Terça-feira, 26 de abril de 2016 - 15h08
A Organização Mundial de Saúde (OMS) premiou o controle da doença nas Américas. Rondônia faz parte desse reconhecimento a esforços inovadores que visam à superação de desafios.
O número de casos da doença no Brasil diminuiu de 613.241 para 143.145, as hospitalizações em 84, e as mortes em 61% desde o ano 2000, promovendo forte coordenação técnica e colaboração em todos os níveis de governo.
Em Rondônia houve redução de 58% no número de casos de malária. A diminuição do número de casos de malária recidiva/recrudescência ficou em 36,2%, revela o perfil epidemiológico do período entre 2008 e 2012, estudado pelo médico infectologista Sérgio Basano, diretor-adjunto do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron), e outros sete médicos pesquisadores.
“Em números absolutos houve redução, sobretudo na última década, porém, o controle de parasitoses segue desafiando”, comentou hoje (25) Sérgio Basano.
MELHOROU
Eles detectaram um total de 238,626 casos de malária. Desse total, 65,6% eram homens e a faixa etária mais prevalente foi a 20-39 anos.
Só o Cemetron atendeu 12.973 casos de malária em 2005. Dez anos depois, em 105, apenas 407. O que, segundo Basano, significa “melhor descentralização no diagnóstico e tratamento”.
A diretora do Cemetron, médica Stella Zimerlli, lembra que, em 1984, chegou a diagnosticar 150 casos durante um plantão de 12 horas no Antigo Hospital Tropical.
A melhoria das condições socioeconômicas de Rondônia e no País pode ter contribuído para a diminuição de casos. “Aumentou o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], o emprego formal, a redução do desmatamento alcançou 70%, e a população de baixa renda beneficiou-se de programas sociais. Isso pode ter modificado o modus vivendi das pessoas”, analisou Basano.
OUTROS MEDICAMENTOS
Outro ganho, segundo ele: em 2008 introduziu-se novo método de tratamento à malária falcíparo, com medicamentos para efeitos adversos, mais suaves do que os antigos produtos à base de quinino e antibióticos [cloroquina e primaquina]. “O coartem, fornecido apenas por órgãos públicos de saúde, foi indicado inclusive para tratamento emergencial”, mencionou.
De acordo com publicação da ONU, o progresso na luta contra a malária desde 2000 resultou na redução da mortalidade pela doença em 58%. Mais de 6,2 milhões de mortes por malária foram evitadas entre 2001 e 2015.
“No entanto, ela continua sendo a principal causa e consequência da pobreza e da desigualdade mundial, pois dificulta o desenvolvimento econômico, enfraquece a segurança alimentar, impede crianças de frequentarem a escola e retém a capacidade de resposta dos sistemas nacionais para responder efetivamente ameaças à segurança da saúde”, alerta o relatório da organização.
PACIENTE TEM QUE RETORNAR
“Mesmo com a queda de aproximadamente 85% do número de casos em Rondônia, as pessoas sofrem as consequências da doença e, se não tiverem diagnóstico rápido, podem ir a óbito”, advertiu Basano.
Segundo Basano, medidas de treinamento devem prosseguir, principalmente em atenção básica. Isso tanto envolve microscopistas quanto profissionais de saúde, na elaboração de diagnósticos precisos para corretas prescrições de medicamentos, e a orientação dos pacientes ao retorno para fazer as chamadas lâminas de verificação.
Plasmodium vivax foi o parasita mais comum (89,8%), seguido por Plasmodium falciparum (9,4%). Uma média de 30,9% dos indivíduos que foram testados apresentaram malária recidiva/ recrudescência.
“Nesse caso, além de se novamente se tornarem doentes, adquirem a condição de reservatório da doença, sujeitando-se a ser fonte de novas infecções”, ele disse nesta segunda-feira.
A Incidência Parasitária Anual (API) foi maior em 2008 e mais baixo em 2012, correspondendo a 42,3 casos e 19,2 casos por mil habitantes, respectivamente.
Portadores assintomáticos também preocupam. Indivíduos imunes à doença, ao se deslocarem para outras regiões, com o aparecimento do vetor, podem iniciar novos focos de malária.
Pesquisas feitas pela Fundação Oswaldo Cruz-RO (Fiocruz) em comunidades da Cachoeira do Teotônio, Candelária e Porto Chuelo, todas em indivíduos na faixa etária entre 30 e 35 anos, detectaram isso. Essas pessoas tiveram o parasita da malária, mas não desenvolveram a doença. Quando jovens, pegaram malária muitas vezes, por isso seu organismo não mais desenvolveu sintomas.
Malaria Champion of Americas contempla esforços de saúde pública na redução dos focos de endemias. Organização Organização Pan-Americana da Saúde, Milken Institute Escola de Saúde Pública da Universidade George Washington, e Centro de Programas de Comunicação na Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health identificam e fornecem meios para aplicação das melhores práticas e histórias de sucesso na prevenção e controle da malária. Segundo o Ministério da Saúde, o prêmio reconhece a resposta ao apelo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas para esforços que diminuíram casos de malária em 76% no mundo.
SAIBA MAIS
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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Ilustração: Selo do Prêmio da OMS
Secom - Governo de Rondônia
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