Domingo, 27 de fevereiro de 2011 - 00h32
Jorge Streit, que já trabalhou em Rondônia, é o atual presidente da FBB, que também investe na Amazônia /DIVULGAÇÃO |
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
BRASÍLIA – A Fundação Banco do Brasil (FBB) prevê para este ano investimentos de R$ 115,7 milhões em tecnologias sociais no País. A informação é do presidente dessa instituição, Jorge Streit. Nascido em Sertão (RS), ele trabalhou na agência do Banco do Brasil em Ariquemes, a duzentos quilômetros de Porto Velho, no período de abril de 1980 a maio de 2003. Lá, contribuiu para a expansão do crédito agrícola entre agricultores. Fortaleceu também o movimento sindical dos bancários.
A FBB promove ações sustentáveis de inclusão social em parcerias que promovem a cidadania. Criada pela FBB, a PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável) alcançará brevemente o Continente Africano. “O que aconteceu no Fórum Econômico Mundial certamente não trará benefícios para as populações com as quais nós nos preocupamos, seja aqui, ou na África”, declarou Streit. Ele explicou como funciona a FBB. Principais trechos da entrevista:
Como é a Fundação?
Streit –Desde maio de 2003 temos dois diretores executivos na execução de uma política de tecnologia social nas áreas de educação, trabalho e renda. Articulamos e desenvolvemos ações sustentáveis de inclusão social em parcerias que promovem a cidadania.
No que a FBB investe na região amazônica?
Não tenho dúvida de que a região amazônica é um patrimônio dos brasileiros. A Fundação enxerga muitas possibilidades de desenvolvimento amazônico. São dezenas de bons exemplos de ações e, entre eles, as mais de cem unidades da PAIS instaladas em Rondônia de 2009 para cá,
Estação digital é um dos segmentos que recebem recursos da Fundação, em diversas regiões brasileiras /DIVULGAÇÃO |
em parceria com o BNDES. Ou ainda, os mais de mil jovens e adultos que foram alfabetizados pela Fundação. Funcionam em Rondônia quatro estações digitais.
E o Acre?
Também trabalhamos lá. Somos parceiros no Programa Água Brasil, com o WWF e Agência Nacional das Águas, no convênio recentemente assinado para a recuperação da Bacia do Rio Acre, além de uma série de ações de sensibilização sobre o reaproveitamento de resíduos sólidos. Quem quiser outros exemplos pode acessar o nosso portal de notícias: www.fbb.org.br Na área de educação estruturamos ações em programas com o foco na complementação escolar (AABB Comunidade), alfabetização de jovens e adultos (BB Educar), inclusão digital (Estação Digital), além do Projeto Memória, que resgata a história de personagens que contribuíram com a transformação social do País.
Qual o volume de investimentos para este ano?
Nos últimos anos a FBB tem feito investimentos sociais no total de R$ 100 milhões anuais. Para 2011, o orçamento previsto é de R$ 115 milhões 750 mil.
Qual é o seu foco de atuação?
A FBB tem como foco promover o desenvolvimento sustentável. Sua atuação dá prioridade à educação, ao trabalho e à renda. São frentes de trabalho que resultam em dezenas de projetos, orientados pelo conceito das tecnologias sociais. Uma das tecnologias sociais que mais receberam investimentos da Fundação BB nos últimos cinco anos se chama PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), um sistema de produção que combina uma horta circular com um galinheiro central e garante alimentação saudável para mais de oito mil famílias em 19 estados brasileiros.
Tem parcerias?
A Tecnologia Social é implementada pela Fundação em parceria com o Sebrae, BNDES, Petrobras e diversas entidades governamentais e não-governamentais. A PAIS se destaca como uma Tecnologia Social capaz de ser tornar uma política pública em curto espaço de tempo, devido ao seu crescente reconhecimento e efetividade.
Que projetos a Fundação apóia em Mato Grosso do Sul?
