MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
RIO BRANCO, AC – Um dos mais importantes aqüíferos da Amazônia poderá garantir à capital acreana 2,8 milhões de litros, prevêem estudos do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), antiga Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais. Enquanto não ocorre essa maravilha, o Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) gasta R$ 835 mil mensais para tratar a água captada do Rio Acre e do Igarapé Judia.
Suficiente para abastecer cerca de 1 milhão de pessoas, a reserva estimada só se tornará oficial após a conclusão desses estudos, informou à Agência Amazônia o diretor-técnico do Saerb, engenheiro civil Semy Alves Ferraz. O aqüífero localiza-se numa faixa intermitente de cerca de 180 quilômetros entre o Riozinho do Rôla e a Área de Preservação Ambiental (APA) do Amapá. Segundo o engenheiro José Otávio, do Plano de Gestão, as chuvas alimentam essa imensurável reserva.
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Ferraz: capital acreana gasta R$ 835 mil para tratar a água /M.CRUZ
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Já foram feitas quatro perfurações: uma na Estação de Tratamento de Água (ETA) Judia, próxima ao igarapé com o mesmo nome; outra no terreno de captação, a 50m desse igarapé; outra no Centro de Reservação de Santo Afonso; e outra na Via Verde, próximo ao novo Pronto Socorro.
Esses poços, que já podem ser usados, responderiam por 5% do abastecimento da cidade, atualmente com 314 mil habitantes. O Saerb constatou alto teor de ferro no Centro de Reservação Santo Afonso, o que exigirá tratamento. O reservatório para 4,5 milhões de litros foi incluído nas obras custeadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "A licitação obedece ao rigoroso acompanhamento dos períodos de estiagem e chuvas", disse Ferraz.
De acordo com Ferraz, cada poço deverá ter uma vazão de aproximadamente 30 mil litros/hora, ou 720 mil litros/dia. Atualmente, Rio Branco produz mil litros por segundo, ou 70 milhões de litros/dia. Calcula-se que entre 65% e 70% da cidade sejam abastecidos. A meta prevista com os novos poços é de pelo menos 95%.
"Teremos uma água barata, de baixo custo, porque só exige a cloração", comentou Ferraz. Hoje o Saerb gasta cerca de R$ 300 mil com produtos químicos usados na depuração, encarecidos em conseqüência do transporte. Os floculantes vêm de São Paulo, a 3.604 quilômetros. Quando a autarquia retirar os floculantes da sua planilha de custos, economizará esse dinheiro. A conta mensal de R$ 500 mil de energia elétrica também é cara e pode ser baixada para R$ 100 mil, estimou o diretor.
Para clorar a água destinada a 35 mil economias (que atendem a 39 mil consumidores), o Saerb investe R$ 35 mil mensais. Mas a dor de cabeça maior é decorrente das 15 mil ligações clandestinas ("gatos"), que superam em mil o atual número de ligações de esgoto: 14 mil. Estão previstas obras de esgotos para os bairros Areal, Gameleira, Mauri Sérgio, Santa Terezinha, Seis de Agosto e Triângulo Velho e Triângulo Novo.
Primeiros estudos têm dois anos
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RIo Acre comporta estudos de seca, estiagem e chuvas /SÉRGIO VALE
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RIO BRANCO – A velha captação está ameaçada pela seca no rio Acre, um fenômeno ocorrido em 2005 e com perspectiva de se repetir, segundo especialistas do setor. Os primeiros estudos do SGB sobre o adensamento populacional no entorno do Igarapé Judia são de fevereiro de 2007, quando a pergunta básica foi: qual a relação do aqüífero com o Rio Acre? A 20m de profundidade, ele realimenta o rio, mas em algumas áreas da cidade as águas estão a 70m e 80m, o que aumenta a reserva d'água.
Por apresentarem grande quantidade de sedimentos em suspensão, principalmente argila e areia fina, as águas do rio Acre e do Igarapé Judia têm características semelhantes, constatou o Saerb. Outro aspecto que chamou a atenção dos técnicos foi a coloração esverdeada da água bruta e a necessidade de tratamento. "Ela possui valores elevados em qualquer época do ano, resultantes da decomposição orgânica vegetal. Mas esses colóides orgânicos não representam qualquer risco à saúde".
Criado em 1997, o Saerb substituiu a Companhia de Saneamento do Estado do Acre (Sanacre), fechada por déficit financeiro. Informações sobre análises bacteriológicas e qualidade da água de Rio Branco podem ser obtidas pelo telefone 0800 647 0195, ou, diretamente, na sede da autarquia, na rua Marechal Deodoro nº 347, centro. (M.C.)
Como funciona o abastecimento
CAPTAÇÃO E ADUBAÇÃO – A água que abastece Rio Branco sai do Rio Acre e do Igarapé Judia. É bombeada e transportada por tubulações até as ETAs.
COAGULAÇÃO E FLOCULAÇÃO – Na ETA, a água do rio recebe um produto químico chamado coagulante. Ele faz as impurezas se aglutinarem, formando flocos, separando-se da água.
DECANTAÇÃO – Em grandes tanques parecidos com piscinas, os flocos vão para o fundo, por serem mais pesados que a água. Assim, permite-se que a água escoe pela superfície.
FILTRAÇÃO – Nessa etapa a água passa por elementos filtrantes que retêm os flocos menores, permitindo uma água limpa, mas ainda imprópria para consumo.
DESINFECÇÃO – Com a adição de cloro, eliminam-se os microoorgansmos nocivos à saúde. Assim, garante-se que a água fique livre de bactérias até chegar ao consumidor.
FLUORETAÇÃO – É a adição de flúor na água para prevenção de cáries dentárias na população.
RESERVAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO – A água tratada é armazenada em grandes reservatórios, distribuídos estrategicamente pela cidade. Por meio de tubulações e estações de bombeamento, ela chega às residências, ao comércio e à indústria. (M.C.)
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedopinião e do Opinião TV.
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