Sexta-feira, 15 de maio de 2015 - 17h17
Montezuma Cruz
Em Porto Velho
Operadores dos estados do Amazonas, Distrito Federal e Santa Catarina estão conhecendo o funcionamento do Grupamento de Operações Aéreas (GOA) de Rondônia. Único serviço de remoção aeromédica com abrangência interestadual, o GOA corta os céus brasileiros entre a Amazônia Ocidental, estados da região Centro-Oeste, Distrito Federal, Sudeste e Nordeste, transportando pessoas em situação de risco de saúde.
Com 1.500 horas de voo durante três anos de atividades, o grupamento cumpriu com êxito, até o início de maio, 730 missões, atendeu 1.435 pessoas entre cidades de Rondônia e de outros estados.
“A segunda situação se deve ao transporte de pacientes fora do domicílio (TFD), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde”, lembrou o coordenador de operações, ensino e instruções do CBM-RO, coronel bombeiro Lindoval Rodrigues Leal.
Duas aeronaves, da frota de três, foram confiscadas do narcotráfico pela Justiça Federal em São Paulo; a terceira foi entregue ao GOA pelo juiz da Vara de Delitos de Tóxicos Glodner Pauletto, em Porto Velho.
Em 2014, nas enchentes do rio Madeira e outros rios do estado, as aeronaves chegaram a fazer três a quatro voos diários em média, informou o comandante do GOA, tenente Philipe Rodrigues Maia. “É uma honra para nós todos trabalhar no resgate de vidas e saber que podemos contar a todas as horas com o apoio do governo estadual”, ele disse.
Esse tratamento humanitário proporcionado pelo governo de Rondônia possibilita a mulheres com gravidez de risco, pacientes oncológicos – alguns em estado terminal –, ou carentes de outras especialidades médicas, chegarem a hospitais de Barretos (SP), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e São Luís (MA).
O GOA faz também o transporte de medicamentos e de órgãos captados no interior de Rondônia. Cacoal e Ji-Paraná são os municípios onde mais ocorrem doações de córneas, coração, fígado e rins, para cirurgias feitas no Hospital de Base Ary Pinheiro (HB), em Porto Velho. Trabalham na equipe de 17 pessoas: sete pilotos, sete tripulantes operacionais, dois mecânicos, uma enfermeira e uma médica.
O Cessna 210 transportou Cláudia Alves Matias, grávida de gêmeos do aeroporto de Cacoal [a 500 quilômetros de Porto Velho] para o Aeroporto Jorge Teixeira, em Porto Velho, onde a ambulância do GOA a aguardava para levá-la à mesa de cirurgia do HB. No dia 12 de abril, sua tripulação participou do parto da bebê Alice, a 7,5 mil pés de altitude. Aos sete meses de gravidez, a mãe, uma jovem estudante de 18 anos, não teve condições de concebê-la em Guajará-Mirim [a 362 Km, na fronteira brasileira com a Bolívia].
Indígenas da Transamazônica
No ano passado, a tripulação encaminhou para tratamento especializado as crianças indígenas de Guajará-Mirim, Nova Mamoré e Vilhena. Já do sudoeste amazonense, três índias Tenharim grávidas numa das aldeias próximas à rodovia Transamazônica (BR-230) ganharam bebês em Porto Velho, depois de 1h30 hora de voo, de Humaitá (AM) até a capital.
Recentemente, um operário da construção da barragem de Jirau ficou em estado vegetativo durante três meses no HB, depois de uma briga, até que sua família foi localizada no Maranhão, e para lá ele foi transladado.
As aeronaves levam enfermeiros, médicos e dois tripulantes. Mecânicos também são importantes para o êxito das missões, especialmente na base em Porto Velho ou no ponto de apoio das aeronaves em Vilhena [a 750 quilômetros por rodovia], na divisa com o Estado de Mato Grosso. Ali é feito o reabastecimento de combustível para viagens interestaduais.
A partir do segundo semestre deste ano, a frota ganhará um helicóptero multimissão de resgate urbano. “Ele também socorrerá ribeirinhos do Baixo e Alto Madeira, do Vale do Guaporé, e moradores em regiões de difícil acesso”, informa o coronel Lindoval Leal.
“Para chegar onde estamos, precisamos consolidar uma série de projetos, desde a formação da equipe em 2008. O apoio do governador Confúcio Moura foi e é fundamental”, comentou. Durante as enchentes de 2014, o governador sobrevoou áreas alagadas a bordo de uma das aeronaves, lembrou o 1º tenente João Luiz Cordeiro Júnior.
Segundo o coronel Leal, dependendo da distância do voo é possível economizar até 10% dos gastos de combustível e de passagens aéreas, em relação ao voo de empresas privadas. O translado de pessoas doentes exige quase sempre a reserva acima de quatro assentos. No GOA, um voo avaliado acima de R$ 100 mil poderá custar pouco mais de R$ 10 mil.
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