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Montezuma Cruz

Famílias precisam auxiliar no diagnóstico de casos de depressão, apela equipe multidisciplinar do Hospital de Base


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Estima-se que atualmente mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofram com a depressão no país

Desde o início de suas atividades, 34 anos atrás, o Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro atende casos de depressão. Mesmo ainda havendo visão distorcida, atualmente a doença adquire visibilidade, e com isso a equipe multidisciplinar do setor se desdobra para socorrer as vítimas.

Quarta causa principal de incapacitação em todo o mundo, a depressão será, até 2030, o mal mais prevalente do planeta, à frente do câncer e de algumas doenças infeciosas.

Estima-se que atualmente mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofram com a doença que mais contribui para a incapacitação pessoal e é a principal causa de morte por suicídio – 12 mil casos por ano, ou 32 por dia, no Brasil, que ocupa a 8ª posição no ranking mundial.

Em Porto Velho funcionam três centros de atendimento psicossocial (CAPs) municipais e um estadual, e no interior, as grandes cidades também contam com os serviços dessa unidade. No Hospital João Paulo II, médicos avaliam a necessidade ou não de internação especial. Na maioria das vezes ocorrem casos leves, entretanto, a equipe vem notando o aumento de sintomas psicóticos, que são encaminhados para atenção secundária.

Na capital, apenas um hospital particular atende pacientes em estado grave e pessoas carentes. E é necessário minucioso estudo da genética da pessoa e de familiares, para se constatar predisposição à doença, o que se observa em situações conjugais e de trabalho.

Entre as principais doenças desencadeadoras da depressão, a equipe destaca a hipertensão arterial e alteração de tireoide, bem comuns em Porto Velho, em diferentes classes sociais.

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Joelma Sampaio, diretora-adjunta do HB

“É quase impossível diagnosticar a doença por exames. Geralmente, ela é confundida com a tristeza normal, e os sintomas podem passar despercebidos nas famílias”, alerta a médica psiquiatra Thaís Campos, da Equipe Multidisciplinar do HB.

Mesmo se defrontando com números assustadores, a psiquiatra corrige exageros: “Não há um boom depressivo, o que existe é o avanço do diagnóstico bem feito, o que torna a doença mais falada.”

A ala psiquiátrica do HB atende mensalmente a 50 pacientes.  “Hoje atendemos casos moderados e os graves também”, diz Joelma.

Durante a internação as pessoas se preocupam em saber quanto tempo permanecerão internadas. Estatísticas demonstram que o tempo médio é de 15 a 20 dias, o suficiente para os remédios fazerem efeito e a família receber o devido suporte. “A equipe trabalha permanentemente acionando órgãos públicos e faz o rastreamento da parentes e familiares, quando estes são ausentes”, explica Joelma Sampaio.

No Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro trabalham na equipe multidisciplinar: cinco psiquiatras, em clínico geral, dois psicólogos, uma assistente social e um terapeuta ocupacional. A Sesau conta no momento com apenas dez psicólogos para atender a população, quando o ideal seriam pelo menos 30. São oferecidos aos pacientes os suportes  médico, nutricional, psicológico, social e terapêutico.

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Médica psiquiatra Thaís Campos

RECÔNDITOS

Thaís Campos lembra que, nos postos de saúde, depressivos não contam tudo o que sentem e até as próprias famílias deixam de percebê-las. “Muitas vezes, pessoas preconceituosas imaginam que sejam pitis a doença ainda não diagnosticada”, lamenta.

Pitis são situações de irritação, esbravejamento e de agressão.

“Se com adultos é difícil, imagine com criança”, comenta a diretora-adjunta do HB, Joelma Sampaio.

“Não existe o psiquiatra sem o psicólogo”, diz Thaís, alertando para a necessidade do tratamento psicoterápico ao mesmo tempo do medicamentoso.

A diretora alerta para falhas cometidas por famílias desatentas “que supõem ser birra ou manha a dor da criança deprimida que está fora de sua rotina habitual. Adultos desconsideram o conceito revelador de que a criança também padece disso”, emenda Joelma.

“Quando saem daqui, os pacientes passam a ser atendidos pelos CAPs, e as equipes de lá organizam datas de consultas, dias de medicação, evitando a descontinuidade do tratamento, na capital e no interior do estado.”

O QUE FAZER

► A pessoa com sintoma deve procurar a atenção básica, recomenda a Equipe Multidisciplinar do HB. Nem sempre os sintomas são apenas angústia e tristeza, porém, alterações de apetite, sono e do próprio comportamento.

► É preciso que a família perceba situações de tristeza e isolamento social do indivíduo, e sua duração, colaborando assim para o diagnóstico.

► No fluxo da doença, as escolas são importantes, ao lado da atenção primária. Recomenda-se que os pais ou responsáveis acompanhem crianças entristecidas até o hospital.

NÚMEROS DO CONTRASTE

► O Brasil é o quinto país mais alegre do mundo, e ao mesmo tempo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5,8% dos brasileiros sofrem de depressão, o maior índice da América Latina e o quinto maior do planeta.

► Segundo a mesma investigação, 9,3% da população possui algum tipo de transtorno de ansiedade – um número três vezes maior que a média mundial.


Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Jeferson Mota
Secom - Governo de Rondônia

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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