Terça-feira, 6 de junho de 2017 - 17h10
A formiga tocandira gigante tem tanta importância quanto a planta medicinal temporariamente esquecida, o assento da mini motocicleta e o ralador de sabão. Luzes, banners, e alunos bem falantes explicam minuciosamente cada projeto.
Na 3ª Feira de Rondônia Científica de Inovação e Tecnologia (Ferocit), aberta hoje (6) pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Rondônia se encontra uma vez mais com a produção de seus jovens inventores e cientistas.
O evento aberto ao público até quinta-feira próxima é sediado na Escola Santa Marcelina, no bairro Pedacinho de Chão, em Porto Velho.
A Banda Musical do Colégio Ulisses Guimarães [Jardim Santana] animou a festa.
Entusiasmado, o aluno do 3º ano Mateus Batista lembrou que a Escola de Ensino Fundamental e Médio Governador Jorge Teixeira praticou “de fato” a integração com a população rural do distrito de Nova Londrina, em Ji-Paraná, ao resgatar plantas medicinais.
Um grupo de 25 alunos de biologia, história, química e sociologia pediu apoio a técnicos da Emater, diretores, professores, e transportou para a escola diversos sitiantes cujos quintais estão cheios dessas plantas popularmente conhecidas.
“A proposta foi feita no pátio, e daí chegamos a isso aqui”, contou João Severino da Silva, também do 3º ano.
Alfavaca, boldo, crajiru, erva Santa Maria, hortelã, manjerona, manjericão, menta, poejo, romã, entre outras, foram eleitas para os estudos. O grupo visitou sítios, entrevistou trabalhadores rurais e, ao desidratar e depois catalogar as plantas com seus nomes científicos percebeu que algumas pessoas desconheciam o multiuso de cada uma.
“Eu moro na 6ª linha, e lá ninguém tem gripe, porque usamos romã”, disse Mateus.
Segundo pesquisou, esse fruto de casca dura e sementes avermelhadas, rico em minerais, vitaminas [A, C e do complexo B] e fibras que ajudam a eliminar o LDL [mau colesterol] é usado como remédio há décadas.
Sua casca também contém tanino, um composto anti-inflamatório. A casca não é comestível in natura, mas pode ser fervida na água e usada como gargarejo para curar dores de garganta.
“Então, iniciamos com eles um bom debate e todos aprendemos juntos; foi uma redescoberta”, disse Mateus.
NADA SE PERDE, TUDO SE RECICLA
Mais ou menos com esse raciocínio, alunos demonstraram interessantes criações do
Projeto Lixo Tecnológico, da EEFM Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, em Nova Brasilândia do Oeste.
Algumas ideias nascidas e amadurecidas em aulas de biologia, química e no laboratório de informática deram origem aos objetos expostos. Antes e durante a execução do projeto, eles visitaram o lixão da cidade e coletaram o que seria reaproveitado.
Usando no pescoço um colar em espiral, resultado de reciclagem de pelas de computador, a aluna Thaís Cristina Faria Andrade, do 3º ano, e seu colega Natan Silva, do 2º, explicaram que desde 2014 a equipe vem se esforçando para fazer o melhor, reaproveitando e transformando peças. “Pena que não pudemos trazer a bicicleta que acende a lâmpada LED e outro robozinho em fase de acabamento”, disse Thaís Andrade.
Nem tanto por isso, ela precisa se desculpar. Estão expostos no estande diversos enfeites feitos com mouse; abajur com fonte energética de computador; mascotes de Wall-E [revelando a realidade da Terra soterrada, cheia de lixo e poluída com gases tóxicos da própria humanidade]; um mini helicóptero; caixinhas feitas de bateria de teclado; uma moto Biz com carregador de celular na rabeira; chaveirinhos; farol feito de webcam; rodinhas de ferro em motos; agendas feitas de antigos disquetes; apontadores de lápis; molinete para gerar energia; e a réplica do avião 14 BIS.
Segundo o professor de biologia Edson Carlos Cabral, a escola iniciou a comercialização dessas peças durante uma feira de ciências. “Conquistamos o 1º lugar no 3º Seminário 2014 Minha Escola educa com projetos e utiliza novas tecnologias”, disse.
Alunos fizeram um pit stop no centro de Nova Brasilândia, para dizer o que esperavam do projeto, que visa conscientizar as pessoas a respeito do descarte correto do lixo tecnológico.
O RALADOR DE SABÃO
Um robô protótipo ralador de sabão caseiro aproveita óleo de fritura. Surgiu em março de 2016, no projeto de alunos da EEEFM 28 de Novembro, em Ouro Preto do Oeste.
Ao lado da professora Maria das Graças Lopes, de robótica educacional, a aluna do 8º ano Dheynnifer Loraine Sila Guarido explicou o giro do ralador, 360° à direita e à esquerda, numa demora de 30 minutos para dar conta do serviço programado.
Na mesinha à frente dela e da colega Giullia Caroline Corvati, vasilhames de manteiga e margarina, devidamente limpos, armazenam o sabão de citronela e eucalipto.
O que fazer com esse invento? Na ponta da língua, Dheynnifer tem a resposta: “Já oferecemos à escola e à cidade a ideia de fazermos uma cooperativa para que as pessoas reaproveitem embalagens poluidoras com sabão ralado e em pó”.
Ao público da Ferocit elas lembrarão que o papelão pode se decompor em até seis meses, mas o plástico, esse vilão, demora mais de 200 anos para alcançar essa condição, e já terá poluído rios e mares.
Convictas da carência de saneamento básico, sobretudo do risco ambiental causado pelo despejo de produtos químicos tradicionais em rios da região, elas acreditam que o ralador, quando ampliado, será uma alavanca contra a possibilidade das águas receberem esgotos.
O TELESCÓPIO
“O melhor lugar em Rondônia para observação dos astros é Rolim de Moura”, gaba-se o professor de física Mário Gorza. Sob a supervisão dele, um grupo de alunos do Centro de Ensino de Jovens e Adultos Governador Jorge Teixeira trouxe para a feira um telescópio de 114 mm, com zoom que amplia 750 vezes o alvo.
A grandes distâncias da terra, esse aparelho permite identificar relevos e componentes da atmosfera de outros planetas. No estande, o banner digital traz explicações do projeto Astronomia na Escola: concepções, ideias e práticas.
Na extremidade inferior, o telescópio reflete a imagem para outra extremidade com lente ocular.
André Santos da Silva, aluno do 3º ano, reconhece o desempenho do conteúdo do estudo de física, destacando que a escola mantém um observatório aberto à sociedade. “Ontem (5) à noite no hotel observamos crateras da lua [em fase crescente] e hoje vamos repetir a experiência”, comentou o aluno.
O secretário estadual de educação, Waldo Alves, falou do sonho iniciado com o ex-secretário Emerson Castro, hoje chefe da Casa Civil. Destacou também o papel da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero) no evento.
Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Daiane Mendonça
Secom - Governo de Rondônia
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