Sábado, 18 de abril de 2009 - 21h30
Embora faça parte do maior estado produtor de mandioca do País, Moju atravessa com dificuldades uma encruzilhada econômica
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
BRASÍLIA – Sede da primeira indústria de fécula da Amazônia, Moju deverá iniciar brevemente a produção de álcool etanol de mandiocaba, a mandioca açucarada testada com êxito este mês pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Planaltina (DF), a 40 quilômetros do Plano Piloto de Brasília. O município fica na região nordeste do Pará, a 61 quilômetros de Belém. Tem cerca de 60 mil habitantes e é rico na produção de mandioca, coco, dendê, cupuaçu, feijão, pimenta-do-reino, maracujá, açaí e abacaxi.
Ikeda quer roça sem fogo e etanol de qualidade no nordeste paraense / M.CRUZ |
Experiência de sucesso
Apuro do álcool de mandiocaba durante o teste feito em Planaltina / M.CRUZ |
Trio da produtividade
Aos poucos, porém, pequenos agricultores paraenses se convencem da importância do denominado “trio da produtividade”, que se baseia em três ações para dobrar a produtividade: 1) a seleção da maniva de 8 a 10 meses, com a dispensa do toco e da ponteira; 2) o plantio no espaçamento 1 x 1 e; 3) a limpeza da área em 90 dias de plantio, sem invasoras.
Discípulo da “roça sem fogo”, divulgada pelo pesquisador Raimundo Brabo, o técnico Ikeda lembra-se de que uma colega da Emater-PA em Abaetetuba, a técnica Marisita Lima, montou uma unidade de observação, adotando esse trio, que logo virou quarteto. Ela acrescentou o tucupi como adubo. Levou o método para Santarém, mas foi novamente removida e está de volta a Moju. Feliz da vida.
Mandioca é saída ecológica para pequenos
Agricultor que não queima roça mostra um exemplar de mandiocaba / DIV
BRASÍLIA – Em Moju, os produtores utilizam duas épocas de plantio: uma no início do período chuvoso, que ocorre em dezembro, e outra no início do período de estiagem, no mês de junho, denominado plantio de “verão”. Segundo alguns agricultores, esse método reduz o número de capinas e a incidência de podridão radicular. Alguns produtores já selecionam cultivares e o material a ser plantado.
A agricultura familiar na Amazônia caracteriza-se pelos processos de corte e queima da vegetação. Se por um lado essa prática reduz os custos de preparo do solo, por outro, acelera drasticamente o empobrecimento desse solo, principalmente em virtude da volatilização dos nutrientes no momento da combustão. A grande quantidade de CO2 emitido para a atmosfera é uma das más conseqüências disso.
A “roça sem fogo” foi também objeto de tese de mestrado do agrônomo Paulo Emílio Lovato, da Universidade Federal de Santa Catarina; da agrônoma especializada em agrossistemas da Universidade Federal do Pará, Maristela Marques da Silva; e da pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, Irma Célia Vieira. A equipe lembra que o projeto surgiu de uma experiência pioneira coordenada pela Fundação Viver, Produzir e Preservar, organização não-governamental que atua nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará, Placas, Senador José Porfírio, Porto de Moz e Vitória do Xingu, ao longo da rodovia Transamazônica (BR-230), no Pará.
Cerca de 150 famílias, cada qual com um hectare, foram beneficiadas. A técnica, segundo eles, consiste em utilizar áreas de floresta secundária, nas quais inicialmente é feita a roçagem para a retirada da vegetação original. Os materiais resultantes da roçagem – galhos e troncos – ficam acumulados sobre a superfície do solo, onde são colocadas espécies de cobertura, especialmente mucuna-preta, bananeira e mamona. Elas abafam ervas daninhas e auxiliam a decomposição do material vegetativo oriundo da roçagem da própria vegetação.
Há oito anos os pesquisadores constaram que mudanças na forma de encarar a representação predominante na região de que “sem fogo não se produz” não ocorreriam rapidamente. Mas acreditaram, como tantos outros acreditam, a exemplo de Ikeda em pleno século 21, que as mudanças vão além das questões práticas. Possuem o valor simbólico de trazer a fertilidade para a terra e garantir a reprodução social da família. (M.C.)
SAIBA MAIS
▪ Em Moju, a lavoura de mandioca é conduzida predominantemente por pequenos agricultores familiares, totalizando dois mil hectares, correspondentes a 0,6 % da área cultivada no Estado e uma produção de mais de 52 mil toneladas de raiz, em 2005 (IBGE, 2007).
▪ A mandioca representa de 80 % a 85 % da renda familiar na região. As propriedades estão, em média, distante 80 quilômetros da sede do município e as condições de acesso são ruins.▪ Problemas: o material de plantio (manivas) é retirado na própria propriedade e não recebe nenhuma tipo de seleção ou tratamento contra pragas e doenças, conforme levantamento feito há quase três anos.
▪ Menos de 30 % dos produtores tiveram acesso a crédito e menos de 20 % aos serviços de assistência técnica. Quanto ao destino da produção, 85% é para comercialização e 15% para o consumo familiar.
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e o OpiniãoTV
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