Segunda-feira, 23 de outubro de 2017 - 17h59
Montezuma Cruz
Na simplicidade que a caracteriza, a antropóloga e escritora Betty Mindlin caminhou entre cadeiras e olhou para o público presente no Sesc Esplanada. Na noite de sexta-feira (20), o 15º Fest Cineamazônia homenageou-a com o Troféu Mapinguari.
Esse público era constituído em sua maioria de jovens que nem haviam nascido no período de 1979 a 1983, quando Betty andava de aldeia em aldeia do Povo Suruí, no Parque Indígena do Aripuanã.
Foi para eles o breve discurso feito por quem teve o privilégio de compartilhar da vida desses indígenas antes mesmo do contato na floresta da região de Cacoal.
Betty contou-lhes que chegou a Rondônia, ainda território federal, pelas mãos da antropóloga Carmen Junqueira.
Quando escrevia seus livros a respeito dos Suruís, estes não viajavam para participar das reuniões e assembleias atualmente comuns. Tinham que armar seus arcos, flechas e algumas espingardas presenteadas pelo sertanista Apoena Meireles, para defender as terras invadidas.
“Passamos décadas lutando pelo que lutam agora: os direitos indígenas em geral. E vocês, neste glorioso Cineamazônia, estão hoje com a responsabilidade da arma nova, que é a arte” – disse.
Cautelosa, apelou: “A esperança que nós tínhamos de vencer está mais longe hoje. Talvez vocês não conheçam o que já foi destruído”.
E conclamou: “Vejam os filmes brasileiros, mesmo sabendo que isso não resolverá o tamanho da catástrofe que estamos sentindo e vivendo hoje”.
“Continuem a resistência daquele passado, e com luta!”.
O público aplaudiu Betty Mindlin.
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