Quinta-feira, 28 de junho de 2018 - 15h30
Mães da zona leste de Porto Velho são as maiores doadoras de leite que atende às necessidades do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro.
Somente a UTI neonatal é abastecida por aproximadamente 40 mães da periferia. Outras unidades hospitalares também se servem do Banco de Leite Santa Ágata.
Diariamente, o berçário atende em média 40 bebês. O leite coletado vale por 15 dias.
O vaivém é constante, daí a campanha permanente por doações. “Algumas abastecem os próprios filhos”, conta a enfermeira Edilene Macedo Cordeiro. Segundo ela, o leite cru pode ser armazenado durante 15 dias.
O banco também tem a colaboração do Posto de Coleta de Leite Ernandes Índio (zona leste), da Prefeitura de Porto Velho.
Uma vez por semana, profissionais de saúde do banco coletam o leite das 7h30 às 18h e o colocam no congelador. “O trabalho na zona leste dura sempre dois dias”, ela disse.
O leite é encaminhado para o laboratório do banco, passa pelo processo de pasteurização, onde é purificado para ser adequadamente servido aos recém-nascidos prematuros de alto risco e baixo peso.
NOBREZA
Amamentar é um gesto nobre, que demonstra o
desprendimento, o amor e a relação mais íntima e pura entre mãe e filho.
Mas se já é um ato de nobreza o aleitamento materno, o que dizer das
conhecidas como “mães de leite”, que mesmo no anonimato doam o leite
para recém-nascidos internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI)
do estado?
A história de Gabriela Sales Lima da Silva é um
exemplo. Pela segunda vez a jovem de 30 anos doou. Quando o fez, a filha
Grazyela tinha 7 anos, e Mikael, seis meses de vida. “Muito
gratificante”, ela considerou.
“Eu tinha tanto leite que meio seio chegava a doer”, relatou na ocasião. Em média, 300 mililitros a cada semana.
“MEUS SEIOS JORRARAM LEITE”
Técnicas do banco ensinam como massagear a mama para evitar que o leite empedre, e também me incentivam as mães à doação.
Nathália
Ferreira Batista, 26, disse que o banco foi uma “descoberta
maravilhosa”. “Eu nem sabia que isso existia até ter a minha
primogênita. O parto foi lá na maternidade do HB, e nos dias seguintes
ao nascimento os meus seios jorravam leite”, disse.
Segundo
Nathália, mãe de Gustavo, 4 anos e Benício de 8 meses, a equipe do banco
passou na casa dela e marcou a primeira consulta para orientação sobre
aleitamento e avaliação profissional. “Quando eu cheguei lá elas viram
que eu era doadora em potencial, pela minha quantidade de produção. Há
semanas que consigo encher três vidros de leite”.
E assim,
Nathália doou por nove meses, e atualmente, na segunda experiência,
promete continuar “enquanto o filho estiver mamando”. “Eu sou muito
grata por poder ajudar a tantos outros bebês que por diversas situações
não conseguem passar pelo aleitamento da forma como o meu filho. É uma
coisa natural, vem de graça para mim, e é gratificante poder doar”.
SAIBA MAIS
►Aproximadamente
77 milhões de recém-nascidos não são amamentados na primeira hora de
vida, deixam de receber nutrientes e anticorpos e são privados do
contato corporal com suas mães, de acordo com o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef).
► Este primeiro contato corpo a corpo é essencial para protegê-los de doenças e para contribuir com o sucesso da amamentação.
►
Segundo France Bégin, assessora sênior de Nutrição do Unicef, se todos
os bebês fossem alimentados apenas com leite materno desde o momento do
seu nascimento até os seis meses de idade, mais de 800 mil vidas seriam
salvas a cada ano.
► Quanto mais se atrasa o início da amamentação, maior é o risco de morte no primeiro mês de vida.
►
Atrasar o aleitamento materno entre duas e 23 horas após o nascimento
aumenta em 40% o risco de morte nos primeiros 28 dias de vida. Atrasá-la
por 24 horas ou mais aumenta esse risco em 80%.
MONTEZUMA CRUZ e VANESSA FARIAS (Secom)
Com fotos de Daiane Mendonça e Rosinaldo Machado
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