em jogos artísticos, robótica, jogos internos e oficinas, entre as quais, “Inventar com a diferença”. Em outubro, a escola promoverá um show público abrilhantado por artistas que ali estudaram.

Solenidades alusivas ao aniversário começaram no dia 25 de agosto, com celebração de missa solene pelo arcebispo emérito de Porto Velho, dom Moacyr Grechi ,  e no dia seguinte, sessão solene na Assembleia Legislativa.

Houve um emocionante encontro de professores, ex-professores e funcionários em diferentes períodos. A aluna Yuna Terço Dias, bisneta de Pedro Macedo, que trabalhou na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, levou o avô Hilton Macedo. “Notamos desde o ano passado, o sentido de pertencimento das pessoas; elas se sentem parte da escola”, disse a professora Jussara.

Em Óbidos foi nascido
Às margens do Grande Rio
Do Pará por nascimento
Do Amazonas por brio
Não é filho da Amazônia
A quem muito ele serviu

Essas rimas serão lançadas no dia 18 próximo. O autor, José Medeiros de Lacerda, paraibano de Santa Luzia, escreveu “Barão do Solimões – 90 anos educando” e contribuiu graciosamente com a história do estabelecimento.

Quem foi o barão, patrono da escola? Segundo a Wikipedia, Manuel Francisco Machado, “primeiro e único barão de Solimões” foi advogado formado pela Universidade de Coimbra (Portugal) e jornalista editor de “Liberal”, jornal alinhado ao Partido Republicano Liberal. Paraense de Óbidos, ele foi também advogado e proprietário rural.

Recebeu o título de barão em setembro de 1889. Era comendador da Imperial Ordem da Rosa e da Imperial Ordem de Cristo. Presidiu a Província do Amazonas, de 1º de julho até 21 de novembro de 1889, após a Proclamação da República, e depois, senador e constituinte de 1890 a 1900.

Em seu curto governo dedicou especial atenção à instrução pública. Recebeu o título de barão, por decreto do Imperador dom Pedro II, em 25 de setembro de 1889.

Escola Barão sobe ao palco sexta-feira para comemorar 90 anos - Gente de Opinião
Alunos da escola, durante o intervalo; há fila para matrículas em 2016

TERCEIRO LUGAR NO ENEM

Mais de 800 alunos estão matriculados nessa escola criada em 1925, pelo decreto do Governo do Amazonas. É que naquela época a extensão do município de Porto Velho ainda pertencia ao vizinho estado. Atualmente funcionam as séries dos Ensinos Fundamental e Médio, e Educação de Jovens e Adultos.

Se a conquista do terceiro lugar entre escolas estaduais no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) entusiasmou a escola, também preocupou a direção: “Já temos fila de pessoas em busca de vagas para os filhos em 2016”, relata a diretora pedagógica Simone Piltez.

A escola atende as séries dos Ensinos Fundamental e Médio, e Educação de Jovens e Adultos.

Simone assinala que o projeto musical foi finalista entre mais de mil inscritos no Prêmio Arte na Escola, competição nacional promovida pelo Serviço Social da Indústria.

O espaço é limitado para enumerar tanta gente famosa ali educada. Algumas pessoas são muito conhecidas em Rondônia: o fotógrafo e diretor de cinema Jurandir Costa; o advogado Ernandes Segismundo; os jornalistas Adaídes Batista dos Santos (Dadá), Marcela Ximenes, Nonato Cruz e Sílvio Santos (Zé Katraka); e o cirurgião plástico Erlande, hoje em Belém (PA).

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Maria das Dores:
lembrança do sopão

AMOR À ESCOLA

Há diversos casos de amor entre ex-alunos e a escola. Alguns têm duas ou três décadas de trabalho: o professor Samuel Johnson estudou, trabalhou e, mantendo os laços, segue voluntário, treinando a equipe de basquete; a bibliotecária Nelly de Nazaré Ayres do Nascimento também permanece, juntamente com o porteiro Antonio da Cruz Reis, a secretária Auxiliadora Duran, a merendeira Maria das Dores de Souza , a professora de biologia Adriana de Mesquita e o professor João Bosco Villar.

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 Judite Holder, falecida aos 101 anos, foi auxiliar da direção

Do quadro docente, uma das servidoras escolares foi Judite Holder, que morreu em três de julho deste ano, aos 101 anos. Ela ingressou na em 1946, auxiliando a professora Lígia Veiga. Trabalhou em quatro outras escolas da cidade.

Com 21 anos de serviço, emocionada, a concursada merendeira Maria das Dores, 63 anos, conta que o pai foi pedreiro na Mineração Mibrasa, em área onde surgiu o município de Itapoã do Oeste, a 116 quilômetros de Porto Velho. De Macaíba (RN), ele trouxe a família para o Território Federal de Rondônia, em 1974.

