Quinta-feira, 16 de julho de 2009 - 07h50
Apoiados pelo Sebrae e Embrapa, pesquisadores mostrarão ao presidente o valor da mandioca, da fécula e outros derivados.
MONTEZUMA CRUZ
montezuma@agenciaamazonia.com.br
BOTUCATU, SP – Pesquisadores, líderes industriais e produtores de todo o País estão ansiosos: não querem deixar passar de agosto a apresentação do pão brasileiro, feito de fécula de mandioca, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No ano passado, por recomendação do Ministério da Fazenda, Lula vetou a adição de fécula à farinha de trigo usada na panificação, cuja lei fora aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
De lá para cá, o pão já esteve em mesas especiais, uma delas, promovida recentemente pela Federação das Indústrias do Estado do Pará, informou pouco antes da abertura do 13º Congresso Brasileiro da Mandioca, a coordenadora de mandiocultura do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa, Carmem Sousa.
Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Sociedade Brasileira da Mandioca (SBM), Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados, do Ministério da Agricultura, reunidos na noite de terça-feira, em Botucatu (SP), torcem pelo êxito do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, que deverá ser recebido por Lula para mostrar-lhe a importância desse pão.
Mais de 150 trabalhos na área serão apresentados até quinta-feira neste evento promovido pelo Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat), da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp). O tema deste ano, “inovações e desafios”, congrega ainda o 7º Workshop (reunião de trabalho) sobre Tecnologias em Agroindústrias de Tuberosas Tropicais, com mesas redondas e conferências.
No estande do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) são vendidas por R$ 5 feixes com manivas das mais novas cultivares pesquisadas: IAC676-70 e IAC 6/01. Estandes montados próximos ao auditório do evento expõem novas tecnologias e máquinas usadas no plantio e colheita da mandioca. O País colhe atualmente 26.3 milhões toneladas de mandioca.
Uma queixa: estudo de resíduos custa US$ 50 mil
BOTUCATU – O custo de US$ 50 mil do estudo de resíduos para o registro definitivo de tuberosas e hortaliças é um dos desafios ao setor. A Câmara Setorial tomou o exemplo de uma simples xicória (Cichorium intybus), planta arbustiva perena, com tubérculo em forma de cenoura, para reivindicar tratamento semelhante a todas as plantas.
Ibama, Ministério da Agricultura e Anvisa estão editando normas para esses registros. A Câmara reconhece que grande parte dos produtores ainda atua fora da lei e defende que o registro de uma planta sirva também para outra.
Após a denúncia de excesso de resíduos em hortaliças, o preço do pimentão, por exemplo, caiu de R$ 15 para R$ 3 a caixa, acarretando prejuízos aos produtores. O representante do Ministério da Agricultura, Luís Rangel, recomendou aos integrantes da Câmara de Insumos que não se preocupem, pois a norma “será um divisor de águas” e será publicada até setembro deste ano.
“Não dá mais para suportar. Há 12 anos vivemos sob pressão”, queixou-se o representante do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná, Methodio Grosko. Em rápido histórico, lembrou que o seu estado sofreu nos anos 1940 a praga dos gafanhotos. “Os insetos atacaram a lavoura e a mata, mas a mandioca e a batata-doce não foram atingidas, e se tornaram a sobrevivência da população”, disse.
Projeto de múltiplos efeitos
Empossado nesta terça-feira, o novo presidente da Abam, Maurício Yamakawa, cobrou dos participantes resultados para a cadeia produtiva. “As condições de trabalho dos produtores de mandioca incluem, desde a pequena casa de farinha à grande indústria de fécula”, ele disse. “É preciso garantir condições humanas e preço, e para isso vamos continuar discutindo”, ele disse.
A entidade debateu estratégias para que a mandioca possa evoluir como cultura de ponta no País. Cobrou a participação de entidades até então ausentes do fórum. Animado, o representante do Instituto de Pesquisas Agrícolas do Pernambuco, Almir Dias da Silva, apresentou-se.
Quem esperava ouvir alguma crítica ao setor moageiro de trigo, que, de maneira geral, ainda rejeita a adição de fécula à panificação, tomou conhecimento que o avanço da cana-de-açúcar sobre pequenas propriedades é hoje considerado um obstáculo às conquistas dos mandioqueiros.
A Câmara e o Ministério da Agricultura anunciaram um projeto multiinstitucional para o manejo da mandioca, visando a minimização de problemas fitossanitários. Serão instalados novos postos de observação para detectar pragas, analisar condições de mercado e observar as características de produção.
(M.C.)
Alagoanos dão exemplo de reorganização
BOTUCATU – “Nós estamos aceitando o desafio da diversificação: além da mandioca e do fumo, que são tradicionais, plantamos batata-doce, milho, feijão e cana-de-açúcar, e criamos pequenos animais”, relata o presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Arapiraca e região, João Pereira dos Santos. Os 240 associados mantêm propriedades com áreas não superiores a dez hectares.
Catorze secretários municipais de agricultura alagoanos compõem a mais numerosa delegação, formada por 22 pessoas lideradas pelo presidente da recém-criada Câmara Setorial Estadual de Mandioca, Eloízio Lopes Júnior, e pelo presidente da Associação dos Beneficiadores de Mandioca (Abeman-AL) do estado, José Renildo de Moura. Essa Câmara é a primeira da região nordeste brasileira. A exemplo de outros produtors de farinha, Moura trabalhava isoladamente com pouco acesso a linhas de financiamento e à assistência técnica. “Eu trabalhava na informalidade e pouco conseguia cumprir normas, regulamentações sanitárias, trabalhistas e ambientais”, contou.
Cerca de 450 casas de farinha que beneficiavam parte da mandioca plantada e colhida por aproximadamente 20 mil produtores viviam situação semelhante. O negócio emperrou. Em 2000, os produtores foram autuados pelo Ministério do Trabalho com pesadas multas, após a constatação de irregularidades na contratação da mão-de-obra temporária. Mais tarde, em 2002, Moura e os demais farinheiros perceberam que a contratação de mão-de-obra em conformidade com a legislação trabalhista era apenas um dos inúmeros problemas que compartilhavam. Além disso, para sair daquela difícil situação, precisariam se unir e contar com o apoio de diversas instituições, pois o sustento da atividade dependia de grandes investimentos. Moura precisava investir nas instalações, equipamentos e treinamento da mão-de-obra para melhorar a qualidade do produto final; melhorar a imagem do produto local e encontrar alternativas para produzir sem agredir o meio ambiente. Esses eram os grandes desafios que precisavam ser enfrentados naquele momento.
Os produtores usam atualmente a manipueira (líquido leitoso da mandioca) para combater nematóides em mandiocais e em hortaliças plantadas nos arranjos produtivos locais. No entanto, cobram do governo federal a urgente liberação da manipueira em pó, para ser usada como anti-pragas e fertilizantes. (M.C.)
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e do OpiniaoTV.
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