Mandioca
pode impulsionar
a economia da Amazônia
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
CRUZ DAS ALMAS, BA – Completou cem dias o périplo do deputado Fernando Melo (PT-AC) por unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Raízes e Amidos Tropicais da Universidade Estadual Paulista e agroindústrias do setor, em busca do resgate da mandiocultura na Amazônia e da instalação do Pólo Sociomandioqueiro do Chandless, na região do Purus. Melo esteve em Cruz das Almas (BA). O deputado foi recebido no final da semana passada pela direção do Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura Tropical em Cruz das Almas, 54 mil habitantes, a 146 quilômetros de Salvador, no Recôncavo Sul Baiano. O que liga a Bahia ao Acre? A transferência de tecnologia.
O Pólo Sociomandioqueiro nasce com o envolvimento de cerca de duzentas famílias, em Sena Madureira, onde o perfil de propriedade varia entre oito e dez hectares em média e a safra ultrapassa 20 toneladas e em algumas áreas alcança 30 t/ha. A Bahia poderá fornecer tecnologia e ajudar a transformar esse sonho em realidade.
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Nascimento, chefe da Embrapa Mandioca, recebeu Fernando Melo /M.CRUZ |
Pelo centro fundado em 1975 no governo militar do general Ernesto Geisel transitam diariamente cerca de 500 pessoas, entre servidores, pesquisadores, bolsistas, estagiários e terceirizados. Trabalham ali 76 pesquisadores com cursos de mestrado e doutorado em universidades brasileiras e estrangeiras. Esse indicador justifica as mais de 20 parcerias internacionais, das quais, seis em pesquisa e desenvolvimento e duas em transferência de tecnologia. Entre 2004 e 2007 o centro recebeu dez missões estrangeiras.
Momento importante
"Com certeza, eu e minha comitiva tomamos um banho de informações da mais alta qualidade", afirmou o parlamentar. Melo esteve na instituição às vésperas da chegada de uma delegação com 27 técnicos de extensão rural representando 20 municípios do Estado do Pará, e da viagem da pesquisadora Wânia Gonçalves Fukuda para Angola. Agraciada com o Prêmio Frederico Vega de 2008, Wânia desenvolveu um trabalho com base na inclusão de agricultores e extensionistas de forma mais ativa no processo de melhoramento genético da mandioca.
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No Mercado Municipal: fartura de farinha, araruta e uma variedade de bijus / M.CRUZ |
A aplicação deste modelo facilitou o entendimento das vantagens e desvantagens da adoção do produto originado da pesquisa, levando agricultores de base familiar a adotar variedades melhoradas.
As palestras especiais para o deputado foram feitas com o uso de audiovisuais. Das consultorias prestadas em Cruz das Almas, atualmente o centro dá treinamento a cubanos e moçambicanos. No ano passado ali estiveram técnicos africanos e timorenses. Melo elogiou o vasto banco de dados da instituição, responsável pela média de 13 teses de dissertação por ano. O centro totalizou 219 eventos e 896 palestras em quatro anos. A visita coincidiu ainda com o anúncio do lançamento de três novas variedades de mandioca melhorada: verdinha, tapioqueira e caipira. Será no próximo dia 27 em Aracaju (SE), numa parceria com a Embrapa Tabuleiros Costeiros.
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Sérvulo Costa (c) se entusiasmou com as palestras técnicas /M.CRUZ |
"Honram o País"
O empresário Sérvulo Costa, diretor da MOA Manutenção e Operação Ltda, em São Paulo, expressou a Nascimento o seu contentamento pela receptividade. "Fiquei impressionado com as palestras assistidas, bem como, pelo preparo de toda equipe de Cruz das Almas, que honra o nosso País e nos faz acreditar que estamos no caminho certo", ele disse. Segundo Costa, que é nascido no Acre, as informações transmitidas pelos pesquisadores serão valiosas para colocar em prática suas aspirações empresariais, "com foco social no carente e longínqüo Estado do Acre". "Esse sonho não se realizará se não pudermos contar com a inteligência e auxílio luxuoso da equipe da Embrapa Cruz das Almas", assinalou.
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Loyola: 4 prioridades |
Prioridades e alternativas
para mandioca e fruteiras
●O chefe-adjunto de Comunicação e Negócios Jorge Luiz Loyola Dantas descreveu as quatro prioridades na área de mandioca e fruteiras tropicais: caracterização de recursos genéticos; geração, adaptação e tecnologias inovadoras; agregação de valor e transferência de tecnologia. Segundo ele, o centro executa seis macroprogramas, entre os quais, o de agricultura familiar e sustentável. De 2004 a 2007 se manteve com 27% de recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 22% da Fundação de Pesquisas da Bahia; 20% do Banco do Nordeste Brasileiro; 9% de ministérios, 9% de financiamentos internacionais; e 9% de outras fundações.
● A mandiocultura no Extremo Sul da Bahia é quase totalmente praticada por agricultores familiares. O cultivo intensivo, sem adubação e rotação de culturas, e o uso do fogo como forma de limpeza das áreas levaram a solos degradados. Além da baixa produtividade, um reflexo da degradação da fertilidade dos solos é o amarelecimento das plantas, com definhamento e morte. "Com este problema, também conhecido como amarelão da mandioca e suspeita de ser uma deficiência em micronutrientes, muitos produtores abandonaram áreas dentro de suas propriedades por não conseguirem mais produzir mandioca", afirma a pesquisadora Arlene Maria Gomes Oliveira.
● O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas, participando com cerca de 10% da produção global, com 43 milhões de toneladas/ano. As fruteiras representam o segmento que mais cresceu no setor agrícola, constituindo-se importante alternativa para produtores e agroindústrias. Abacaxi, acerola, banana, citros, mamão, manga e maracujá estão na lista das frutas irrigadas e estudadas desde os anos 1990.
Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.
Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)