Duas décadas depois, ela buscava verduras e canelas de ossos no Mercado Municipal e juntava verduras para produzir o cozidão reforçado servido às 9h30 aos alunos. “Quando comecei, a merenda usava produtos enlatados, depois recebeu sacos com charque; cozinhei muito baião. Durante três anos do meu trabalho, a criançada [meninos com até cinco anos de idade] deixava pratos e canecos amontoados, e a gente recolhia tudo”, contou.

Licenciado em música pela UFRGS e em pedagogia pela Unir, o percussionista Bira Lourenço interpreta ecleticamente um desses casos: “Comecei minha vida escolar aqui, fazia percussão na carteira e na mesa da professora e toquei surdo na fanfarra” – ele conta, batendo levemente na impressora.

Bira produziu os primeiros sons usando lápis, papelim e pentes. Era fã de sonoplastia: “Eu ouvia, me fascinava e decidia estudar memórias auditivas: o som da chuva, o tropel dos cavalos, e outros”.

O ex-governador Oswaldo Piana Filho e o ex-prefeito Francisco Chiquilito Erse integram o primeiro time de atletas que usou a quadra de esportes da escola, uma das primeiras a ser construída na Capital.

Em julho de 1927, o escritor modernista Mário de Andrade visitou a escola, durante visita feita a Porto Velho e ao antigo município de Santo Antônio do Rio Madeira. No livro “O turista aprendiz” ele elogiou a elegância da professora que o recebera na ocasião.

Atendendo à demanda educacional causada pela instalação da Madeira-Mamoré, a escola inicialmente funcionou em prédios provisórios, abrigando filhos de ferroviários; só em 1940 ocupou sua sede atual. A direção juntou cópias de fotos da época, matérias de jornal e documentos para mostra-las no futuro memorial.

O início da história
As aulas iniciadas
Sessenta e quatro crianças
Estavam matriculadas
Um preliminar, primeiro,
Um segundo e um terceiro,
Quatro salas separadas.

Começou então a jornada
A educação avança
Professores empolgados
Com muita perseverança
Ao seu alunado ensina
E o ano já termina
Com noventa e duas crianças

O poeta José Medeiros de Lacerda explica didaticamente as mudanças de prédio da escola, lembrando que depois do salão da EFMM, funcionou ao lado do Colégio Salesiano Dom Bosco, mudando-se depois para uma casa de madeira na Avenida Sete de Setembro, esquina com a Avenida Farquhar, e dali transferiu-se para o local definitivo em 1944.

Nos tempos iniciais
Essa escola prosperou
A Madeira-Mamoré
Há tempos que se acabou
Não teve perseverança
Restou somente a lembrança
Mas nossa escola ficou

As obras do atual prédio só foram concluídas em 1º de agosto de 1940, depois de sucessivas tentativas de mobilização da sociedade para angariar fundos. A direção da EFMM apoiava a construção, exigindo, contudo, a sua incorporação ao patrimônio da empresa.

Depois de ser empossado no cargo de governador do ex-Território Federal do Guaporé em ato solene no gabinete do presidente Getúlio Vargas, na Capital Federal, Rio de Janeiro, o coronel Aluízio Ferreira assumiu o governo em ato realizado no dia 24 de janeiro de 1944, na sala onde hoje se encontra a diretoria da escola.

Também lembrado nas rimas do poeta cordelista Lacerda:

Esse fato nos deixou
Cheios de felicidade
Vendo a escola repleta
De toda sociedade
Não somente de Rondônia
Mas de toda Amazônia
Com garbo e civilidade

Usando da autoridade
Que Getúlio lhe outorgou
O governador Ferreira
O momento aproveitou
Que já estava empossado
E ao seu secretariado
Aqui mesmo empossou

A posse se realizou
Em meio a grande aparato
Vinte e quatro de janeiro
Do século mil e novecentos
O maior entre os eventos
Que aqui já houve de fato.

TOMBAMENTO

O tombamento do prédio atual já tem estudos, lembrou a coordenadora do projeto, professora Jussara. Ela entende que o prédio faz parte do conjunto arquitetônico do centro da capital rondoniense. “Cuidadosamente, iniciamos estudos e, em 2010, percebemos durante a substituição de telhas que ainda resiste o madeiramento original, da década de 1940, e peças de sustentação com trilhos do trem”, adiantou.

Apenas as portas foram alteradas; portões e internos e grades semelhantes às originais, dos anos 1960, foram recolocadas e o projeto só mudou a estruturação do telhado. “A equipe gestora estudou o prédio com base em fotos antigas”, disse.

Agora, a direção escolar sonha com o projeto de arborização e antecipa: está pronta para receber a adesão de empresas ou entidades.

EQUIPE DE PRODUÇÃO

A equipe de produção é coordenada pela licenciada em música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em letras pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), Jussara Assmann.

A produção executiva é da licenciada em letras pela Unir e em gestão cultural no Senac-SP, Valéria Barbosa.

O percussionista Bira Lourenço, licenciado em música pela UFRGS e em pedagogia pela Unir, e a professora Sabrynne Sampaio, maestrina em licenciatura em educação musical e licenciada em artes visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), fazem a direção musical.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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