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Montezuma Cruz

GUAJARÁ: Vândalos picham locomotiva



Vândalos picham locomotiva e furtam peças na fronteira Brasil-Bolívia

XICO NERY
Agência Amazônia

GUAJARÁ-MIRIM, Rondônia – Considerada o último símbolo maior da lendária Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), construída por ingleses no século passado, a velha locomotiva maria-fumaça (a vapor) ao lado da antiga estação de trem não escapou ilesa das ações maldosas de um grupo de vândalos que pichou a cidade no carnaval deste ano. Não há reação popular, e o pior, nenhuma autoridade toma providências, a não ser a polícia civil, que tem problemas mais graves a solucionar.

Na avaliação do ex-representante comercial e presidente do Diretório do Partido Popular Socialista, Inácio Furtado, 66 anos, o resultado desse tipo de atentado ao patrimônio cultural e histórico de Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia, a 366 quilômetros de Porto Velho, “são pichações grosseiras sem qualquer expressão”.

“Os vândalos não distinguem o que são imóveis particulares dos públicos que fazem parte do acervo cultural, histórico e artístico nacional”, lamentou Furtado. Um universitário disse à Agência Amazônia que a sociedade local já se cansou de esperar providências de prefeitos e não tem mais esperança em que o Ministério da Cultura "possa enxergar Guajará-Mirim".

No caso da locomotiva, hoje, praticamente abandonada na área da antiga Estação Central de trens – a conhecida Praça dos Pioneiros – o espaço escolhido pelos pichadores foi o da caldeira e a cabine

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Ao lado estação, o lixo amontoado / XICO NERY
onde ficava o maquinista. “Justamente, os locais preferidos pelos turistas para tirarem fotos”. 

Furtos de cerâmicas,
peças e livros


A doméstica Leonice Maria, 38, que está concluindo o Ensino Fundamental, acredita que esse grupo pode ser o mesmo envolvido em furtos de peças, cerâmicas e livros históricos do acervo das escolas, da Biblioteca Municipal e até da Igreja de Santa Rita, em Vila Murtinho, a 52 quilômetros de Guajará-Mirim, no município de Nova Mamoré.

Segundo Leonice, a situação vem ocorrendo por uma razão: a cidade não dispõe de fiscalização na área onde estão as antigas locomotivas da EFMM. “Lá, ela comentou, qualquer turista ou morador se dá ao luxo de trepar nas máquinas. Até os mendigos fazem suas necessidades dentro dos vagões e ninguém diz nada”, queixa-se.

Isso, conforme a moradora, é prova do descaso do poder público com a história, o trabalho e as tradições construídas pelos antepassados. Além da “maria fumaça" – que serviu de principal atração para as filmagens da minissérie “Mad Maria”, da TV Globo – os vândalos picharam, na mesma operação criminosa, as laterais do prédio do Museu Municipal. De acordo com os taxistas de Guajará-Mirim, a ação dos vândalos ocorreu “durante os embalos do último carnaval”.

Até turistas estrangeiros que chegaram à cidade a cidade, procedentes do Departamento do Beni, na Bolívia. Guajará-Mirim é separada de Guayaramerín pelo rio Mamoré. A polícia civil está investigando as pichações, informou o policial João Pomba, encarregado de uma equipe disposta a descobrir os autores do crime. 

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Interior do museu esquecido pelos prefeitos e pelos governos / M. CRUZ


 
Abandono foi denunciado 
há um ano


GUAJARÁ-MIRIM, RO – Ao ver o teto caindo, vidros quebrados, goteiras em várias partes, o diretor do Museu Histórico de Guajará-Mirim, Cláudio Furlaneto, 76 anos, se preocupou com a segurança. Chamou os bombeiros. A prefeitura, que há anos promete investir na recuperação, até agora silencia diante do desmoronamento de um dos símbolos da cidade e da Amazônia, escreveu a jornalista Ana Maria Mejia, nascida na cidade.

“É um silêncio melancólico com a própria história da região, especialmente da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, construída no início do século passado e considerada a mais isolada do mundo”, ela prosseguiu.

Na série de reportagens “Vida na fronteira”, a Agência Amazônia lembrou que o prédio construído em 1912 foi interditado pelo Corpo de Bombeiros do município por causa do risco de desabamento. No final de 2007 o acervo estava ali abandonado, sob poeira, goteiras e muito descaso. 

 O museu, que recebeu seis mil visitantes até dezembro de 2007, não passou por nenhuma reforma em 15 anos e rendeu-se ao próprio destino. Já há alguns anos a parte superior do prédio estava fechada. 
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Igreja de Santa Rita: furtada / XICO NERY


Lá está a bicicleta com a qual o bispo da antiga Prelazia de Guajará-Mirim, Dom Francisco Xavier Rey, percorria as ruas da cidade. Dom Rey, como era conhecido, contactou índios na região e exerceu forte influência na cidade.

Também estão os paramentos, roupas, fotografias, a mala usada nas viagens, livros, piano, a vagonete na qual ele seguia pelos trilhos da Madeira-Mamoré (Porto Velho-Guajará-Mirim). A fronteira fica 362 quilômetros da capital rondoniense. No segundo piso estão fechados à visitação e expostos à poeira e umidade que lentamente o destroem.

No início de 2008 eram bem visíveis as paredes descascadas, quebradas e rachadas; o telhado e o forro caindo; vidros e janelas também quebrados; baldes espalhados pelas salas, evidenciando as goteiras que teimavam em aumentar. 



 

O MUSEU DE GUAJARÁ-MIRIM, NO INÍCIO DE 2008

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Fonte: Montezuma Cruz  - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e da Opinião TV

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