Sexta-feira, 24 de junho de 2011 - 08h00
Pesquisadores voltam ao Distrito de Filadélfia para estudar pedras na Huaca do Condor. A presença humana nesse fenômeno vem se evidenciando /JOAQUIM CUNHA |
MONTEZUMA CRUZ
Editor de AMAZÔNIAS
ALTA FLORESTA DO OESTE, Zona da Mata de Rondônia – A cada visita de estudiosos ao local surgem mais evidências de que foram as mãos do homem que edificaram muros e muretas no entorno das huacas e das pirâmides na Zona da Mata de Rondônia. No dia 18 de junho, por exemplo, uma equipe de pesquisadores visitou o muro de arrimo da Fazenda Central Modas, na Linha 100 do Distrito de Filadélfia, em Alta Floresta do Oeste, a 415 quilômetros de Porto Velho
Em análise preliminar, o geólogo Ivan Bispo, do Serviço Geológico do Brasil, diz acreditar que as pedras de arenito do muro de arrimo foram ali colocadas por mãos humanas. “Devido a sua formação de arenito e a distância do local aonde poderiam ter roladas naturalmente seria impossível ter acontecido, pois se esfacelariam”, explicou.
Essa situação também foi confirmada pelo geólogo Amilcar Adamy, que recomenda mais estudos de campo, entre os quais o uso de trado para ver a natureza do subsolo e escavações.
Em 10 de abril deste ano, a Expedição Rondônia Inca saiu de Rolim de Moura para o Distrito de Filadélfia, a fim de observar geoglifos na região. São aqueles localizados via satélite, por imagens aéreas e visitados por pesquisadores. Na ocasião, os participantes se surpreenderam no sopé do morro denominado Huaka do Condor, onde um deles encontrou uma fileira de pedras semi–enterradas, em perfeito alinhamento formando um muro de arrimo, estas pedras todas cortadas em formato retangular. Pedras menores separam umas das outras.
Agora, o autor do pedido da criação de mais um sítio arqueológico na região, o pesquisador Joaquim Cunha da Silva aguarda a visita de outra equipe. Dessa vez serão arqueólogos que poderão estudar as pedras, os muros e confirmar a possibilidade do início de pesquisas para a descoberta da época da construção e quem seria o seu autor.
“O que observamos pode ser a ponta de uma grande descoberta arqueológica e que poderá transformar Alta Floresta e a Zona da Mata em um grande pólo ecoturístico e de estudos de uma história milenar”, comenta Silva.
Cunha, Bispo, Adamy e Walda: mais uma excursão de estudos na região; próximos visitantes são arqueólogos |
O que são huacas
Com personalidade própria, huacas formam parte dos panteões locais das culturas incaicas e pré-incaicas peruanas, ao lado das divindades andinas "maiores", entre as quais Viracocha, Pacha Kamaq ou Pariacaca – explicam estudiosos do assunto.
“A estreita relação entre o homem andino e as huacas pode ser atestada pela grande quantidade delas espalhadas em todo o território peruano, as mesmas que, em alguns casos, ainda são na atualidade objeto de veneração.”
Na condição de centro religioso, as huacas são também famosas por ser o local em que se depositavam oferendas. Por essa razão foram vítimas de saques durante os primeiros anos da invasão espanhola no Peru (século XVI), tanto por sua fama de conter tesouros, como ser o centro da religiosidade local nas províncias que conformavam o Tawatin Suyu.
Cobertas pela vegetação seca, pedras possivelmente colocadas por mãos humanas nessa região mostram que a Zona da Mata teve outras civilizações |
AS PEDRAS
Veja, AQUI, a visita às pedras da huaca do Condor
QUEM PARTICIPOU
■Mestre em Geologia Amilcar Adamy, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM)
■Geólogo Ivan Bispo, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM)
■Walda Ajuru, representante do Povo Indígena Wajuru
■Especialista em Georreferenciamento Joaquim Cunha da Silva (Pesquisador independente)
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