MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
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Pupunha sem técnica levou à inadimplência plantadores do Acre /CLICKAMAZONIA |
BRASÍLIA – Até 30 de junho próximo, plantadores de pupunha e outras lavouras em estados amazônicos, especialmente no Acre e em Rondônia poderão negociar com o Banco da Amazônia S/A (Basa) os seus débitos com operações o Fundo Constitucional do Norte (FNO). Eles vão se beneficiar do Decreto nº 7.137 (29 de março de 2010) assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O decreto contempla as operações de crédito rural contratadas com recursos do FNO até 28 de fevereiro de 2004. O montante da dívida é de R$ 393,3 milhões, dos quais, R$ 248,3 milhões são operações já em prejuízo. Constatou-se que 93,2% dessas operações têm saldo total inferior a R$ 15 mil.
A inadimplência atingiu a maior parte dos 76 mil contratos feitos pelo Basa, causando a angústia dos produtores. No ano passado, plantadores de pupunha em Sena Madureira (AC) fizeram um abaixo-assinado ao governo, pedindo uma solução para a situação. Eles não tiveram assistência técnica, nem conseguiram planejar suas lavouras.
Governo corrige erros
Pelo jeito o governo federal corrigiu falhas em prejuízo dos pequenos agricultores da Amazônia. Lula sancionou a Lei 12.188 instituindo a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Pnater) e o seu respectivo programa, o Pronater.
Define-se a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) como um serviço de educação não-formal, de caráter continuado, no meio rural, que promove processos de gestão, produção, beneficiamento e comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não-agropecuários, inclusive das atividades agroextrativistas, florestais e artesanais.
Com o objetivo de tornar mais ágil e eficiente o aporte de recursos para o serviço de assistência técnica, a política e o programa mudam a maneira de transferência de recursos para o setor. Pronater e Pnater alteram a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993.
Em vez de estabelecer convênio, como ocorre hoje, exige contratos. Para ser contratada, uma empresa de ATER terá de ser selecionada por meio de chamada pública, mediante edital, de forma a dar mais transparência e eficiência ao processo de concorrência.
Cientistas avançam em clonagem de pupunheira
DANIEL MEDEIROS
Embrapa-RO
PORTO VELHO, Rondônia – Pesquisadores da Embrapa Rondônia publicam nas próximas semanas um protocolo inovador para produção in vitro de clones de pupunheira. Com a técnica, a partir de pequenos pedaços da folha da palmeira os cientistas poderão criar, em um curto espaço de tempo, dezenas de mudas geneticamente idênticas à planta mãe.
O protocolo indica os procedimentos que devem ser feitos em laboratório e vai facilitar o trabalho de melhoramento genético da pupunheira, da qual fruto e palmito fazem parte da culinária típica da Amazônia.
A principal inovação do protocolo é a parte da planta utilizada para dar início ao processo de clonagem, chamada de explante. Foram retiradas pequenas partes da nervura mediana de folhas não expandidas, que ficam no palmito da pupunheira.
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Calo de pupunheira induzido em laboratório /EMBRAPA-RO |
O material foi colocado em meio de cultura e recebeu carga de reguladores de crescimento que atuam de forma análoga a hormônios. Isso resultou no desenvolvimento de calos, formados por células que têm a capacidade de se especializar em diferentes outros tipos de célula e de originar a uma nova planta.
Muito rápido
— Esse explante se mostrou altamente eficiente, tanto que em apenas dez dias já se pôde obervar a indução de calos, o que é um tempo bastante curto — explica o pesquisador Maurício Reginaldo Alves dos Santos, da Embrapa Rondônia, coordenador do projeto.
Ele testou 16 diferentes concentrações de indutores de crescimento. A composição mais eficiente está especificada no protocolo, que é semelhante a uma receita e que pode ser seguida por outros cientistas.
Chamada de propagação vegetativa in vitro ou micropropagação, a técnica é utilizada para clonagem de diversas espécies, porém ainda são poucos os estudos realizados com pupunheira, de acordo com o pesquisador Maurício Santos. Com a descoberta, será possível, a partir dos calos, induzir o brotamento e produzir mudas em laboratório.
Uma das vantagens da micropropagação é a rapidez com que se conseguem os clones. Isso agiliza as pesquisas de melhoramento genético porque se consegue produzir rapidamente populações inteiras de clones para testes em campo. Outro uso potencial da técnica é a produção em larga escala de mudas com alta qualidade sanitária.
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Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)