Matador de Chico Mendes volta pra casa

Mandante da morte de Chico Mendes volta para casa     

Fazendeiro que mandou matar líder seringueiro volta para casa em Xapuri. Comitê programa atos para lembrar os 20 anos do assassinato.

MONTEZUMA CRUZ
montezuma@agenciaamazonia.com.br

BRASÍLIA – Darly Alves(foto), 71 anos, mandante da morte do líder seringueiro Chico Mendes em 22 de dezembro de 1988, deixou a penitenciária em Rio Branco. Está com úlcera, visão deficiente, problemas pulmonares e intestinais. Ele volta a cumprir prisão domiciliar em sua casa, na Fazenda Paraná, que fica no município de Xapuri, a 180 quilômetros da capital acreana. Darly fora condenado a 19 anos de prisão em 1990, pela morte de Chico Mendes.

O fazendeiro paranaense estava preso desde 2006 e recebeu o benefício da prisão domiciliar no final de 2007. Durante 90 dias ele deverá permanecer em casa, de onde só sairá com autorização judicial para receber atendimento médico. Contrário à medida, o promotor Ruy da Silveira Lino Filho, lembrou que o presídio de Rio Branco atendia às recomendações previstas no laudo médico: a oferta de alimentação dietética e a garantia de um ambiente “sem fortes emoções”.

O benefício foi negado em primeira instância pela juíza da Vara de Execuções Penais, Maha Kouzi Manasfi e Manasfi, mas foi acatado pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do Acre. Até agora não houve recursos contra a decisão. Darly fugiu da prisão em fevereiro de 1993 e e só foi recapturado três anos depois, em 1996. Dedicou-se normalmente aos negócios. No período em que conseguiu escapar da polícia ele até obteve um financiamento do Banco da Amazônia.

O próprio banco trabalhou com o nome dele, mas não percebeu tratar-se de um condenado pela justiça. Por crimes de falsidade ideológica e contra o sistema financeiro, Darly teve a pena aumentada em mais dois anos e oito meses de prisão. 

Anistia deve sair em dezembro

BRASÍLIA – A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça poderá promover no dia dez de dezembro, em Rio Branco (AC), sessão especial para decidir a respeito do processo de anistia de Chicio Mendes. A reunião faz parte da programação denominada “20 anos Chico Mendes vive”, que começou a ser negociada esta semana em Brasília, entre o Comitê Chico Mendes, autoridades brasileiras e o Banco Mundial.

A programação terá palestras, reuniões de trabalhadores rurais para debater a criação de parques ambientais municipais em Brasiléia e Epitaciolândia; mostra de filmes documentários; plantio de árvores amazônicas; corrida ciclística entre o Brasil e a Bolívia e apresentações teatrais. As secretarias estaduais de Turismo e de Educação participam da programação.

Datas e horários a confirmar

A presidente do comitê, Ângela Mendes, e a ex-presidente, Júlia Feitoza, estiveram em Brasília para concluir a programação. Em Rio Branco participam da organização Raimunda Bezerra e Gomercindo Rodrigues, também dirigentes do comitê. Árvores amazônicas A campanha “Plante uma árvore pelo esporte” entregará à população mil mudas de árvores tipicamente amazônicas.

Os horários dos atos e solenidades serão divulgados até novembro próximo. Com o apoio de organizações não-governamentais, do Conselho Nacional dos Seringueiros e da Fundação de Cultura Elias Mansur, o Comitê Chico Mendes abre a Semana Chico Mendes no dia 15 de dezembro em Rio Branco. Serão espalhados outdoors pelo Acre para lembrar a história de Chico. O poeta amazonense Thiago de Mello lançará o livro “Vozes da Floresta”, no Teatro Plácido de Castro, o Teatrão.

Junto com o Instituto Chico Mendes, que tem sede em Xapuri, o comitê programou para o dia 17 de dezembro – a ser confirmada – a exibição dos filmes: “Eu quero viver” e “O sonho de Chico Mendes, produção de Adrian Cowll e Vicente Rios. Haverá debate com a participação de visitantes e moradores, na sede da Fundação Chico Mendes, às 19h. No dia seguinte a programação contempla atividades esportivas e culturais no Seringal Cachoeira. Em Rio Branco, no dia 18, uma quinta-feira, os mesmos filmes serão vistos no Teatro Hélio Melo, a partir das 19h. (M.C.) 

Fonte: Montezuam cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião