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Montezuma Cruz

Museu de Cusco guarda a história do maior Império sul-americano


 

Museu de Cusco guarda a história do maior Império sul-americano - Gente de Opinião

Vasos cerâmicos de Wankarani /FOTOS VÂNIA MUNHOZ
 

 
 

MONTEZUMA CRUZ
De Cusco, Peru

 

O som suave da flauta andina é ouvido em todas as salas do térreo e do primeiro andar do casarão que sedia o Museu Inka da Universidad Nacional de San Antonio Abad del Cuzco. Aqui o visitante conhece detalhes do desenvolvimento cultural do período pré-Inca, 16 mil anos atrás, quando caçadores e colecionadores procedentes do Continente Asiático no período pré-cerâmico (1500 A.C a 5 mil A.C) subiram os Andes. Envoltas em cordas ou dentro de urnas, múmias em posição fetal são conservadas numa temperatura de cinco graus C na “Casa dos antepassados.”

 

Crânios com perfurações ou deformações evidenciam massacres. Perto daqui, em Pizaq, os espanhóis violaram tumbas, saqueando ossadas, ouro, bronze cobre e prata. No meio de uma montanha desse sítio arqueológico estariam cerca de dez mil tumbas, uma das quais, do astrônomo inca.

 

Cusco, 300 mil habitantes, a 3,45 mil metros de altitude, é conhecida por “umbigo” no idioma quíchua, ou “umbigo do mundo”. O mais importante centro administrativo e cultural do Tahuantinsuyu (Império Inca) tem ruas estreitas calçadas com paralelepípedos e por onde passa diariamente o caminhão da coleta seletiva de lixo. Comerciárias correm com os recipientes cheios para entregá-los aos catadores.

 

O Império Inca estendia-se desde o extremo norte do Equador ao sul da Colômbia, Peru e Bolívia, até o noroeste da Argentina e norte do Chile.  A civilização nascida da sucessão de culturas andinas pré-colombianas existiu na América do Sul desde os anos 1200 até a invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Atahualpa na Batalha de Cajamarca, em 1533.

 
 

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Estátua de Puno data de 400 anos A.C.
 


Riquezas de Naska

 

São ricos os vasos cerâmicos de Naska com 11 cores e geometria variada, plumas de aves e metais para decorar tecidos. Naska (200 a 300 anos AC) notabilizou-se por seus geoglifos e figuras estilizadas de macacos, baleias, aranhas e lagartixas. Os adornos vindos do assentamento Mochika, entre os vales de Lambayeque e Casma, mostram o cotidiano do norte peruano. Urnas funerárias, oferendas colocadas em tumbas datam de um século A.C.

 

A cada sala nos deparamos com pesquisadores estrangeiros e estudantes contemplando a maior riqueza arqueológica da América do Sul. Peças de cerâmica branca e preta sobre creme de 800 anos A.C. estão ao lado de bonecas com fragmentos de telas e fibras de algodão, fabricadas na região do Rio Chankay, ao norte de Lima. A metalurgia de Chimo, cinco quilômetros acima de Trujillo – conquistada pelos incas em 1.460 – especializou-se na produção de jóias de ouro, prata e bronze oferecidas aos mortos.

 


 

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Pintura em painel mostra o povo Inca na atividade agrícola
 


 

Assentamentos culturais

 

O museu trouxe esculturas líticas do assentamento de Pukara, e monolitos de Tiwahako, ao sul do Lago de Titicaca. Datada de 500 anos D.C., a arquitetura desse lugar incorpora construções feitas para os centros de cerimoniais. Dali saem tecidos fabricados com algodão, alpacas, lhamas e vicunhas. A representação de caras de felinos, com olhos bicolores iguais, destaca-se na cerâmica Tiwanako e Xwarl. Outro assentamento de pastores pré-inca, Qollao divide suas riqueza agrícola com os assentamentos culturais de Qaluyo, Pukara e Tiwanako, que herdaram muito êxito tecnológico e social. Qollao controlava o Altiplano, onde se produzem centenas de variedades de milho (maiz) e batatas (papas).

 

Remates de cetros, colares de prata usados por mulheres nobres completam o acervo, ao lado de braceletes de bronze, prendedores e adornos de prata fabricados pelo povo Qoya. Cópias de fotos entregues à National Geographic Society em 1912 mostram a descoberta científica de Machu Picchu pelo norte-americano Hiram Bingham.

 


 

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Peça lítica da região de Tiawanako, intacta
 

 



Livraria e biblioteca serão reabertas
 

Dez horas da manhã: no pátio, peruanas sentadas no chão preparam manualmente tecidos diversos. Visitantes contemplam demoradamente o mapa astronômico que precisa os solstícios, equinócios, e datas de celebração de cultos, entre os quais o Chapaq Raymi (Grande Festa), em dezembro, e o Intiraymi (Festa do Sol), em 21 de junho. Tambem apreciam esculturas doadas pelos artistas Maxi Palomino e Enrique Sierra. Pinturas retratam o carregamento de pedras por meio de alavancas e braços humanos.

 

Em sua sala, a economista Mercedes Pinto conta que assumiu este ano  a direção do Museu Inka, com a responsabilidade de automatizá-lo. Ela quer proporcionar mais cultura histórica nesse edifício onde no passado funcionou o palácio do almirante Francisco Aldrete Maldonado. É um dos melhores casarões de Cusco, construído sobre um palácio Inca no início do século 17.Biblioteca e livraria serão reabertas.

 

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Crânios com deformações: mortes cruéis durante o enfrentamento aos espanhóis
 



 

SAIBA


Museu Inka de Cusco
Visitas de segunda a sábado, das 8h às 19h. Ingresso: 10 soles (R$ 6,50)

 

 

700 idiomas
eram falados pelas diferentes nações Inca. O mais falado era a língua ameríndia Quíchua (qhichwa simi ou runa simi), até hoje ensinado.

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