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Montezuma Cruz

Flagelo até no Caps Ad



 
MONTEZUMA CRUZ
montezuma@agenciaamazonia.com.br
 
Amazonas, Rondônia e Tocantins não têm. Mato Grosso tem cinco. O Amapá, dois. Roraima e Acre, um cada.  Falo do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps Ad), que apresenta um déficit lamentável e preocupante na região norte do País.

Corredor de drogas e cada vez mais repleta de dependentes químicos, a Amazônia vive esse flagelo, tão avassalador quanto a falta de saneamento básico nas cidades. Tão cruel quanto a malária, a hepatite, a AIDS e a tuberculose.

Flagelo até no Caps Ad - Gente de Opinião O general-de-brigada Álvaro de Souza Pinheiro, analista militar especialista em Guerra Irregular (pinheiroa@terra.com.br Este endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo) lembrou recentemente que a América Latina é, hoje, internacionalmente reconhecida como uma das mais pacíficas regiões do mundo. "Apesar das sandices irresponsáveis de Hugo Chávez, as ameaças de agressões externas são extremamente remotas. Entretanto, a existência de determinadas situações em alguns estados nacionais pode criar crises capazes de afetar a estabilidade regional.

Movimentos revolucionários radicais e sua associação com o narcotráfico, contrabando de armas, lavagem de dinheiro e um fluxo de migrações difícil de controlar são condições que podem acarretar graves problemas transnacionais".

O País que já tem 186 milhões de habitantes necessita 1,8 mil Caps Ads. Em 2007 eles não passavam de 165. Mesmo assim, as autoridades da saúde entendem que o número cresce bem, já que, em 2003, esses centros não passavam de 58. Devem saber, também,        que o consumo de drogas aumentou ainda mais. Belém, Porto Velho, Manaus e Rio Branco que o digam. 
 
A rede de atendimento às vítimas do álcool e das drogas denominadas "pesadas"  precisa melhorar, reconhece em nota o Ministério da Saúde. O que dizer dos leitos hospitalares? Em São Paulo , a maior cidade da América do Sul, existem apenas 38 mil leitos em hospitais psiquiátricos e cerca de 2,4 mil nos hospitais gerais. É o que aponta o coordenador da Área Técnica de Atenção ao Dependente de Substâncias Psicoativas da Secretaria Municipal de Saúde, Sérgio Seibel. A Amazônia se resume aos números mencionados no início do comentário.

O braço das armas

Mudando a faixa do disco, examinamos a atuação policial. Há seis anos, agentes federais localizaram 33 aeronaves usadas pelo narcotráfico no chamado Nortão de Mato Grosso. Desse total, 19 estavam em hangares em Matupá, duas em Guarantã do Norte e – pasmem! – 12 no aeroporto internacional de Alta Floresta, considerado um dos mais importantes da Amazônia brasileira.

As aeronaves foram colocadas sob suspeita pela Polícia Federal, e na versão daquela instituição "poderiam ser usadas no tráfico de drogas e contrabando de armas". No entanto, sem meios para removê-las para um hangar policial, os agentes se limitaram a lacrá-las mantendo-as nos locais onde foram localizadas. O resultado disso, todos sabem. É uma situação semelhante à da madeira nobre, motocicletas e carros apreendidos e abandonados em quintais da Polícia Rodoviária Federal.

Só no Nortão e no Sul do Pará a PF constatou a existência de mais de 400 pistas de pouso clandestinas ou sem homologação. Um absurdo. Esse conjunto estrutural que permite pousos e decolagens na floresta abre espaço ao narcotráfico e aos contrabandistas de armas.  Bem, não há novidade no que aqui repito.

Tudo dominado?

Novamente, Álvaro Pinheiro alerta: "O espectro do narcoterrorismo, internacionalmente caracterizado pelo triângulo letal integrado por narcotraficantes, terroristas e contrabandistas de armas, enfatizando atividades do crime organizado nos grandes centros urbanos já atingidos pela migração descontrolada, emerge, na atualidade, como uma ameaça nova e extremamente perigosa à sociedade humana". 
 
E a gente, dentro do possível, sem nos deixar vergar pela energia negativa do "tudo dominado", torce para que esse cenário um dia mude. Mesmo sabendo que a cocaína invade agora uma das maiores aldeias indígenas do Amazonas, vale relembrar o velho ditado: a esperança é a última que morre.

Fonte: Montezuma cruz - Agênciaamazônia


* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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