Terça-feira, 25 de setembro de 2007 - 22h20
MONTEZUMA CRUZ (AGÊNCIA AMAZÔNIA) - Spósito mostra no audiovisual os principais problemas de segurança amazônicos. Relato de delegado da PF na Câmara dos Deputados mostra que governo brasileiro deve reagir aos desafios
Não há um único garimpo regularizado na fronteira norte brasileira, por onde circulam cerca de dez mil pessoas, entre as quais, foragidos da polícia em estados amazônicos. A Assembléia da Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu os direitos dos povos indígenas, lhes deu autonomia, e proibiu operações militares em seu território.
Essas situações, aliadas ao narcotráfico, à biopirataria, e à presença de empresas multinacionais do minério, desafiam a defesa brasileira. Foi o que demonstrou hoje, em audiência pública na Câmara dos Deputados, o delegado da Polícia Federal Mauro Spósito. "Teremos problemas sérios", previu.
A convite da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, ele mapeou os dez principais problemas de segurança – "os que mais dão dor de cabeça" – nos 12 mil quilômetros de fronteiras amazônicas (do total de 17 mil Km de fronteiras terrestres brasileiras). A região tem 1 milhão de quilômetros quadrados, o equivalente ao Estado do Amazonas.
"O crime organizado persiste no tempo e a ONU o considera uma afronta ao regime democrático", disse Spósito. Disse que atualmente, um dos princípios de segurança internacional dá direito a um país "a limpar o quintal sujo de outro".
Diamantes do Roosevelt
Com grande potencial ofensivo, segundo as palavras do delegado, o narcotráfico ainda assusta. Basta lembrar que o Brasil, entre 1997 e 2006, se tornou o maior consumidor de pasta básica de cocaína, produzida numa área calculada em 200 mil hectares. "Com o Peru, a Bolívia e a Colômbia temos quase três vezes superiores à fronteira entre os Estados Unidos e o México".
Spósito apontou fatores que vão mobilizar o governo nos próximos anos: a fortuna acumulada no subsolo brasileiro não tem dimensão e vem sendo explorada por multinacionais que mantêm sócios brasileiros em minoria. "São os maiores sacadores de recursos na Bolsa de Toronto (Canadá)", comentou. Os diamantes da região do Roosevelt (entre Mato Grosso e Rondônia) proporcionam negócios de US$ 200 milhões mensais. É considerada a maior reserva mundial dessa pedra. Um garimpo de urânio na fronteira com a Guiana também preocupa.
Índios e ONGs
No aspecto indígena, o delegado mencionou influências externas, citou a Aliança Amazônica e destacou: 20% da Amazônia são constituídos de reservas indígenas. "O índio não é problema, mas as orientações que vêm do exterior, embora o nosso conhecimento da região ainda é maior que o das organizações não-governamentais (ONGs)", ponderou. "Parte das ONGs é movida por interesses econômicos escusos", afirmou.
Para Spósito, os extrativistas são os "verdadeiros guardiões da fronteira", mas se não forem devidamente amparados, "podem ser transformados em presa fácil do crime organizado".
O recrutamento de crianças de dez anos de idade para lutar na guerrilha colombiana também está na lista. "Os guerrilheiros se refugiam na selva brasileira em aviões e pelos rios; por que isso nos afeta? Porque a América do Sul é um grande mercado de armas e munições". As FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) têm 18 mil soldados e o consumo anual de armas e munições clandestinas está estimado em US$ 1 bilhão.
Mesmo com essa realidade, conforme o delegado, o Pentágono (Departamento de Defesa dos Estados Unidos) considera que o Brasil "é bem sucedido ao evitar que terroristas busquem refúgio na floresta".
O delegado afirmou que na década de 1970, o jogador Pelé era a mais famosa marca brasileira no exterior; hoje é a Amazônia. Disse que a Zona Franca de Manaus talvez tenha sido o único projeto de desenvolvimento que deu certo no que diz respeito ao povoamento amazônico: Manaus possui atualmente 2,5 milhões de habitantes.
Ibama prepara pedidos
O diretor de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Flávio Montiel da Rocha, pediu apoio da comissão para as emendas orçamentárias que o instituto deve enviar brevemente à Câmara.
O pedido responde à deputada Dalva Figueiredo (PT-AP). Ela solicitou a audiência para discutir a fiscalização e o controle das fronteiras da Região Amazônica. Dalva perguntou aos convidados em que a comissão poderia ajudar para dar mais recursos para a proteção da Amazônia.
Calha Norte
O diretor do Departamento de Política e Estratégia do Ministério da Defesa, vice-almirante Arnon Lima Barbosa, lembrou à comissão que o Exército é o responsável pelo Projeto Calha Norte, voltado para a ampliação da presença das Forças Armadas na Região Amazônica e promover o desenvolvimento econômico e social na área.
"No ano passado, para a parte militar do projeto foram destinados R$ 34 milhões, mas R$ 3 milhões foram contigenciados", ele queixou-se. "A parte civil, responsável pelo desenvolvimento social, recebeu mais de R$ 400 milhões. Arnon Barbosa pediu o aumentar dos recursos para o reaparelhamento e conclusão das operações na região.
Fonte: AGÊNCIA AMAZÔNIA é parceira do Gentedeopinião
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