Sexta-feira, 3 de julho de 2009 - 18h53
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
BRASÍLIA – O sociólogo Alfredo Pena-Vega criticou esta semana o modelo de desenvolvimento amazônico, em entrevista a O Estado de S. Paulo. Fez isso no momento em que o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, pediu demissão ao presidente Lula, para retornar à Universidade de Harvard. O que tem a ver a entrevista com a partida de Unger? Apenas uma simbiose, porque ambos analisam as Amazônias na Amazônia, com alguma convicção de que estão certíssimos em seus raciocínios.
Autor do livro “O despertar ecológico”, Pena-Vega colabora há 20 anos com o notável pesquisador e filósofo francês Edgar Morin, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais. Cristina Amorim, do Estadão, indagou-lhe a respeito de uma série de dúvidas que ainda fustigam os debates, notadamente agora, na antevéspera da 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC).
Pena-Vega esteve num seminário na Universidade Federal do Tocantins. Das perguntas do jornal, chamou-me a atenção aquela clássica e sempre dita em simpósios, seminários workshops (reuniões de trabalho) e, vez ou outra, nos muros das cidades: quem manda na Amazônia, alem dos seus coronéis da política partidária? Como se dá a tal soberania?
Obviamente, a jornalista teve o zelo de questioná-lo na condição de profissional bem informada. Assim: Os eleitores mantêm no poder políticos que insistem no mesmo modelo de desenvolvimento. É o caso da Amazônia, onde se repetem erros cometidos em outros países e no sul do Brasil.
Pena-Vega, dizendo-se cidadão do mundo: “Acho que o Brasil tem todo o direito à soberania na Amazônia, mas não tem o direito de fazer o que quiser. A Amazônia é parte do território brasileiro, mas é parte do patrimônio da humanidade. Não é o caso de dizer “nós temos o direito de destruir, porque nós somos soberanos”. Essa é uma lógica – e me desculpe falar assim – muito mesquinha, de curto prazo, porque coloca em perigo a existência da humanidade. As decisões tomadas pelos políticos hoje colocam em jogo as gerações futuras”.
Cristina pondera: mas o Brasil tem direito de se desenvolver como os países ricos. O sociólogo conclui: “Não é porque os países do Hemisfério Norte são responsáveis pelo que está acontecendo hoje que os países do Sul têm de ter a mesma atitude. Os países do Sul têm a oportunidade de repensar nosso destino. Aqui há muitas qualidades que o Norte não tem, muitas experiências que são interessantes. É possível ter uma saída para o problema e ela tem de ser por meio de um pensamento do Sul”.
Peruano lembra Cristovam Buarque
Ouvi na semana passada, na sede da Municipalidad de Coronel Portillo, em Pucallpa (capital da Província de Ucayali), o alcalde Jorge Ulysses Saldaña saudar os irmãos amazônidas do Acre, no encerramento de um encontro político-empresarial Brasil-Peru.
Alguma surpresa ele proporcionou aos visitantes, ao relatar a sua visão da integração amazônica. Disse que retornara de Iquitos, onde tratara de um tema semelhante ao que fora tratado em Pucallpa: a união comercial e cultural entre o Vale do Juruá e Ucayali.
Em defesa de um desenvolvimento “com sentido humanista e racional”, o prefeito revelou ter se inspirado num discurso pronunciado em New York, no ano 2000, pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-reitor da Universidade de Brasília e ex-governador do DF, a respeito da propalada internacionalização da Amazônia.
Um trecho do que disse Buarque: "De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.
“Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado
“Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
“Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país”.
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e do OpiniãoTV.
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