Temos mais de R$ 14 milhões em investimentos. Milhares de famílias se alimentam melhor e a partir da venda do excedente do que é plantado, podem complementar a renda de suas casas. Dezenas de unidades da PAIS estão instaladas em assentamentos da reforma agrária. Além de diversas ações com foco na preservação das espécies nativas do Cerrado e do Pantanal, a instituição possui um consolidado programa educacional que, somente em Mato Grosso do Sul alfabetizou mais de cinco mil pessoas. Como parte de seu Programa de Inclusão Digital, ela mantém seis estações digitais no estado, todas elas oferecendo acesso ao mundo virtual para comunidades antes excluídas.
Qual a participação do Centro-Oeste brasileiro na competição de tecnologias sociais premiadas pela Fundação?
Canteiros de hortaliças: a FBB mantém um programa especial de apoio à agricultura familiar /DIVULGAÇÃO |
A participação de projetos do Centro-Oeste no Prêmio de Tecnologia Social é crescente, assim como o reconhecimento da sociedade em relação à sua importância. Vale ressaltar que o Prêmio não é uma competição e sim um incentivo para que a comunidade continue se mobilizando em busca de alternativas para sua própria realidade. Nas últimas cinco edições do Prêmio, cerca de 330 iniciativas se inscreveram e destas, quase 60 foram certificadas pela Fundação como Tecnologia Social – um indicativo de que a metodologia utilizada é eficaz e possível de ser reaplicada em outras localidades. Por ser uma região de rica diversidade natural e ampla capacidade produtiva, o Centro-Oeste vem se destacando, principalmente, por desenvolver projetos de preservação ambiental.
A inserção ambiental da Fundação é percebida em outras regiões?
Na área de Geração de Trabalho e Renda, o nosso foco é o desenvolvimento de cadeias produtivas com agricultores familiares na cultura do mel, caju e da mandioca. Nos centros urbanos, com catadores de materiais recicláveis. Também promovemos ações de desenvolvimento territorial, a exemplo de nossa atuação no Vale do Rio Urucuia (transição entre o Cerrado e o Sertão), no noroeste de Minas Gerais, e no Território de Cocais, no meio-norte do Piauí. Diversas tecnologias sociais também são reaplicadas com o objetivo de gerar renda e contribuir com o cuidado do meio ambiente.
O senhor esteve no Fórum Social Mundial, no Senegal. O que percebeu de importante e imprescindível para a FBB, a partir desse evento?
Primeiramente, me entusiasmei com a vitalidade das organizações da sociedade civil africanas. Vi movimentos organizados em torno das mais diversas causas e com origem numa imensa quantidade de países daquele continente. Chamou-me a atenção, também, a forte presença das mulheres nesses movimentos. Voltei com a impressão que podemos cooperar mais com as instituições de lá, numa relação de mão dupla. Em parte aprendendo com formas de organização muito próprias deles e, por outro lado, levando nossa experiência com o tema Tecnologias Sociais aqui no Brasil.
A FBB atenderá algum projeto no Continente Africano?
Por impedimento estatutário não podemos fazer investimentos financeiros fora do País. Entretanto, pretendemos efetivar cooperação técnica, levando ao conhecimento das comunidades africanas uma série de iniciativas que vêm sendo adotadas aqui no Brasil e que podem responder a questões muito graves naquela realidade.
A alimentação, por exemplo?
Exatamente. Estamos buscando estabelecer parceria para programar a Tecnologia Social PAIS, que é uma forma de melhorar a condição alimentar e ao mesmo gerar renda para as famílias, com sustentabilidade ambiental.
Na sua visão, o que o FSM pode fazer para lidar com os desafios apresentados no Fórum Econômico Mundial, que acontece quase simultaneamente?
O que acontece no Fórum Econômico Mundial certamente não trará benefícios para as populações com as quais nós nos preocupamos, seja aqui, seja na África. Ali são discutidos os interesses das grandes corporações e das nações ricas. Dificilmente chega-se ao consenso entre as propostas de Dakar e as do FEM. O que os Fóruns Sociais tem feito ao longo destes dez últimos anos é apresentar propostas alternativas às dos fóruns econômicos, visando a sustentabilidade planetária, a paz e a solidariedade para com as populações excluídas de todo o mundo.
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