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Montezuma Cruz

Mulheres indígenas querem políticas públicas e respeito nas aldeias


Mulheres indígenas querem políticas públicas e respeito nas aldeias - Gente de Opinião

Participação de lideranças femininas no debate dos problemas da Terra Indígena Rio Branco abre o caminho para novos encontros no interior de Rondônia/FOTOS JOAQUIM CUNHA
 

 
 

MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias

 
Mulheres indígenas lançaram a si próprias o desafio da organização, ao participarem no dia 17 do 1º Encontro de Mulheres Indígena de Alta Floresta do Oeste, na Aldeia do Povo Wajuru, no Distrito de Porto Rolim de Moura do Guaporé (fronteira Brasil-Bolívia). Considerando as vantagens e desvantagens do êxodo rural indígena, elas concluíram que muitos vão morar na periferia e servir de mão de obra barata na sociedade não-indígena. "Por isso, esse fenômeno deve ser evitado." Na Escola Municipal Ana Neri, elas pleitearam políticas públicas nas aldeias, denunciaram o alcoolismo como um dos mais graves problemas e a respeito da Maria da Penha afirmaram: "Sua aplicação tanto serve às  mulheres quanto aos homens."

 

Ao postularem novas oficinas e outros encontros, as mulheres demonstram que enfrentam as dificuldades com altivez. Uma equipe interinstitucional formada pela Secretaria de Educação, Fundação Nacional do Índio (Funai), Federação Rondoniense de Mulheres (Ferom), Associação das Mulheres de Alta Floresta (Asmaf), Associação Ipet Wajuru, entre outros órgãos, elaborou um relatório do evento. Mais dois encontros estão previstos para a Terra Indígena Rio Branco, em data a ser ainda definida: um para atender a  demanda de mulheres via fluvial, juntando as indígenas que moram na beira do rio, e outro com as indígenas da área terrestre.Mulheres indígenas querem políticas públicas e respeito nas aldeias - Gente de Opinião

 
 

"Chave da preservação"

 

Cada participante escreveu o que trouxe de conhecimento, para o encontro. No mural também foram expostas as expectativas individuais e coletivas das participantes. Cartazes e textos circularam na plenária. Sucederam-se prioridades e expectativas, com reflexões espontâneas a respeito da vida atual nas terras indígenas. Nesse momento, todos participaram com desenhos e escrita, demonstrando a realidade de cada aldeia. Finalmente, as mulheres concluiram: "Podemos ter e ser o que queremos."

 

A vida da mulher indígena e não-indígena, a vulnerabilidade social e a marginalização existente na sociedade não-indígena também ocuparam espaço nos debates.  A servidora da Funai, Cleide Bezerra destacou o papel da mulher indígena  dentro da comunidade, classificando-a como a "chave para a sua preservação", desde a gestação do filho, amamentação com leite materno, educação, conservação da língua e da cultura. "Égrande a responsabilidade da mulher indígena", afirmou.

 Mulheres indígenas querem políticas públicas e respeito nas aldeias - Gente de Opinião
 

Relação com maridos

 

Apesar do encontro ser feminino, alguns homens participaram, tratando da determinação, saúde, sustentabilidade, confiança, responsabilidade,  cultura, vida na aldeia,  aperfeiçoamento e conhecimento. Aíentrou tamém a importância do homem como "pilar da aldeia" e a mulher como "o sol que brilha", ambos conscientes de seu papel. "Na comunidade, a mulher não pode se calar diante de injustiças e maldade; e  maldade contra a mulher não faz parte da cultura indígena, daíela ter que falar, denunciar se preciso for, quando isso ocorrer."

 

Organização Social/Violência Contra a Mulher e a Ressignificação do papel da Mulher Indígena no Contexto Atual com Respeito àCultura foram os temas das palestras. Paralelamente às brincadeiras, cantorias e danças, houve sorteio de brindes.

 

Na análise de Flávia Iraiore de Carvalho (Ferom) e Lígia Braz Bezerra (Funai-Porto Velho), as mulheres devem cuidar dos afazeres na aldeia da seguinte forma: 1) Irradiando e iluminando o seu lar com sua alegria e suas atividades, numa caminhada continuada de forma consciente da importância do seu papel para a preservação da vida, da cultura, de sua responsabilidade junto com o pai na criação e educação dos filhos; 2) Ser mãe, esposa e mulher no cotidiano da vida na aldeia, buscando deixar bem claro que homem e mulher são parceiros, onde um completa o outro para juntos lutar por um mundo melhor."

 

 

QUEM PARTICIPOU OU APOIOU

 

Analice Makurap, representante Organização de Mulheres Indígenas de Rondônia, Noroeste de Mato Grosso e Sul do Amazonas (Omiram

Cleide Bezerra, da Funai em Ji-Paraná

Flávia Iraiore Carvalho, representante da Ferom e da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Rondônia e da Região Norte (Catanorte)

João Tuparí, representante dos homens da Terra Indígena Rio Branco em Saúde Indígena

Joaquim Cunha, pesquisador independente (Eldorado Paititi–Geoglifos Brasil Rondônia Inca)

Léia Vale, coordenadora da Coordenação de Gênero e Assuntos Geracionais da Funai em Brasília

Lígia Braz, da Funai em Porto Velho

Luzeny de Souza Amaral, organizadora do encontro, representante da REN/Seduc em Rolim de Moura e Associação de Mulheres de Alta FlorestaOtoniel Braga, representante do Povo Quilombola

Márcia Aruá, representante das Mulheres Indígenas da Terra Indígena Rio BrancoRomeu Roque Royer, coordenador da Educação Escolar Indígena em Alta Floresta   

Marciane Paini Brogio, representante da Secretaria Estadual de Meio Ambiente em Porto Rolim

Ronny Edson da Silva, representante da Ecomeg

Tanúzio Oliveira, chefe da CTL/de Alta Floresta do Oeste

Valda Wajuru, representando a Associação Indígena Ipet Wajuru

Valdivino Timóteo, apoiador em diversos setores

Vicente Batista Filho, coordenador da  Coordenação Regional de Ji-Paraná 

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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