Ciência avança na reprodução de peixes
na maior hidrelétrica do mundo
AGÊNCIA AMAZÔNIA
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BRASÍLIA – Pessoas envolvidas nas campanhas que envolvam a coleta de peixes devem saber qual o melhor procedimento para fazê-la com êxito. Com esta preocupação, pesquisadores em atividade no Paraná estão avançando na conquista de métodos de reprodução no Lago de Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo. Segundo a zootecnista Carla Canzi, será editada uma cartilha com todas as informações e protocolos sobre a coleta do peixe, a retirada, o congelamento e o armazenamento do sêmen. A publicação também mostrará pesquisas de avaliação dos espermatozóides.
Na semana passada, pesquisadores que trabalham no reservatório da usina fizeram uma revisão da coleta do peixe à análise de espermatozóides. A reciclagem, que começou na quarta e terminou na sexta-feira, permitiu aos integrantes da Divisão de Reservatório (MARR.CD) encontrar o que há de mais avançado no estudo e na criopreservação (congelamento) do material genético de peixes.
Rumo à fecundação in vitro
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Carla Canzi / JIE |
Bruno Estevão / JIE |
Em parceria, a Unioeste (Toledo-PR) e Universidade Estadual de Maringá (UEM) buscam atualmente dominar a técnica de coleta, congelamento e preservação de sêmen dos peixes para a formação de um banco de germoplasma, o qual garantirá a conservação do material genético das espécies e, no futuro, permitirá dar início às primeiras fecundações in vitro, no Laboratório do Canal da Piracema.
Esse tipo de fecundação consiste na colocação dos espermatozóides retirados do esperma em contato com um ou mais óvulos, em proveta, numa lâmina ou num tubo de vidro.
Zero Um (ou 01) é um peixe da espécie Piau (Schizodon sp.), de coloração branca, com 27 cm e 170 gramas. Ele nadava tranqüilo próximo ao lago principal do Canal da Piracema de Itaipu, quando foi retirado da água por uma rede. Levado ao laboratório, o exemplar foi sedado, medido e pesado. Os pesquisadores coletaram amostras de sêmen.
"Todo esse trabalho é feito com a preocupação de manter a integridade e o bem-estar do peixe", explicou Carla Canzi. "Por isso, este treinamento é importante". Após a coleta do sêmen, o Piau 01 foi colocado num balde cheio d'água, até se recuperar, e ser devolvido ao lago. O sêmen fará parte do banco de germoplasma de Itaipu e poderá ser usado em futuras fecundações.
A pesquisa inclui análises quantitativas e qualitativas dos espermatozóides de cada peixe, logo após a coleta e depois do descongelamento. O objetivo é entender se o congelamento (criogenia) prejudica a qualidade dos espermatozóides.
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Darci Fornari / JIE |
196º C negativos
O sêmen, após ser diluído em crioprotetores, é congelado inicialmente a –30º C, em vapor de nitrogênio. Essa temperatura mais branda inicial evita o choque térmico na amostra. A "gelada" mesmo vem depois: após 24 horas congelada, a amostra passa para outro tanque, onde é imersa em nitrogênio líquido e fica preservada a –196º C.
"Nesta temperatura o sêmen pode ficar armazenado indefinidamente", afirmou o pesquisador do Grupo de Estudos de Manejo em Aqüicultura, Bruno Estevão de Souza, da Unioeste de Toledo. Com isso, é possível montar um banco de germoplasma e utilizar o material genético quando for conveniente.
O próximo passo é descongelar o sêmen, deixando a amostra em contato com água a 60º C. É aplicada uma solução para ativar os espermatozóides, que são observados pelo microscópio, para se observar a quantidade e
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Recolhimento de amostra de sêmen de um jundiá (Rhandia kelim) / JIE |
formato dos espermatozóides, o tempo que eles ficam se movimentando, as patologias e deformidades.
Esses dados qualitativos são importantes para saber se, após o congelamento, o sêmen preserva a qualidade de espermatozóides, possibilitando a posterior fecundação.
"Existe um pequeno decréscimo na qualidade da amostra de espermatozóides, mas não é significativa para prejudicar a fecundação", concluiu o pesquisador do Núcleo de Pesquisa Peixe Gen, o zootecnista da UEM, Darci Carlos Fornari.
(*) Com informações do Jornal de Itaipu, de Foz do Iguaçu.
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Domingo, 23 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)