Sábado, 24 de novembro de 2012 - 08h22
Exército aplica asfalto de qualidade na BR-163, em Miritituba, perto de Itaituba (PA) |
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
De Campo Grande (MS)
Bem longe de sua sede, no interior do Comando Militar do Oeste, o 3º Grupamento de Engenharia do Exército Brasileiro (GPT E) trabalha atualmente na pavimentação e conservação de diversos trechos das rodovias Cuiabá-Santarém (BR-163) e Transamazônica (BR-230, na sua confluência com a primeira), a cerca de 1,2 mil quilômetros de Campo Grande.
Quando consolidada, essa unidade deixará a fase de núcleo que a caracteriza desde a sua criação, em 2010, para trabalhar com um efetivo “enxuto” de apenas 50 militares.
Ponte no Sul do Pará, construída dentro do melhor padrão exigido pelo tráfego de veículos na região |
Funções antigamente exercidas pela Região Militar, hoje estão sob sua responsabilidade. “Com o apoio do general João Francisco Ferreira (comandante do CMO), somos instrumento nas mãos do Estado para levar o desenvolvimento nacional aonde ele ainda não chegou”, explica o comandante do grupamento, coronel André Silveira, paulista de Ribeirão Preto com carreira militar no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e no Amazonas.
No biênio 2009-2011 ele serviu no 2º GPT E em Manaus, sob o comando do general Lauro Luís Pires da Silva. A Defesa Civil em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul é atendida desde o ano passado por uma ponte LSB (Logistic Support Bridge), que serve para transpor rios em períodos de cheia – papel semelhante ao da ponte Bailey, porém, com maior capacidade.
A linha de frente do CMO nas obras nas BRs 163 e 230, abertas nos anos 1970, é formada pelo 9º Batalhão de Engenharia de Combate, de Aquidauana, cujos meios são considerados leves e ágeis para mobilidade e proteção, e pelo 9º Batalhão de Engenharia de Construção (9º BEC), com sede em Cuiabá. “Mobilidade é a facilidade do movimento das próprias tropas e dificuldades para oponentes. Proteção, nesse caso, é o bom funcionamento de órgãos de alto nível”, assinala.
“O grupamento oferece a logística necessária para a execução de diferentes serviços numa região sem infraestrutura suficiente, debaixo de chuvas durante grande parte do ano”, diz o comandante Silveira.
Exército conclui a ponte do Rio Arraias, demonstrando que é possível construir bem sem desviar dinheiro público |
Desde o ano passado, as frentes de trabalho do 9º BEC na BR-163 encontram-se com as do 8º BEC, de Santarém (PA). “Hoje o 9º já não trabalha somente em Mato Grosso”, frisa.
Neste novembro, o Exército completará e entregará ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) mais dois trechos da BR-163, no período 2009-2011: um de 50 km, próximo a Guarantã do Norte (MT), recuperado e pavimentado. Outro, de 33 km no distrito de Miritituba, região de Itaituba (PA), na confluência das BRs 163 e 230, deverá ser entregue até o final de 2013.
Ainda nesse trecho da confluência ao Nortão mato-grossense, o 9º BEC concluiu a construção de cinco pontes de concreto sobre a BR-163, substituindo antigas pontes de madeira que não mais suportavam cargas pesadas.
Intempéries amazônicas preocupam: “Quando chove durante cinco a seis meses, não se trabalha mesmo”, reconhece Silveira. “No verão temos o período produtivo, e nele mobilizamos 250 homens do 9º BEC, reforçados por efetivos do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, de Aquidauana”, acrescenta.
Sistema de fronteira amplia investimentos
Campo Grande (MS) – Desde 2008, o gerenciamento de novos aquartelamentos, obras e manutenções gerais pela Comissão Regional de Obras (CRO 9) passou de R$ 3,5 milhões para R$ 40 milhões – previstos para 2013 –, oriundos de recursos próprios.“A comissão permanece do mesmo tamanho, mas o CMO vem sendo reforçado pelas obras do Sisfron (Sistema de Monitoramento de Fronteira)”, comenta o comandante Silveira.
Trecho-da-BR-163-Guarantã-do-Norte-MT |
O projeto piloto do Sisfron é aplicado pela 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados. Paralelamente, a CRO 9 é responsável pela construção do hangar do 3º Batalhão de Aviação do Exército e da antiga 11ª Companhia de Comunicações que abrigará provisoriamente o 9º Batalhão de Comunicações, com 500 pessoas.
Sem competir com a iniciativa privada, a CRO 9 supervisiona o patrimônio imobiliário das unidades militares no âmbito do CMO e soluciona litígios ambientais nas obras previstas e dependentes das decisões estaduais ou federais, via Ibama.
O Grupamento de Engenharia orienta os batalhões para o atendimento aos relatórios e estudos de impacto ambiental para pontes e estradas. Já o DNIT concluirá 2012 com licitações em andamento no valor de R$ 20 bilhões para obras de reforma, ampliação ou duplicação de 37 mil quilômetros de rodovias, informa seu diretor-geral, general Jorge Fraxe. Do total, 31 mil km já tiveram seus editais lançados, para contratos até cinco anos de duração.
Em meados de 2011, denúncias de cobrança de propinas no Ministério dos Transportes levaram à destituição da diretoria do DNIT e à substituição do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.
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