Sexta-feira, 11 de janeiro de 2013 - 08h33
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
A política é igual a nuvem, muda a todo o momento. Ao desembarcar em Rondônia depois dos seus feitos amazônicos em Manaus, o coronel da reserva Jorge Teixeira de Oliveira era visto no Estado Maior do Exército como um oficial de informações que ao mesmo tempo conseguia encarnar o político. Gaúcho de General Câmara, ele alcançou a saga de estradeiro em seu período rondoniense.
Do treinamento de guerra na selva, no Panamá até ser nomeado prefeito de Manaus, Teixeirão foi se transformando. Gaúcho bem ambientado na Região Norte, ele surpreendeu ao chegar ao Território Federal, onde cooptou até mesmo alguns adversários do PMDB. No seu estilo de se fazer presente em mutirões de obras públicas, ele viajou para todas as regiões, mantendo a presença física nos canteiros e mobilizando o PDS, que dele precisava diuturnamente.
Em 1982 ele confiou ao jornalista e proprietário do jornal A Tribuna, Rochilmer Melo da Rocha, a missão de convencer o médico Claudionor Roriz a deixar o PMDB para exercer a linha de frente do PDS com uma “revolucionária linha de trabalho.” Claudionor, comunista, militava há tempos no extinto MDB. Não foi uma fácil missão para Rochilmer, mas também não foi impossível.
Roriz conversou à vontade com Teixeirão, percebeu que poderia ser um socialista e “trabalhar pelo povo”, mesmo pertencendo às fileiras de um governo amparado pelo regime militar. Roriz pressentia que, mais tarde, a abertura política redemocratizaria o País. Elegeu-se senador, junto com o coordenador do Incra Reinaldo Galvão Modesto e o ex-presidente da extinta Arena, advogado Odacir Soares Rodrigues.
O coronel que criou o Comando de Guerra na Selva em Manaus, e deu certo na política seguia em frente, mantendo numa ponta o estrategista Roriz e noutra o seu secretário de Planejamento vindo de Manaus, José Renato da Frota Uchoa. Numa de suas visitas a Ji-Paraná, onde morava o médico Roriz, o governador usou do improviso para garantir à cidade um hospital regional. Ao notar o prédio de uma penitenciária abandonada ordenou que ali mesmo fosse construído o hospital.
Em outras andanças Teixeirão puxava todo o staff para perto de si ao acompanhar o presidente Figueiredo, o ministro extraordinário da Reforma Agrária, general Danilo Venturini, e o presidente do Incra, Paulo Yokota, na entrega de títulos definitivos de posse de terras em Jaru, Ouro Preto, Ji-Paraná e Vilhena.
De conversa em conversa,Teixeirão dizia que após concluir a missão de transformar Rondônia em estado descansaria em Macaé (RJ), onde tinha uma casa. Ninguém acreditava, pois ele não conseguia disfarçar a aliança com o ministro do Interior Mário Andreazza, com quem andava “para baixo e para cima” em inaugurações.
O ministro era um dos postulantes à Presidência da República em 1982. Se Andreazza ganhasse não há dúvida de que realizaria o sonho do governador em ser ministro do Interior. Experiência Teixeirão já acumulava, desde a Prefeitura de Manaus.
Entre outros postulantes, no meio do caminho surgiu o “sempre candidato” Paulo Salim Maluf, de quem algumas vezes Teixeirão fugia, quando ele desembarcava no antigo Aeroporto Belmonte. Numa das vezes, ao saber que o ex-governador e ex-prefeito de São Paulo visitaria Porto Velho, de véspera Teixeirão convocou todo o secretariado para um retiro no município de Costa Marques, no Vale do Guaporé.
Em 1983, durante a inauguração da BR-364, com a presença do presidente João Figueiredo num palanque montado no Trevo do Roque em Porto Velho, ele teve de aturar as vaias dirigidas não apenas a Maluf, mas ao então ministro dos Transportes, Cloraldino Severo, que ousara pronunciar o nome do primeiro. Teixeirão prometera a Figueiredo todo apoio a Andreazza, cuja candidatura acabou antes da sessão do colégio eleitoral que elegera Tancredo Neves, em 1985.
Mas Brasília deu voltas e o mundo também. Tantas voltas que o próprio eleito adoeceu, morreu, e o presidente da Câmara dos Deputados Ulysses Guimarães absteve-se de assumir a presidência, contribuindo para a convocação ao cargo do até então hesitante senador José Sarney.
NOTA
O jornalista e acadêmico Lúcio Albuquerque publicará brevemente “O jantar dos senadores”, em cujas páginas será possível compreender uma série de fatos ocorridos durante a presença de Teixeirão em Rondônia, onde ele recebeu a base municipal organizada pelo antecessor, coronel Humberto da Silva Guedes, e construiu o Estado que aí está.
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