Quarta-feira, 24 de setembro de 2008 - 13h56
A coordenação da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) em Rondônia desafiou nesta quarta-feira o major da Polícia Ambiental Josenildo Nascimento a comprovar suas acusações de que o movimento é ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs) e ao narcotráfico. As acusações foram publicadas no diário Estadão do Norte. A LCP pretende denunciar o major ao Comando Geral das Polícias Militares do País, com sede em Goiânia.
"Somos uma organização de luta dos camponeses pobres, atuamos de forma independente de partidos políticos, políticos corruptos, de Ongs etc. Temos por princípio sustentar nossa luta com nossas próprias forças e também contar com aqueles que nos apóiam", refuta a LCP em nota.
A nota lamenta que o jornal tenha lhe caluniado. E ataca: "Notoriamente conhecido por ser financiado com muito dinheiro da Assembléia Legislativa do Estado e pelo Governo do Estado, e por sua fidelidade canina na defesa dos interesses dos latifundiários e seus políticos corruptos, o jornal não se cansa de atacar e denegrir a justa luta dos camponeses pobres pela terra.
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Camponeses da LCP fazem passeata em Jaru, pedindo reforma agrária já /ARQUIVO |
Em sua edição do dia 23 de setembro o jornal porto-velhense publicou, com o título "Guerrilheiros da LCP compram armas com dinheiro da cocaína", matéria baseada em declarações major Nascimento, na qual ele diz que a LCP "tem vinculações as Farcs e é um grupo guerrilheiro financiado pelo narcotráfico".
"Desafiamos o major a apresentar provaa de nossas vinculações com a Farc ou o narcotráfico. Jamais conseguirá, pois não existem e nunca existiram, a não ser na cabeça de uns quantos arautos e escribas do latifúndio", assinala a nota.
A LCP acredita que essas acusações seriam conseqüência da sua organização pela reivindicação da reforma agrária em Rondônia, algo que prosperou após o 5° Congresso em Porto Velho, do qual participaram cerca de 500 camponeses. O assunto, conforme lembra o movimento, "não mereceu uma única linha".
O jornal afirmou que a LCP defende abertamente a luta armada. "Não senhores, nós defendemos uma Revolução Agrária na qual os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra tomem todas as terras do latifúndio. Porque estamos diante da mais completa falência da reforma agrária do governo, que é incapaz de resolver o secular problema agrário", refuta novamente a nota.
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Camponeses: na mira da polícia e, agora, da imprensa de Rondônia /ARQUIVO |
Desvio de atenção
A LCP diz que nos meses de março e abril a imprensa rondoniense também fizera "campanha odiosa de criminalização da luta camponesa em Rondônia. "Todas as mentiras foram desmascaradas, inclusive pelo Exército e Polícia Federal".
"Na época, Cassol (governador Ivo) tentou usar a LCP de bode expiatório para desviar a atenção da Operação Arco de Fogo que ameaçava os esquemas montados pela Secretaria do Meio Ambiente e grandes madeireiros, tentando colocar a culpa do desmatamento na LCP. Também queria desviar atenção da Operação Titanic, que apurou o envolvimento da família Cassol e de Mário Calixto (diretor-proprietário do Estadão do Norte) em esquemas de corrupção que desviaram R$ 7 milhões dos cofres públicos por meio da sonegação fiscal de na importação de carros de luxo". Na ocasião foram presos o empresário e o filho de Cassol.
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Oséas Martins, assassinado em Jacinópolis: crime insolúvel /ARQUIVO |
Violência,
a marca no interior rondoniense
PORTO VELHO – Em abril, o trabalhador Edson Dutra foi assassinado por pistoleiros no acampamento Conquista da União, município de Campo Novo, a 350 quilômetros de Porto Velho. No dia nove de setembro, uma operação da polícia comandada pelo próprio major atuou sem ordem judicial no despejo das famílias do acampamento Nova Conquista em União Bandeirantes, a 120 Km da capital.
Policiais e pistoleiros fardados dispararam contra camponeses. Depois de rendidos, eles sofreram todo tipo de humilhações. Sete deles foram torturados na sede da Fazenda Mutum. A Justiça Federal havia dado imissão de posse ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e o fazendeiro deveria ser retirado da área. Ao contrário, quem saiu foram as famílias que ali estavam acampadas.
Passados mais de duas semanas do despejo arbitrário, os camponeses ainda continuam no Presídio urso Branco, em Porto Velho, sem julgamento. Tiveram hábeas corpus negados e estão isolados nas celas, sem poder receber visitas. Gerolino Nogueira, 56 anos, gravemente doente, foi mantido acorrentado numa cadeira no Hospital João Paulo II durante sete dias. Depois ele também foi enviado ao presídio. Antes, alguns policiais o chamaram de "velho safado" e de "vagabundo". Anteriormente à prisão, ele já estivera em tratamento num hospital de Jaru. (E.H)
Fonte: EPAMINONDAS T. HENK - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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