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Montezuma Cruz

Pesca rende mais que pecuária na Amazônia


 

Criação de tambaqui em tanque escavado chega a 4 toneladas por hectare/ano, rendendo em torno de R$ 8 mil. Isso representa 13 vezes mais a produção da pecuária, com rentabilidade 20 vezes maior.
 

MONTEZUMA CRUZ 
Agência Amazônia  

BRASÍLIA – A luta é silenciosa, mas os números revelam algumas vantagens da produção aqüícola sobre a pecuária na Amazônia: a criação de tambaqui em tanque escavado chegou a quatro toneladas por hectare/ano, proporcionando renda em torno de R$ 8 mil. Isso representa 13 vezes mais a produção da pecuária e com uma rentabilidade 20 vezes maior. 

A informação foi dada esta semana pelo Ministério da Pesca e da Aqüicultura, ao reforçar o Projeto Amazônia Aqüicultura e Pesca – Desenvolvimento Sustentável, lançado no mês passado em Belém (PA). 

– A mesma espécie produzida em tanque rede alcança uma produção de 120 mil kg/ha/ano e gera uma renda de R$ 120 mil/ha/ano, o que representa 400 vezes mais produção da pecuária e com uma rentabilidade 300 vezes maior – constatam técnicos do ministério. 

Mas grande parte dos rios, lagos e igarapés de estados amazônicos têm prejudicada a atividade pesqueira durante o período da estiagem, em conseqüência da obstrução do leito provocada por galhos e até troncos inteiros que se deslocam abaixo das barrancas. 

Pesca rende mais que pecuária na Amazônia  - Gente de OpiniãoNo Acre, um quilômetro ramal (estrada vicinal) asfaltado custa R$ 1 milhão, enquanto um investimento de apenas R$ 100 mil é o suficiente para desobstruir uma extensão de 24 quilômetros de lagos e igarapés no Vale do Purus. A comparação foi demonstrada quinta-feira pelo deputado Fernando Melo (PT-AC) ao ministro da Pesca e Aqüicultura, Altemir Gregolim. 

“Poluição natural” 

O parlamentar, um dos integrantes da Comissão de Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, é autor de emenda individual no valor de R$ 1,9 milhão ao Orçamento Geral da União para 2010, para a limpeza das águas naquela região. 

Dele, o ministro recebeu diversas fotos de águas “poluídas” naturalmente por galhos, troncos de árvores e vegetação em excesso, um fenômeno que se arrasta ao longo dos anos, prejudicando a atividade pesqueira e a navegação. 

– Limpar esses lagos e igarapés é tão importante quanto asfaltar um ramal, e os municípios não têm condições de fazer isso sozinhos – disse Melo ao ministro. Gregolim sensibilizou-se com a situação de pescadores e ribeirinhos, que não têm outra alternativa de transporte senão a canoa e pequenas embarcações. 

– É a primeira vez na história do Acre que se encaminha esse problema – assinalou o ministro. Ele disse que apóia o pleito do deputado e das colônias de pescadores. 

Gregolim recebeu em audiência o deputado, o prefeito de Sena Madureira, Wanderley Zaire (PR), e o presidente da Colônia de Pescadores do Estado do Acre, Charles Guimarães. A eles, passou informações a respeito do censo aqüícola que vem sendo feito na Amazônia. 

– Estamos trabalhando agora no Amapá, junto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde novembro deste ano e até janeiro de 2010 um recenseador visita as propriedades dos aqüicultores no Estado, para constatar a situação da produção e dos produtores que atuam com o cultivo de peixes, algas, camarões, ostras e outros organismos aquáticos no País – ele explicou. A divulgação dos resultados ocorrerá no primeiro trimestre de 2010. 


Pecuária pode se conjugar com aqüicultura
 

Pesca rende mais que pecuária na Amazônia  - Gente de Opinião

Ministro Altemir Gregolim: plano sustentável objetiva produção, assistência técnica, beneficiamento, comercialização e crédito /A.P

BRASÍLIA – Ministério novo, o da Pesca chegou à mesma identificação já feita por outros ministérios, entre os quais o do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todos eles reúnem estudos que apontam a degradação ambiental na Região Amazônica como conseqüência de vários fatores, entre os quais, algumas atividades que não se integram com os ecossistemas. 

Há necessidade de se criar condições para o desenvolvimento. A pecuária extensiva necessita de pastos em lugar da floresta, no entanto, os resultados obtidos com essa atividade não justificam a destruição que vem ocorrendo ao longo dos anos. 

Segundo estudos do Ministério da Pesca, atualmente a pecuária na Amazônia possui cerca de 1,4 cabeças de gado por hectare, o que representa uma renda de R$ 400 por hectare/ano. Mas essa taxa de retorno é de cerca de 70% a 300% a mais do que em outras regiões do País – em São Paulo, por exemplo, que possui tradicionais localidades pecuaristas. 

O retorno de quatro toneladas de peixes por hectare/ano se deve em grande parte a uma conjunção de fatores, entre eles, os preços da terra, relativamente baratos, baixo custo de escoamento da produção e, principalmente, incentivo por meio de linhas de crédito oficiais. 

– Nas derradeiras três décadas, o incentivo financeiro representou um grande estímulo a essa atividade na Amazônia. Nota-se também que a produção aqüícola se mostra bem mais atrativa, levando-se em conta que não há recursos oficiais para seu financiamento – analisa um documento do ministério (M.C.) 


Leite e produção pesqueira, a novidade 

Pesca rende mais que pecuária na Amazônia  - Gente de OpiniãoBRASÍLIA – A diversificação de atividades, sem mudanças na atual produção pecuária é uma das idéias em estudo que poderão ser adotadas pelo plano. Pequenos produtores de leite poderiam conjugar essa atividade com a aqüicultura, interrompendo assim a degradação ambiental. 

Segundo o ministro Altemir Gregolim, os estados amazônicos têm agora a oportunidade de contribuir para a consolidação de políticas voltadas para o desenvolvimento da aqüicultura e pesca. Ele informa que o fortalecimento da integração regional levará em conta consultas prévias e permanente intercâmbio de informações e experiências, além da articulação operacional de planos, programas, projetos e ações que tiverem aspectos comuns em diferentes unidades federadas. 

– Buscamos ainda um modelo de gestão que permita a participação dos países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). As ações contidas no plano visam também a busca de parcerias – ele disse. 

Políticas públicas sob responsabilidade de outras entidades e diálogo entre as parcerias – eis a receita de Gregolim para favorecer o acúmulo de aprendizados, a negociação pacífica das diferenças, a produção conjunta de soluções e a formação de consensos possíveis. 

– A gestão compartilhada e participativa pressupõe um sistema estatístico que inclua dados ambientais, pesqueiros e socioconômicos, articulados ao Sistema Nacional de Informações da Pesca e Aqüicultura – defendeu. 

Associativismo e cooperativismo também terão papel fundamental no desenvolvimento do plano com ações de fortalecimento voltadas para segmentos marginalizados. 

– O foco é a produção, assistência técnica, beneficiamento, comercialização e crédito. Esta iniciativa estimulará a economia solidária para a produção aqüícola e permitirá desenvolver programas regionais baseados em tecnologias apropriadas à região – previu o ministro. (M.C.) 


 Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia  é parceira do Gentedeopinião  

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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